HORA DAS DEFINIÇÕES!

Um julgamento, que não se sabe se precipitado ou injusto, de muitos analistas, é aquele que estabelece que a atual bancada de representantes do Ceará no Congresso Nacional é a pior dos últimos trinta anos. Tal julgamento merece não apenas reparos mas, certas qualificações e advertências capazes de, não apenas estabelecer uma avaliação mais precisa e justa mas, através de tal avaliação, tentar melhorar o quadro atual de representantes. Ou seja, distinguir aqueles que “mostram a cara”, sem nenhum pejo e totalmente alheios ao julgamento da opinião pública, daqueles outros, provavelmente em minoria, e que preocupados com sua biografia, são capazes de externar intenções e propostas em favor do Ceará e do País.

Alguns críticos e céticos da política nacional são impiedosos no julgamento da qualidade da bancada atual. Talvez assim ajam e reajam, por mero saudosismo. Isto porque têm eles uma imagem de um Parlamento onde se sobressaiam figuras de elevado espírito público, de grande cultura e de uma eloquência irretocável. Outros, talvez mais afinados com os novos tempos e circunstâncias, são menos duros na crítica, exatamente por saberem que a crise não é apenas brasileira, mas dos parlamentos, no mundo, com um todo.

Nos dias que correm, diante da prática dos Executivos de castrarem as iniciativas de lei dos parlamentares e, até mesmo, de reduzirem os espaços para a vocalização de suas idéias e proposições, tal fato teve, como consequência, a diminuição da credibilidade e do respeito que a sociedade cumulava aos seus representantes. Ademais, em face do processo de financiamento espúrio das campanhas eleitorais, os graus de liberdade, em termos de seriedade, independência e decência, daqueles que sonhavam em fazer história, ficaram reduzidos a níveis quase intoleráveis, levando ao desestímulo e à frustração de tantas grandes e boas vocações políticas, colocadas na vala comum do opróbrio popular.

Esse cenarista externa a sua frustração e seu desencanto por duas razões fundamentais. Em primeiro lugar, é do tempo de homens que fizeram história por contributo, por vaidade e por decência e, agora, verifica o vazio de homens e de idéias. Em segundo lugar, por ter estimulado um filho a que palmilhasse tal caminho e desse a sua contribuição à construção do País, talvez se cobre ainda mais. E com muito esforço, o parlamentar que leva o seu sobrenome, segundo os críticos, analistas e companheiros de Parlamento, é parte de um punhado, muito pequeno, de homens públicos que dignificam a missão e a função.

E, todos se perguntam o que fazer, nestas próximas eleições, para que as escolhas recaiam sobre a competência, o mérito, o compromisso e se busque reconstruir os sonhos e as esperanças de que este País ainda cumprirá o seu ideal? Quais deputados serão escolhidos e, por quais critérios, pelos brasileiros e, particularmente, pelos cearenses? Como se pode pesar na balança, não das conveniências, mas das consciências e dos compromissos político-sociais de cidadãos, os vários postulantes a cargos eletivos de representação do Estado, na Câmara Federal? Onde está a mídia, supostamente detentora da moral e da decência, monopolista dos compromissos com a cidadania e com o respeito aos princípios e postulados democráticos, que não assume o papel de, sem “part pris”, sem passionalismos, sem interesses particulares ou escusos, apresentar, à sociedade, os nomes e os homens, segundo os seus créditos, os seus talentos, o seu caráter, a sua competência e os seus compromissos? Por que não compará-los e exibi-los ao público, para que o povo possa julgá-los e não seja levado a cometer erros e enganos que só irão comprometer os sonhos e aspirações dos cidadãos do Ceará?

Este cenarista gostaria de ver, deputados jovens como o deputado Paulo Henrique Lustosa, um dos mais preparados e mais dedicados à causa pública, sendo avaliado, vis-à-vis, dos seus concorrentes, para que ele pudesse ser julgado pelos seus valores e seus méritos.

Lamentavelmente isto não deverá ocorrerá, pois as conveniências, os interesses, as preferências pessoais e outras características dos formadores de opinião do Ceará, não permitirão que prevaleça a meritocracia, mas, sim, a plutocracia, com todos os seus vícios e desvios.

Isto mais parece um desabafo, um “wishful thinking” do que uma análise crítica e fria feita por um cenarista totalmente isento. Não é o caso deste cenarista que se sente, como que, “um espectador engajado” da cena política brasileira e cearense!

6 Comentários em “HORA DAS DEFINIÇÕES!

  1. Antonio,
    Meu caro amigo. Perdoe-me pois, por pura incompetencia minha não tinha visto o seu comentário. Agradeço o julgamento que faz do deputado PHL, o que me orgulha, deveras. Creio que, se aqueles que financiam os políticos, deveriam ter em mente que, manter um parlamentar de tal naipe, melhora o Congresso Nacional. E, como, lamentàvelmente, é fato, que, sem o “lubrificante cívico, ninguém vai a lugar nenhum. Mas, vamos esperar que o Ceará resgate essa dívida com o Brasil.

  2. Caro Ministro:
    Infelizmente o eleitorado não está muito habituado availar seus representantes pelo mérito. De modo geral ele (o eleitorado) não tem idéia do que um Deputado como PHL represente para o Parlamento brasileiro. Só o que resta de bom desse Parlamento sabe julgar.E, PHL está conquistando seu lugar como uma das maiores revelações políticas dos últimos tempos no Congresso Nacional. Até nas discordâncias, PHL tem conseguido se posicionar como um conciliador sereno e competente. Todos os esforços possíveis tem que ser feitos para que a obra continue. O Ceará tem a obrigação colocar os fatos nos seus devidos lugares. A responsabilidade é grande e o Brasil agradece.

  3. Fernando,
    A sua idéia relativa à rediscussão da reeleição insere-se num conjunto de medidas capazes de melhorar o processo de escolha das alternativas politico-eleitorais do País, Fidelidade partidária, financiamento público de campanha, fim das coligações proporcionais e voto distrital mixto, são algumas das idéias que deveriam ser objeto de preocupação maiores para melhorar o processo de legitimização das escolhas eleitorais. Assim, com a prática, os brasileiros irão aprendendo a experimentar processos mais leg’ítimos de escolhas eleitorais.

  4. Será que esse pensamento corrobora para alterarmos a lei que permite a reeleição? A reeleição, para cargos majoritários, é algo perigoso? Pensar, no entanto, em uma alteração de um mandato de 4 para 6 anos seria uma alternativa melhor, até mesmo se pensarmos na questão de continuidade de ações?
    Bem, maturidade não é uma virtude atual do eleitorado atual brasileiro.

  5. Filho, concordo com você que, numa expectativa de que as coisas sempre sejam melhores que antes, o julgamento da legislatura que finda seja sempre mais impiedoso.

  6. pai, obrigado. mas acho que deve ser sempre assim, a legislatura que finda será sempre a pior que tivemos nos ultimos anos.