DEU A LOUCA NO MUNDO!

Enfim, como era esperado, o tom da disputa presidencial está se elevando  a níveis extremos. Depois das declarações de Fernando Henrique Cardoso, de que Dilma era reflexo de um líder e que não tinha competência e nem experiência, no início da semana foi a vez dos senadores do PSDB reforçarem as críticas à candidata do PT à sucessão presidencial. O início de tais ataques surgiu quando de entrevista  recente, nas páginas amarelas, da Revista Veja, do Presidente Nacional do PSDB, Senador Sérgio Guerra (PSDB/PE), quando ali, foram expendidas críticas ao PT e a própria Dilma.

Não resta a menor dúvida de que as reações do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso são fruto de uma certa angústia de assistir, passivamente, a acusação de “herança maldita” que Lula diz ter recebido do seu Governo, numa acusação à incompetência do PSDB e de seu governo, indicando que nada foi produzido nos oito anos de mandato dos tucanos e insistindo no sentido de estabelecer a disputa presidencial na comparação do período lulista com o período anterior. Na verdade, não se sabe se a reação de FHC é uma inquietação diante da passividade das oposições em face da campanha aberta de Dilma e Lula, sem qualquer reação do PSDB, ou, apenas, um intelectual já octogenário, se achando injustiçado pelos seus pares não defenderem a sua biografia.

Assim, as oposições resolveram sair da toca, contrariando a opinião de José Serra, que queria adiar, o mais que pudesse, o embate e o desgaste de acusações e agressões dos petistas. Na última terça-feira, o Senador Tasso Jereissati elevou o tom das críticas chamando a Ministra da Casa Civil de “liderança de silicone” por ser, segundo ele, “bonita por fora, mas falsa por dentro.” Seguindo a mesma linha do senador cearense, o Senador Jarbas Vasconcelos (PMDB/PE) e a Senadora Marisa Serrano (PSDB/MS), chamaram-na de Frankenstein e de boneco de ventríloquo, respectivamente, além de ter sido acusada pelo Senador Sergio Guerra de não pensar, apenas reproduzir o que Lula pensa e quer.

A idéia do Senador Tasso Jereissati era a de contestar os números apresentados pelo governo sobre o PAC. Segundo ele, o governo tem incluído investimentos com recursos privados como se fora esforço de governo e, além do mais, a execução orçamentária é pífia. “Essa mentira que foi colocada pela Ministra, não pode ficar passando como verdade e, de novo, essa liderança de silicone que está sendo construída, falsa por dentro e bonita por fora, sem dúvida nenhuma, precisa começar a ser desmascarada”, afirmou Tasso. Aliás, Dilma poderia agradecer o elogio de Tasso ao chamá-la de “bonita por fora”, fato que não representa pensamento unânime sequer entre os petistas.

Acusado de preconceituoso pelo Senador João Pedro (PT/AM), Tasso lembrou que quem baixou o tom do debate foi o próprio Presidente Lula, ao chamar o Presidente do PSDB de “babaca”, mesmo que, na reunião em que estabeleceu tal adjetivo a respeito de Sérgio Guerra, tenha advertido os seus ministros de não entrarem no jogo das agressões verbais da oposição. Embora, ele mesmo, ao final de tal admoestação, tenha escorregado e caído na esparrela montada por ele mesmo.

Como se tais entreveros não bastassem, lá do Ceará, Ciro, embora sendo aparentemente cortejado pelo comando da campanha de Dilma, dispara os seus “exocets” contra o PT e chama a atenção para a inexperiência, a falta de liderança e a falta de propostas e idéias da candidata presidencial além de ter reagido, ao lado do irmão governador, de maneira bastante dura, a interferência, considerada indevida, de José Dirceu na política do Ceará.

E, por incrível que pareça, o Deputado Eunício Oliveira (PMDB/CE), pretenso candidato a Senador na coligação PSB/PT/PMDB, não querendo perder a oportunidade de produzir uma frase infeliz, acende,  ainda mais, o conflito que já estava instalado entre o PSB e o PT do Ceará, em face de divergências entre a Prefeita e o Governador, dizendo que “quem tem um metro e meio de altura não pode querer um figurino para quem teria o dobro da altura”, como resposta a pretensão do PT de indicar candidatos a senador e a vice-governador na coligação comandada por Cid Gomes. A angústia de Eunício é por conta das pesquisas de opinião que mostram um pífio desempenho dele frente ao desempenho de Tasso Jereissati e de Lúcio Alcântara. Na verdade, sem talento para ser engraçado e produzir frases de efeito, o multimilionário empresário travestido de político, cada vez mais se afunda no lamaçal de suas contradições.

É, pelo andar da carruagem, o “pau vai comer de esmola” nessa campanha, não apenas nas declarações, mas nas “jogadas” que, como se mostrou a proposta do PT de fazer o Vice-Presidente José Alencar candidato a Governador de Minas, marcada por uma nefasta, triste e indecente esperteza. Pois, como é sabido, o Vice-Presidente tem um câncer que, só em março saberá qual será a sua esperança de vida. Usar o vice para tais propósitos eleitorais, quais sejam, desmontar o palanque de Serra em Minas e “segurar” Aécio no Estado, para tentar viabilizar o seu candidato, não representa atitude digna e nem correta de Lula e da companheirada.

O que mais preocupa nesse imbróglio todo, fomentado pelo desejo do Presidente Lula em ter uma disputa plebiscitária, é que o que realmente interessa, ou seja, as propostas e as idéias dos candidatos sejam deixadas de lado.

Um Comentário em “DEU A LOUCA NO MUNDO!

  1. Ao final da leitura desse artigo veio à tona a ansiedade e a angústia de eleitor que sou, uma vez que não consigo enxergar nas duas campanhas uma proposta clara voltada para o futuro que tenha como escopo uma reforma de ensino e investimentos em infra-estrutura. Por favor, não me venha com PAC 2, porque, como cidadão, estou a espera da publicidade dos resultados alcançados no PAC1 – relação metas X resultados.
    Ademais, seria maduro de ambas as partes ter como objetivo o futuro e não fazerem comparações baseadas em 8 anos atrás. O caminho que está sendo tomado me trás melancolia e demonstra total falta de amadurecimento por parte do eleitorado brasileiro que continua nos mesmos patamares de informação e formação.
    Até quando?