AGORA QUALQUER PALAVRA, AÇÃO OU MANIFESTAÇÃO …

Controlar a boca, conter emoções e não disparar declarações definitivas, são precauções e controles que um governante precisa levar em conta e, se policiar, para não se perder! Tudo o que um homem público fala é, detalhadamente, examinado e, avaliado criticamente, não só na perspectivas do impacto sobre variáveis econômicas e sobre as políticas internas. No caso de um dirigente nacional, o impacto pode ser, inclusive, sobre o que pode afetar o Brasil mundo afora, pois que, qualquer coisa pode ter implicações significativas sobre os interesses nacionais, no contexto das relações internacionais. O mercado reage de maneira pronta e quase imediata bem como os dirigentes e a mídia das outras nações reagem de modo direto considerando, particularmente, os interesses em causa.

Ademais, em função do bombardeio crítico das oposições, notadamente dos petistas, sobre a figura de Bolsonaro — “despreparado, violento, agressivo e sem compromissos com causas maiores defendidas pelas sociedades civis modernas!”— a avaliação do resto do mundo sobre o que vai ser do Brasil daqui por diante, atualmente, não é das mais lisonjeiras. Ou seja, é quase impiedosa e, extremamente negativa, a avaliação  que se faz sobre o País e, particularmente, sobre  o que, imaginam, irá ser o  governo do novo mandatário da nação.

O quadro que se pinta do Brasil lá fora, nos dias que correm, é dos mais negativos e pessimistas, destoando quase que, completamente, do que aqui, de fato, ocorre e acontece. Os petistas fizeram “um excelente” trabalho de desconstrução do País dentro da sua tese do quanto pior, melhor. Agora caberá a Bolsonaro encontrar um chanceler com trânsito, credibilidade internacional e competência técnica para reverter tal imagem,  notadamente quando o Ministro da Economia está apostando as suas fichas nas privatizações, na descentralização das ações do estado, na desburocratização, na simplificação e na promoção de investimentos nacionais e internacionais.

A quase frenética ação de Bolsonaro e dos que o cercam, revela quais as alternativas que o novo presidente está priorizando. A insistência na reforma da previdência social, as escolhas dos auxiliares para o novo governo e algumas decisões sobre políticas publicas, começam a definir os contornos de um governo que já vai se esboçando. Se as máximas utilizadas pelo próprio presidente forem postas em prática, o Brasil poderá iniciar um ciclo virtuoso de dinamismo e crescimento. E quais são tais máximas? A primeira diz respeito aquilo que é a síntese de toda uma proposta de descentralização e de descompressão nacional que é o “menos Brasília e mais Brasil”. A segunda diz respeito a redução do tamanho do estado e de seu intervencionismo excessivo, notadamente na economia, quando proclama “menos estado e mais povo ou mais sociedade civil”!

É notório que tais grandes objetivos não são fáceis de serem alcançados porquanto existem muitos interesses em jogo e a tendência do poder é não abrir mão de sua capacidade de decidir. Ou seja, o poder gosta do centralismo, da complicação burocrática e da lerdeza na tomada de decisões como forma de valorizar o seu papel e o seu trabalho. As pessoas, com certeza, se revoltam e se angustiam com tais atitudes mas, acabam tendo que conviver com a frustração e o desencanto e, às vezes, até revolta. Elas hoje sabem que depois que alguém assume o poder, mesmo que tenha prometido liberdade, participação e mudanças estruturais relevantes, dificilmente terá a humildade de entender que a descentralização e a descomplicação são elementos cruciais para o aumento da eficiência e da legitimidade do próprio poder e de quem o exercita.

A proposta de reduzir praticamente a metade o número de ministérios não apenas representa algo impactante e de relevante valor  simbolico  como pode melhorar o desempenho  operacional da máquina de governo em face dos ganhos em relação  à eficiência e competitividade de suas ações. Ademais, tal decisão deverá melhorar a integração, a coordenação e a eficiência das ações do poder público.

Claro que certas declarações, vistas como inusitadas e politicamente quase que, inaceitáveis,  representam a honesta  expressão da vontade do Presidente eleito embora devam ser contidas. Aliás é isso que ora faz Bolsonaro, sendo mais conciliador pois ele, com os 27 anos de vivência no Parlamento, tem consciência de que a mera verbalização de ideias e intenções não bem digeridas, pode gerar problemas, até mesmo  para a convivência internacional do Brasil, para os seus negócios e para os acordos bilaterais, já em curso. Como exemplo mais significativo basta mencionar a declaração sobre a idéia de mudar a embaixada brasileira de Israel para Jerusalém. Tal fato, aparentemente de pouca relevância, provocou uma enorme reação do mundo árabe,  um dos maiores compradores de commodities brasileiras. Assim, todo cuidado é pouco diante da complexidade de interesses envolvidos quando da manifestação de idéias e de intenções.

Não obstante tais fatos ou circunstâncias, as escolhas já anunciadas de pessoas que comporão o quadro de auxiliares do Presidenete, mostra a coerência em buscar figuras identificadas com o perfil e a formação político-ideológica de Bolsonaro,  embora sem prejuízo  do profissionalismo requerido e da qualidade técnica cobrada daqueles recém-anunciados.  Até agora nenhum dos nomes sugeridos ou apresentados,  surpreendeu, negativamente, a não ser para os opositores mais ferrenhos do Presidente. Também a priorização de questões fundamentais já explicitadas até agora,  não foge daquilo que analistas do quadro econômico-social e político do País estabeleceriam como seus principais alvos.

Assim, até agora, o Presidente não demonstrou atitudes e comportamentos que frustrassem os seus eleitores e que comprometessem as expectativas da maioria do brasileiros sobre os caminhos a serem seguidos pelos seus auxiliares diretos na construção de uma estratégia de governança e de desenvolvimento requerida pelo País. Ademais, a própria linguagem usada por Bolsonaro e a própria atitude de recuar em opiniões e idéias já expendidas como foi o caso de juntar os ministério da agricultura e do meio ambiente que, diante da reação de seus próprios apoiadores da bancada ruralista, voltou atrás e manteve os dois órgãos.

Ou seja, Bolsonaro mostra moderação, ponderarão e capacidade de ouvir e de conciliar para que a estrutura de força e poder da sociedade aposte na sua capacidade de fazer um governo que mire nos objetivos permanentes da sociedade civil brasileira.

 

 

 

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