40 HORAS, UMA QUESTÃO COMPLICADA!

Ninguém, em sã consciência, poderia colocar-se contrário a qualquer conquista dos trabalhadores. Na verdade, se se examinar a situação, em termos de carga horária de trabalho, na grande maioria das nações desenvolvidas, o tempo de trabalho semanal gira no entorno das quarenta horas.

Mas, no caso brasileiro, tem sentido estabelecer-se como regra geral tal regime? Será que micro e pequenas empresas e as pequenas prefeituras terão estrutura para aguentar mais esse encargo? Será que a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais não produzirá e induzirá a um aumento da informalidade e, consequentemente, menos pessoas com carteira assinada na economia nacional? E, o que pensar da competitividade dos produtos nacionais vis-à-vis de produtos chineses, por exemplo, que hoje são colocados no mercado brasileiro por valores que alcançam até um terço do valor do similar nacional?

A proposta, necessariamente, parte dos sindicalizados que já fruem desse privilégio, no caso, bancários, professores, metalúrgicos e outras categorias melhor organizadas do centro-sul do País. Mas, tais líderes de trabalhadores, por acaso, procuraram verificar qual seria a prioridade de conquistas destes valorosos companheiros que não dispõem de um sindicato forte para defendê-los?

Ao que parece, considerando que em uma cidade como São Paulo, os trabalhadores gastam cerca de quatro horas para ir e voltar ao trabalho, será que, para esses, não seria melhor que o transporte de massa intermodal pudesse reduzir tal tempo de viagem de quatro horas para, por exemplo, uma hora para ir e para voltar para o trabalho, não seria uma notável conquista? Será que lutando por um trabalho mais profundo e sério em termos de enfrentamento da violência urbana, não estariam contribuindo muito mais para a tranquilidade e o bem-estar de tais trabalhadores e suas famílias? Será que, se colocassem toda a sua força política para que as prefeituras, junto com os governos estaduais, garantissem os terrenos para o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida não estariam, não apenas garantindo um direito social fundamental aos trabalhadores, mas contribuindo para o aumento da produtividade de tais trabalhadores e para o aumento da eficiência das empresas e maior competitividade de seus produtos?

Parece que está chegando a hora de acabar com propostas demagógicas, inviáveis e irresponsáveis que, inadvertidamente, alguns trabalhadores acham que elas podem acontecer. Não sabem eles que elas representam uma inviabilização do seu atual emprego e o fim da esperança de muitos que estão no aguardo de uma oportunidade de trabalho condigna.

Ano eleitoral é assim. Todo mundo aproveita para as propostas mais levianas possíveis.