“IT’S THE ECONOMY, STUPID.”
O processo de deterioração das contas externas do país remete os brasileiros para um problema que sempre foi o calcanhar de Aquiles da economia nacional: os desequilíbrios externos. O “rombo” já verificado em dezembro do último ano – 5,9 bi – e em janeiro de 2010 – 5,5 bi – no balanço de transações correntes, anuncia um ano de possíveis dificuldades para o Brasil.
Espera-se que, se em 2009, o déficit a ser financiado, através da entrada líquida de capitais externos, ficou acima das expectativas do Banco Central mas, graças a um bom ingresso de recursos externos, foi financiado pela entrada de mais de 25 bilhões do dólares quando o déficit estimado era de 20 bilhões, em 2010 o valor esperado do déficit deve alcançar 40 bilhões de dólares.
Claro está que diante da recuperação da economia nacional, que deverá crescer entre 5 e 6,5%, além do aumento da confiança dos investidores externos no país, a expectativa dos analistas é que ingresse cerca de 45 bilhões de dólares o que, certamente, permitirá cobrir o déficit aguardado.
Mas, na esteira de tal rombo nas contas externas, não apenas deprecia-se o Real, encarecem as importações e são pressionados os preços internos, levando a que o Banco Central venha a ser obrigado a elevar as taxas básicas de juros. Com isto reduzir-se-á a competitividade dos negócios, ampliar-se-á a relação dívida interna/PIB e, consequentemente, aumentar-se-á o déficit fiscal do país.
O cenário econômico ainda ficará um pouco mais comprometido pelo inesperado resultado da geração de emprego de dezembro último e, também, do ano de 2009 como um todo, no que diz respeito aos empregos com carteira assinada. Foi negativa a geração de empregos, no último mês de 2009 e, com isto, o que se esperava de alcance de uma meta de um milhão de postos de trabalho, chegou-se a pouco mais de 945 mil empregos, número apenas superior ao atingido em 2003, que foi de cerca de 645 mil postos de trabalho.
Além disso, para aumentar os desafios na área econômica em 2010, o superávit fiscal, que já chegou a alcançar 4,73%, não deverá chegar a 2,5% este ano o que, sob todos os aspectos, é uma cifra que aumenta as inquietações dos gestores da política econômica nacional.
E, para complicar as coisas, 2010 é um ano de eleições, eleições essas quase gerais, onde a irresponsabilidade fiscal tem sido a marca maior dos governos, em todos os níveis, para garantir suas posições de poder.
É, 2010 pode ser um ano de bom desempenho na economia, mas, com certeza, deixará marcas profundas para o próximo governo no sentido de reorganizar as finanças públicas, ajustar o câmbio e tentar manter a taxas de juros básicos, em limites suportáveis.
Será que neste ano, a sucessão presidencial se subordinará ao princípio do marqueteiro de Bill Clinton, James Cargill, de que a economia determinará o resultado eleitoral? Se assim for, da forma com que as expectativas da população de baixa renda imaginar que as coisas caminharão, o governo pode se sair bem ou pode se sair “talqualmente” Michelle Bachelet!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!