QUE SERÁ, SERÁ!

Os brasileiros, mesmo com todo o desânimo, o desinteresse e a indignação com a frustração de seus sonhos e de suas esperanças, irão para as urnas definir a quem caberá conduzir os seus destinos. Essa, sem duvidas, é a mais chocha, a mais fria e a mais sem sabor e sem entusiasmo eleições gerais que o país já enfrentou. A crise que se abateu sobre os brasileiros, que já dura quase cinco anos, tirou empregos, reduziu sonhos, matou esperanças e levou a um estado de quase revolta como nunca se viu no Brasil a ponto de, em pesquisa internacional recente, o Brasil, que sempre foi uma espécie de paradigma do entusiasmo e do otimismo, situar-se, agora, como o sétimo país mais pessimista do mundo!.

E o “mood” do eleitorado reflete este estado de ânimos onde ninguém mostra interesse por nada e nem por ninguém. Ademais, o quadro nacional mostra o domínio da mediocridade onde, em nenhum segmento surge alguma liderança que  arranque sentimentos, mexa com emoções e denote qualquer interesse ou preocupação com qualquer problema, idéia ou tema. Na verdade, nem no clero, nem na mídia, nem na intelectualidade, nem no sindicalismo, nem no empresariado e, principalmente na classe política, surge ou surgiu alguém ou alguma ideia capaz de atrair as atenções de quem quer que seja.

Vive-se esse quadro de total alheamento com o que quer que esteja ocorrendo no País. Pelo contrario, ninguém se sente satusfeito  em apenas registrar a sua insatisfação mas, mostrar indignação e revolta! Ocorre algo preocupante no comportamento da sociedade que é o total desrespeito para com entes e homens públicos chegando a ocorrer agressões verbais e até tentativas de agressões físicas como aquelas enfrentadas pelo Ministro Gilmar Mendes, tanto aqui como em Portugal, onde ele foi assediado e ofendido por transeuntes que carregam esse sentimento de insatisfação, de queixa e de revolta com o “status quo” experimentado pelo Brasil.

E é nesse ambiente e subordinado a essas contingências que os brasileiros são convocados para decidir os rumos do País. E, não é apenas algo difuso como é a expressão “destinos do País” mas, os destinos de seus estados e a definição de seus representantes mais diretos. Como sói ocorrer em pleitos dessa natureza e dessa dimensão, a escolha do candidato a Presidente torna-se a questão que, emocionalmente, mexe com mais sentimentos e envolve mais a mídia. Chega-se agora a definição de quem deverá conduzir o País.

A eleição pode, embora remotamente, decidir-se no primeiro turno. A onda anti-petista e o sentimento de que é preciso mudar as coisas e os caminhos percorridos até aqui, abrem perspectivas para um outrora obscuro pretendente ao cargo de Presidente nessa eleição tão insossa.  Jair Bolsonaro, o deputado militar, de discurso conservador e pobre de idéias, ocupa situação privilegiada, com quase 40% das preferências eleitorais, podendo até surpreender com uma vitória no primeiro turno. O seu concorrente, que representa os últimos gemidos do moribundo petismo, é o ex-prefeito de São Paulo, sem charme e sem carisma, representando, mal e porcamente, o lulismo. É fundamental registrar que, muito remotamente, pode ocorrer uma inusitada e inesperada mudança de quem disputaria o segundo turno com Bolsonaro, podendo numa hipótese muito remota, surgir a figura de Ciro Gomes!

Por que Bolsonaro chegou a situação tão privilegiada? Primeiro porque Bolsonaro, há três anos atrás, teve a ousadia de dizer que, “se ninguém quer disputar, eu vou me lançar”, na época, candidato a Presudente. Nessa mesma circunstância ele não foi muito levado a sério. Diante disso, defendendo idéias vistas até como retrógradas e exóticas, o que ocorreu foi que para um público revoltado e indignado, Bolsonaro conseguiu se definir como a voz que representava os sentimentos de “anti- petismo e de anti o que ai está”!    

Ou seja,  Bolsonaro virou onda e, nesse embalo, já com apoio amplo e quase irrestrito das Forças Armadas, foi beneficiado até mesmo pelo impacto do atentado por ele sofrido quando a atitude novelesca do brasileiro, levou a uma onda de solidariedade com alguém vitimado por um facínora a quem se procurou atribuir ser ele era um instrumento a serviço dos interesses do candidato petista ou não! 

Dentro da sua estratégia de que não se alinharia com os partidos “que aí estão”, começou a construir alianças e parcerias com frentes parlamentares como a bancada ruralista, a evangélica, a da bala, além de outras menos expressivas. Assim, de forma indireta e não fugindo ao discurso de se manter distante dos partidos tradicionais, constrói pontes para garantir a sustentação ou o respaldo parlamentar necessário para aprovar matérias cruciais ao seu governo, caso seja eleito. Ou seja, se se somar os Parlamentares das bancadas ruralista, evangélica e da bala, representa uma base segura e sólida capaz de permitir atrair o apoio dos tradicionais políticos governistas,  por formação e por opção. 

Assim, daqui a pouco, as definições ocorrerão e, diferentemente do que pensam muitos, dificilmente acontecerão surpresas no curso das preferências populares, na opção pelo voto útil e na quantidade de votos nulos e brancos ou no surgimento de algo espetacular, que pudesse promover uma mudança de cenário e de perspectivas eleitorais.

Nada disso é passível de ocorrer. O ambiente, as circunstâncias e o quadro de crise existencial em que está mergulhado o cidadão brasileiro, não dá margem para qualquer coisa que fuja a tais padrões de comportamento. Isto porque, mesmo buscando se apropriar de tais circunstâncias, nenhum movimento ou grupo de poder, tentou se apropriar de tais circunstâncias e plantar novos caminhos e alternativas para o País.

O único fato a lamentar é que as eleições deixaram de ser una festa e o momento de exaltação maior daquela que seria a festa maior da democracia. Hoje, ao invés de festa parece mais um velório onde só lamentações e queixas são as manifestações mais frequentes! É uma pena!

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