O INFERNO ASTRAL DE DILMA!
Acha este scenarium que, no balanço geral, a semana não está terminando nada bem para a Presidente Dilma. Desde a comédia de erros produzida pelo “affair” Bolsa Família, onde o governo, não pode capitalizar dividendos mas sim contabilizar prejuízos políticos visto que, se se propunha, alguns dos séquitos do poder armar uma jogada com excepcionais ganhos políticos-eleiçoeiros, transformou-se, tal tentativa, num bumerangue, com efeitos altamente adversos para Dilma.
Como se isso não bastasse, a gelatinosa base governista, sem controle e sem liderança mas. marcada pela competência de alguns líderes, capazes de cobrar faturas altas, resguardando os seus particularíssimos interesses, tem campo fértil para atuar, face a pobre e fraquíssima articulação institucional do Governo. As duas damas do Planalto, Gleisi e Ideli, diante do fastio e total ojeriza da Presidente de discutir e negociar com a sua base político-partidária, não dão conta de conviver com um comando do PMDB nas duas casas, cujos líderes são capazes de “dar nó em pingo d’água”, como ficou demonstrado na votação da MP dos Portos e da não votação da MP da Energia Elétrica. Aliás, não se deve atribuir a competência de encostar o governo na parede apenas ao PMDB mas, também, aos equívocos cometidas pelas lideranças do governo no Congresso. Ademais, a inabilidade de Gleisi Hoffman, conforme ficou patenteado, em face de seus desentendimentos com Romero Jucá e, ao que se soube, “por debaixo dos panos” , com o Presidente do Senado, deve levar a sucessivos embates desastrosos para Dilma, nos próximos eventos.
Se isso não bastasse, a insatisfação com o tratamento recebido pelos parlamentares por parte do governo, não só pelo desapreço e desconsideração, além do não pagamento integral de suas emendas, torna cada vez mais difícil, a convivência do governo com referidos representantes do povo.
Se a coisa está séria no campo do relacionamento como o Congresso, as queixas de que o PT e o Palácio estão buscando desestabilizar e buscando inviabilizar a candidatura dos concorrentes, os dados no front econômico são desastrosos para o Governo.
A semana mostra uma enorme frustração com os resultados do PIB, muito abaixo do esperado (de 0,9 esperado para 0,6%, realizado!); uma inflação renintente que afetou, drasticamente, o consumo das famílias que representava 60% do crescimento da economia; o aumento da taxa SELIC de 0,50 pontos percentuais; a contínua desaceleração do crescimento industrial; o aumento significativo do desequilíbrio fiscal e do desequilíbrio externo, além de dados nada otimistas acerca da posição do País no ranking de competitividade internacional, liberados esta semana (caiu o Brasil cinco posições!), são elementos de grande desconforto para Dilma.
E é aí, nos preocupantes dados do quase estrangulamento externo e da asfixia inflacionária, aonde mora o perigo. O Brasil sempre teve o seu crescimento prejudicado por estrangulamentos ou sérios desequilíbrios externos e pela inflação elevada. Esta última, além de promover uma notável ampliação das desigualdades de renda, desestimula o investimento e cria as instabilidades que afastavam os empreendedores desejosos de aplicar seus recursos no Pais.
Por outro lado, considerando o impacto que a inflação causou no consumo das famílias, além da insegurança do ambiente econômico para os investimentos, talvez, para a sua redução, não venha a contar com a notável contribuição da agropecuaria — cresceu 9,7% no trimestre! –. Ninguém aposta que ela não terá o fôlego necessário para continuar com tal dinamismo e cumprindo o papel de reduzir o impacto do preços dos alimentos na inflação.
Assim, o que se pode esperar para os próximos dias e meses é um quadro que tende a piorar e a complicar o ambiente político-institucional, ampliando-se os conflitos partidários nos estados — como sói ocorrer no Rio, e, como já anunciado, em Minas, Ceará, Maranhão e Pernambuco! — com impactos altamente negativos sobre o projeto de reeleição de Dona Dilma.
Já diz o Palácio, através de seus portavozes que, “esqueçam 2013 em termos de crescimento. Agora é reduzir a inflação, fazer novas concessões de portos, aeroportos, estradas, ferrovias, etc. e facilitar os investimentos para garantir uma expansão saudável da economia em 2014”. E, será que o desgaste até lá ainda dará a Dilma a certeza de uma reeleição tranquila ou, como muitos já se perguntam: essa movimentação toda de Lula, não significa que essa “alma está querendo reza”? Será que o esperto Lula, vai entrar em cena para tentar salvar o prejuízo? Ou, caso haja o que alguns juristas estão a dizer que, José Dirceu não irá para a cadeia, será que Joaquim Barbosa vai ser convidado, por algum partido, para encarnar o símbolo da seriedade, da dignidade e do compromisso, reeditando o Jânio de 1960?
Inacreditável país o nosso. Construímos um crescimento baseado no consumo e nos ventos favoráveis trazidos pela falta de boas opções de investimento em um mundo em recessão e agora, justo na ante-véspera das eleições, descobrimos que a saída está nas tão criticadas privatizações de Fernando Henrique. Será que o governo do PT será visto no futuro como o patrocinador de uma nova década perdida? Será que ainda tem brasileiro que tenha vergonha na cara que acredite na recorrente estória do Salvador da Pátria? Será que ainda veremos mais do mesmo? Será que …