A MAIOR SECA DOS ÚLTIMOS CINCOENTA ANOS!
Os dados não mentem jamais. E, mais que os dados, a realidade nua e crua da impiedosa seca que atinge todo o semi-árido nordestino, com repercussões no agreste, na zona da mata e, nas principais cidades da Região, é deveras lamentável, lastimável e, não há mais a quem apelar.
Os mecanismos compensatórios de renda, tais quais o FUNRURAL, o Programa de Agricultura Familiar, o Seguro-Renda, o Bolsa-Família, entre outros, reduzem o impacto duro sobre as populações rurais mas, os dados apontados, indicam que o rastro de desorganização da vida das pessoas, a perda de patrimônio e a própria piora da saúde das populações, mostram quão vexatória é a situação.
Até mesmo o rio da integração nacional, no caso o Velho Chico, destinado a ser o salvador da dramática situação que enfrenta o sertão sem água sequer para o povo beber, dá a dimensão do catastrófica situação por que passa o Nordeste brasileiro. Dos 24 municípios banhados pelo São Francisco, 23 estão em estado de emergência!
E, metade dos 60 municípios localizados às margens do Rio São Francisco, estão em situação de emergência!
Em muitos casos, não adianta ter água em abundância no município se não se dispõe de adutoras e nem sistemas de abastecimento para atender à população.
No Ceará, a situação é tão dramática que, em muitos municípios, não há alternativa de oferta d’água, a não ser, aquela a ser ofertada de outros municípios, para atender, pelo menos, a carência de água para beber.
E imaginar que a idéia da transposição já era aventada no século XIX, no Império, buscando a solução para as devastadoras secas daquele período que, mataram não apenas de fome mas mesmo de sede, parcela significativa da população.
Pelo que se verifica da forma como a situação vem sendo tratada, entra governo e sai governo, a Transposição das Águas do São Francisco, parece que, por si só, não será mais suficiente para garantir uma resposta para o drama de prover água para uma convivência pacífica com as secas. A idéia, além de tal projeto, seria incorporar a transposição de águas do Tocantins, para atender uma parte do semi-árido e não comprometer, em demasia, o São Francisco.
Além disso, reexaminar os projetos das adutoras do sertão, a implantação dos sistemas de abastecimento das cidades, a dessalinização de poços já existentes, e integração de bacias hidrográficas e a perenização de rios, além de medidas destinadas a aliviar a penúria imediata da falta d’água, que seriam as cisternas familiares.
Mas, a pergunta que parece não querer calar é, onde se localiza o problema? Na insensibilidade dos governantes? Na incompetência dos dirigentes? Na falta de compromisso da classe política? Na falta de prioridade a ser garantida a tão grave problema? Enfim, com quem está a responsabilidade ou a irresponsabilidade?
Achei excelente o teu artigo. Apesar de sintético, para um tema tão amplo e complexo, você aborda todos os pontos chaves do problema e ainda sugere soluções como complemento à sonhada e demorada transposição do Rio São Francisco. Só um detalhe: no final do seu artigo você diz “Mas, a pergunta que parece querer calar é, onde…”. Parece-me que falta um NÃO antes de querer.