BRASIL, PARA ONDE VAIS?

As  especulações são as mais variadas e, para todos os gostos e propósitos! Elas principiam com o que se admite possa vir a ocorrer neste fechar do pleito ou de campanha, onde as agressões e, de uma certa maneira, a baixaria, que não se esperava tivesse presença garantida nestas eleições, pudesse vir a dar o tom final da epopéia. Espera-se,  ainda, que as agressões não passem de acusações menores da dimensão do chamado “kit gay”, que nada de mais sério e grave, prospere! Na verdade, quando se fala em expectativas relacionadas a idéias e propostas, é bom que se diga que, “pelo andar da carruagem”, praticamente pouco se pode falar pois sequer existiram manifestações  populares de grandes grupos ou, até mesmo, de pequenos mas barulhentos segmentos da sociedade, de apoio a este ou a aquele candidato e nem sequer discutiu-se e, discute-se nas ruas, alguma proposta ou idéia polêmica, colocada por qualquer dos contendores.

Isto porque o próprio processo politico-eleitoral, a postura, o discurso dos candidatos e o clima que predomina no meio da sociedade, não deram espaços para que alguma coisa provocasse, sensibilizasse, intrigasse ou levasse a confrontos de ideias e de opiniões, entre. os  grupos litigantes. Na verdade, nem os contendores despertam paixões, nem os seus partidos sensibilizam o eleitorado para qualquer mobilização e nem alguma coisa acontece ou é dita que provoque reações dos grupos eleitorais espalhados pelo País afora. Como não surgiram propostas interessantes ou, pelo menos polêmicas ou, até mesmo, exóticas, a tendência natural do eleitorado é a apatia, o desinteresse e a falta de convicção de que alguma coisa, de fato, possa vir a ocorrer no País. O sentimento é que as coisas continuarão do jeito que estão e que nada irá mudar pois os próprios representantes a serem eleitos farão sempre  “o mais do mesmo”!

Até mesmo um possível “aquecimento do pleito” que seria esperado para ocorrer na última semana, ao deparar-se com uma disputa praticamente definida e com modestíssimas possibilidades de mudanças, a tendência é esse marasmo, esse desencanto e essa apatia com os destinos do País. Ademais, como se prevê, “por detrás do pano”, os vários participantes do pleito — governadores eleitos,  candidatos a governos em disputa, líderes perdedores, entre outros — já buscam os possíveis pretendentes e já negociam a sua participação no futuro governo. Ou seja, mesmo que Bolsonaro e Haddad digam, aos quatro cantos, que “não negociam com os atuais partidos políticos”, na verdade tais entendimentos e acertos já se fazem de forma muito intensa, com grupos organizados da sociedade civil, como é o caso  dos evangélicos, da bancada ruralista, da bancada “da bala”, da bancada das associações comerciais, etc, além de acertos com lideranças políticas expressivas dos estados, derrotadas ou vitoriosas no último dia 7!

A movimentação de tais grupos e/ou personalidades de expressão da política dos estados têm sido bastante intensa, indicando adesões de grupos e blocos aos candidatos,  particularmente a Jair Bolsonaro, porquanto os índices alcançados por ele nas pesquisas de opinião, levam a sociedade a acreditar que ele é o provável vencedor do pleito do dia 28 próximo. Caso se concretize a vitória de Bolsonaro, parece que dias bons para os petistas e o seu partido não existirão, nem tampouco para os seguidores de Haddad e o que sobrou da esquerda no País. No entanto, ‘e fundamental registrar que o PT conseguiu algo inusitado. Com todo o seu desgaste e com o seu líder maior preso, conseguiu fazer a maior bancada da Câmara e mostrar-se um partido de expressão nacional, embora ” getificado”  pois que ficou restrito, como expressão eleitoral maior, ao Nordeste brasileiro. Além desse processo de desocupação de espaços outrora ocupado pelos petistas, máxime nas estruturas de poder, tanto a nível federal como nos estados, observar-se-á, também, em consequencia, uma migração de governadores e dirigentes petistas para as proximidades do poder ou do que se denomina de “amigos do poder”.

Quanto ao futuro do País, acredita-se que algumas propostas serão já encaminhadas por Haddad ao atual Presidente Michel Temer que se dispôs a “tocar” algumas reformas institucionais nesse período que lhe resta à frente do poder. Assim a proposta de reforma da Previdência, algumas reformas do estado e uma tentativa de refazer o pacto federativo revendo a política fiscal e tributária, além de uma revisão crítica da política de gasto público e dos estranhos e incompreensíveis incentivos e subsídios distribuídos, insensatamente e irresponsavelmente,  a tudo e a todos, deverão ser objeto de preocupação inicial quanto à sua manutenção, eliminação ou revisão crítica da sua plausibilidade e necessidade. É claro que temas tradicionais como a reforma política, o fim da reeleição, a redução do número de parlamentares e outras coisas pontuais,  já estão sendo colocadas. Ademais reformas na educação, máxime na educação de base, na universalização da saúde, tambem  deverão ser sugeridas.

Em verdade, a população, mesmo com esse ar de enfado e de cansaço que mostra toda a sua descrença, ainda alimenta a idéia de que um novo presidente deve, em primeiro lugar, buscar retomar o crescimento econômico necessário para que possam crescer as expectativas e possibilidades de geração de emprego. Isto não será fácil poi requer uma reforma do estado, reduzindo-lhe o tamanho e a excessiva presença em atividades onde seria totalmente dispensável a sua atuação. As coisas que mais angustiam a todos, além da questão do emprego e da recuperação da renda pessoal reduzida pela crise, são a insegurança ao ir e vir dos cidadãos como um todo; a incerteza quanto ao amanhã ou quanto ao seu futuro e dos seus e a péssima qualidade dos serviços públicos essenciais. Claro que a questão das drogas, a incapacidade de lidar com o menor infrator, a esperteza que domina as relações entre os cidadãos e entre os mesmos e o estado, além da lerdeza e da desigualdade no acesso à justiça, são outros pontos vocalizados pelas pessoas quando consultadas sobre o que mais lhes atormenta.

Mesmo com o pessimismo que domina a tudo e a todos, o cenarista, excessivamente otimista, ainda acredita que seja o Brasil capaz de retomar o seu dinamismo econômico e voltar a ser o país otimista e entusiasta para com o seu amanhã. Não que ele ponha fé em algum “Salvador da Pátria”! Isto não estaria em suas cogitações. Nem também que as coisas ocorreriam por milagre. Mas, fundamentalmente, na crença nas suas instituições, notadamente aquelas que compreendem o tecido vivo da sociedade que, com certeza, não estão satisfeitas com o marasmo, o desentusiasmo e a descrença que domina todas as relações interpessoais. Muito gente acredita que, enquanto a economia paulista tiver peso, força e dinamismo; enquanto o agronegócio continuar crescendo e aumentando a sua competitividade; enquanto o Centro-Oeste continuar com a sua expansão e dinamismo; enquanto as áreas de fronteiras mostrarem a capacidade de se transformarem, bastaria que as políticas governamentais não atrapalhassem a iniciativa e criatividade dos empreendedores. Os micro e pequenos negócios e o empreendedorismo individual, com um pouco de apoio e de estímulo, poderão gerar milhões de empregos e aproveitar milhares de oportunidades de negócios.

Não é preciso milagres ou a mão de algum gênio para mudar os caminhos do País. Basta um estado menor, uma elite governamental com um mínimo de compromisso com a sociedade civil e uma classe política mais consciente de seu papel e de sua responsabilidade, capaz de entender os riscos de permitir que a temperatura de insatisfação e de descrença do povo vá a limites intoleráveis e incontroláveis, para que as coisas melhorem. Nada de demagogia barata mas, tão somente, a proposição de caminhos que a população tenha a certeza de que levarão as coisas a mudar e irão, com certeza, melhorar sua qualidade de vida!

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *