A COBRA ESTÁ FUMANDO!

Os dados relativos à queda de popularidade de Dilma — uma queda de 8 pontos percentuais — já estão a preocupar as hostes petistas, porquanto tal queda conduziria a que Dilma, candidata à reeleição, mesmo que ganhasse já num possível primeiro turno, a vitória ocorreria de forma apertada (51%), ou seja, no limite!
Mais que as preocupações petistas, a sociedade como um todo, está temerosa pois, o exame de suas causas e uma avaliação do que deve ser feito para preservar o capital político-eleitoral da Presidente, pode levar a estratégias e ações de governo, capazes de comprometer o crescimento e a qualidade da gestão da coisa pública nacionais!

Diante de tais circunstâncias, valeria à pena examinar quais fatores explicariam tal queda e qual o nível de consistência dos elementos que a explicam.
Em segundo lugar, seria útil avaliar se tal queda representa um acidente de percurso ou revelaria uma tendência.
Em terceiro lugar, quais providências ou medidas poderão vir a ser tomadas, por parte do governo, no sentido devolver-lhe a tranquilidade e o “céu de brigadeiro” que navegava até agora.
E, finalmente, se o estilo Dilma de ser, não continuará a provocar embaraços, descontentamentos e problemas, junto a sua base de sustentação parlamentar de tal forma que isto venha a impedir a existência de uma colaboração efetiva para ajudá-la a reverter as tendências de deterioração de alguns indicadores da economia e da gestão pública.

A deterioração dos indicadores econômicos – redução das expectativas do crescimento do PIB; aceleração da elevação de preços, notadamente daqueles que mais afetam os orçamentos familiares, bem como a renitência de uma inflação anualizada de 6,50%; o aumento do déficit previdenciário já maior em 8,5% em relação ao mesmo período do ano passado; os déficits nas contas publicas do primeiro trimestre bem como do balanço de pagamentos, que aumentaram de 13 bilhões para 32 de reais, na área fiscal e, as contas externas que tiveram uma elevação de déficit de 13 para 33 bilhões de dólares, só nos três primeiros meses do ano; além da queda da confiança e das expectativas de consumidores e de empresários.
Por outro lado, os dados revelados sobre o desempenho dos investimentos publicos realizados pelo Governo Federal, revelam que apenas 17% do previsto para o ano, foram realizados atê agora. Isto mostra um pífio desempenho e um empacamento do PAC, notadamente no momento em que o País mais precisa de uma aceleração nos investimentos para reduzir a tendência de um crescimento menor do que o desejado e o esperado do produto interno bruto e, adicionalmente, de fatores que colaborarem para uma redução das tendências de aceleração da taxa de inflação.

O processo de desindustrialização, apesár do excelente crescimento do último mês do setor industrial, não sinaliza que esteja sendo suavizado ou minimizado diante dos incentivos oferecidos pelo Governo Federal — redução de encargos sobre a folha de pagamentos, diminuição de alíquotas do IPI e PIS?COFINS, diminuição de custos de energia elétrica, entre outros — e também diante da apreciação do real, em face do pessimismo e desânimo que ainda toma conta do comportamento dos industriais.

Também, há que considerar que, no maior colégio de Dilma e do PT, que é o Nordeste, três elementos contribuiram para a queda de popularidade. A seca impiedosa e a não tomada de providências de caráter mais estrutural; a redução do poder de compra dos orçamentos familiares pela inflação e a lambança promovida pela Caixa Econômica sobre o Bolsa Família, cujos reflexos ainda são sentidos até agora.
Finalmente, a ameaça da agência de rating Standard & Poors, de reduzir o “grading” concedido ao Brasil à época de Lula, assusta a investidores, faz tremer a bolsa e retira confiança de empreendedores. Diante de todos esses fatos, a pergunta que fica é se tal fato, representa uma tendência e, consequentemente, se as coisas não mudarem, Dilma continuará a perder pontos e prestígio ou não!
A resposta é quão é difícil antecipar o que virá a ocorrer. Alguns fatos novos podem vir a acontecer e reverter a tendência. Ou, caso não ocorram, tal fato poderá aprofundar a queda nas preferências populares em relação ao governo petista.
Se a inflação não mostrar redução nos próximos meses; se os juros básicos continuarem a subir, como parece ser a determinação do BC; se as contas públicas continuarem a se deteriorar; se a economia não for injetada de algum otimismo adicional e se as relações com o Congresso Nacional não melhorarem, para que os projetos do governo sejam aprovados com oportunidade e celeridade, então as expectativas do PT de que o fato não tem maior relevância e não interferirá no seu projeto de poder, irão por águas abaixo.

E, quais providências ou medidas poderiam ser tomadas pelo governo para que se estanque a queda? Crer este cenarista que, uma mudança de interlocutores políticos junto ao Congresso, uma suavização do estilo Dilma de ser, notadamente frente à classe política, além de um choque de gestão destinado a fazer com que as ações de governo não andem a passos de tartaruga, poderia minimizar o problema.
Finalmente, é crucial levar em conta que, embora os caciques do PT achem que a queda de popularidade seria algo que não preocupa, dois dados chamam a atenção. O primeiro foi que a queda ocorreu em todas as regiões, em todas as idades e em todas as faixas de renda. E o segundo é que, a queda gerou ganhos de espaços aos possíveis concorrentes de Dilma à Presidência — Marina com 16%, Aécio com 14%, Eduardo Campos com 6% e, até as chances de Joaquim Barbosa aparecendo nas pesquisas de opinião, já se revelam — mostram que, talvez, um outro cenário esteja se forjando.
Parece, a primeira vista que, todos os possíveis concorrentes se mostram agora competitivos e a campanha deverá ser estimulada, aquecendo-se e, gerando decisões do Governo que, provavelmente irão na contramão dos interesses do País e mais na linha de interesses político-eleiçoeiros.

Um Comentário em “A COBRA ESTÁ FUMANDO!

  1. A resposta para a tendência de queda ou não do índice de popularidade da Presidente está na expectativa quanto as consequências da verdadeira armadilha econômica em que nos metemos ao deixarmos de sermos um substituidor de importações para um exportador de commodities. E não adianta falar que existe excesso de oferta de vagas para quem tem qualificação. Temos um país em que qualificação ainda passa mais longe da realidade do que o dia 30 de fevereiro. Educação é investimento de longo prazo e com certeza, os erros e acertos do que hoje se faz só irão aparecer daqui a quinze ou vinte anos, quando talvez seja tarde para desatar os nós que atualmente no prendem ao atraso.