O MESMO DO MESMO!
A montanha gemeu, gemeu e, pariu um rato! A reunião da Presidente não mostrou nada de novo. Nada impactante e nada que respondesse, pelo menos, um pouco, a angústia e a demanda das ruas.
Efetivamente, o “mis-en-scene” da reunião ministerial deu mostras de que, o que se buscou fazer foi apenas uma tentativa de transferência de responsabilidades para o Congresso, para os políticos e para os estados e municípios e, consequentemente, buscou minimizar a responsabilidade do Governo Central, em todo esse “imbroglio”.
A proposta de reforma política não se pode chamar de uma proposta efetiva na proporção em que a prometida reforma, na forma que se pretende encaminhar, peca não apenas pela presumida inconstitucionalidade da iniciativa bem como no que respeita a sua exequibilidade, notadamente quanto aos tópicos que ela deverá compreender e o Congresso que deverá examiná-la. Se for uma constituinte exclusiva, o que se imagina poderia trazer algo de novo e positivo, a escolha dos representantes será feita através dos atuais partidos políticos o que limita o seu escopo, eficácia e legitimidade.
Os investimentos em mobilidade urbana, não são recursos novos, notadamente os de volume maior, pois, pelo que se pode concluir da apreciação das fontes de recursos de investimentos, são aplicações do PAC, devidamente requentadas. Não se falou na criação de ambiente e estímulos para a entrada de investimentos externos para, por exemplo, em cinco anos, resolver a conclusão de todos os grandes projetos de metrôs e de veículos leves sobre trilhos! Esperou-se que baixasse o espírito chinês de agilidade, desburocratização e eficiência já que, no mesmo prazo, os filhos de Mao construiram 20 mil kilômetros de linhas de trens, de alta velocidade.
A proposta para a saúde continua sendo a de importação de médicos tanto cubanos como europeus e, insiste em não considerar que, o País “produz” 14 mil médicos por ano e, caso houvesse condições de equipamentos, medicamentos, paramédicos, laboratórios e telemedicina, nos rincões interioranos, os médicos recém-formados iriam, de bom grado, para tais lugares. Mas, sem hospitais de referência e sem tais instrumentos, a vinda de médicos cubanos também não resolverá o problema de melhora na qualidade dos serviços de saúde pública no País.
Quanto o projeto que prevê a aplicação dos royalties do pré-sal em educação, na sua totalidade, é bom que se qualifique que não são os royalties mas um percentual de um fundo soberando que será constituído dos rendimentos das apllicações dos royalties coletados pela União. E, pasmem, segundo quem vai relatar a matéria no Congresso, o valor de tais propalados recursos, em 2023, não chegará a 2,8 bilhões de reais/ano! Se isso for verdadeiro, tal promessa representará um desrespeito e um deboche aos brasileiros!
Mas, o que mais ficou patente no discurso da Presidente e de seus auxiliares mais diretos, é que nenhuma palavra foi dado sobre o que se pode definir como o estopim de todas as manifestações, que é a dramática piora nos indicadores econômicos e a corrosão dos orçamentos familiares, em face do recrudescimento da inflação.
Aliás, a nova classe média brasileira, constituida da tradicional e da nova e emergente população que ascendeu a essa posição, já atinge algo como cerca de 60 milhões de brasileiros e, manifestamente, com aspirações que vão muito além daquelas reivindicações e sonhos da população do bolsa-família. Mantega continuará a passear a sua convincente e brilhante incompetência pelos corredores palacianos; Tombini mostrando-se de estatura bem inferior ao cargo e, o “enfant gatée” de Dilma, o homem do Tesouro, Arno Augustini, continuará passeando os seus dois metros de capacidade de produzir bobagens, impunemente, pelos corredores do Ministério da Fazenda.
E, para completar, a Presidente se sente e age como tal, como alguém capaz de definir rumos e diretrizes para a política econômica, sem a necessária formação, sensibilidade e argúcia para tanto!
Diante desse quadro e, em face de uma classe política que não tem qualquer leitura do que se passa, não se tem idéia para onde as coisas marcharão.
O incêndio de quinze ônibus na Rodoviária de Brasília, em face de proposta de motoristas e trocadores de paralizarem os seus trabalhos, mostrou como os nervos estão a flor da pele.
Como as frustrações se acumulam, a descrença aumenta e as esperanças vão se dissipando, os mais céticos são capazes de imaginar que tudo é passageiro e, já e já, a crise desaparece. Quem está no poder acha que todos reagem feito o público do bolsa família e que, basta um vale qualquer coisa a mais e, as manifestações desaparecerão.
Os mais otimistas acham que é uma rebelião apenas da chamada classe média como se isso não fosse algo de muita seriedade e, não imaginam que isso pode ser a semente de uma revolução da cidadania onde, se as chamadas elites, no sentido weberiano da expressão, não cuidarem de abrir mão dos seus anéis, poderão perder os dedos.
É bom um alerta que, até o Paraguay está fazendo. “Acorda, Brasil, enquanto ainda é tempo para rever paradigmas, alterar cursos de ação e buscar um reencontro da sociedade consigo mesma, através de uma atualização e de uma revisão crítica de suas instituições.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!