O QUE FAZER?

Há três coisas que podem vir a ser, se não definidas, pelo menos pensadas, neste final de semana. São possíveis respostas que o Governo Central daria diante das manifestações de rua, da desagregação da base parlamentar e da perda de credibilidade dos gestores da política econômica.

Se Dilma mostra-se, até agora, impotente e, com todo respeito, despreparada para estabelecer uma estratégia de enfrentamento dos problemas do País, o Congresso ainda deve complicar mais a situação por deixar sem uma montagem objetiva a sua agenda. Na verdade, a presumida agenda positiva do Congresso, alardeada por Renan Calheiros, perdeu o ritmo e está a falecer de maior envolvimento e compromisso, além de ter uma interrupção de, pelo menos, quinze dias, em face do recesso parlamentar.

A situação da Presidente tende a se complicar, onde a sua queixa de isolamento, as críticas de seu próprio partido e, o tensionamento das relações com Lula, tendem a fazer o jogo esfriar. E, sòmente um gesto de maior repercussão, por exemplo, a substituição dos membros da equipe econômica, poderia começar a recuperação da credibilidade e da confiança dos agentes econômicas no Governo.

Claro que as pessoas não querem apenas gestos simbólicos ou promessas futuras, mas resultados objetivos e práticos.

Por outro lado, a agenda de Dilma deverá ser de respostas imediatas a certas demandas das ruas. Por exemplo, além de mudar o comando da economia, não interferir na sua liberdade de pensar e agir, de modo autônomo e independente!

Também, a idéia deste Scenarium, já externada aqui, de que o Governo Federal transferisse aos estados e municípios, a execução das obras do PAC, poderia ser feitas de imediato, ficando à União, o acompanhamento, o controle e a avaliação do andamento das obras.

Para ter a certeza de que as coisas venham a andar no ritmo cobrado pelas circunstâncias, a idéia de um conselho de urgenciamento das obras, composto por representante do Ministério Público, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, do Tribunal de Contas da União, da ABI, entre outros, ajudaria a reduzir os embaraços criados pelos referidos órgãos.

Um encontro com os representantes da área de saúde, poderia resultar em uma estratégia mais objetiva para o enfrentamento das questões do SUS. Na verdade, talvez fosse o momento para que se priorizasse menos a perspectiva hospitalocênctrica dos médicos e mais uma visão de prevenção, apoiada no tripé saneamento ambiental, vacinação universal e um PSF — Programa de Saúde da Família — aperfeiçoado! Com isso, estabelecidas tais prioridades, daria, inclusive, para discutir questões relacionados com os gastos com medicamentos, notadamente aqueles de alto valor agregado e alto preço.

Caso esses três tópicos fossem encaminhados, objetivamente, aí então daria para estabelecer uma saudável descompressão do ambiente e, necessàriamente, ajudaria a alterar as relações entre a Presidente e o povo.

Quanto a substituição dos quadros governamentais, embora o ideal seria fazê-la após uma redução do número de ministérios e de cargos de assessoramento superior, seria importante, ao fazê-la, aproveitar para considerar um necessário equiilíbrio de forças, da base de sustentação parlamentar.

A idéia de Mercadante na Casa Civil só seria válida se a sua experiência até agora mostrasse notável competência gerencial no acompanhar, cobrar e avaliar o desempenho dos vários ministérios e agências de governo, na execução dos programas a eles atribuídos.
Colocar Mercadante para tratar com gente, fazer articulação e promover negociações entre partes, não tem o menor sentido pois o homem é visto como um “bruto” pela classe política.

A possível substituição de Mantega pelo ex-Presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, não parece ser uma alternativa que aquiete o mercado e devolva a confiança aos agentes econômicos e investidores.

Da mesma forma que, a possível indicação de Luciano Coutinho para a Fazenda, não garantiria a chance de um diálogo frutífero e promissor com o mercado.

Já a idéia de Aldo Rebello para a articulação política, pode até vingar. Ele tem trânsito no Congresso, foi Presidente da Casa, sabe administrar a sua presunção e pode vir a ser o negociador que a Presidente precisa. Isto é, desde que ela não o descredencie e desacredite, com suas interferências perniciosas.

O Banco Central está a requerer alguém a altura do órgão, porquanto Tombini é menor que a Instituição. Aí estão disponíveis, no mercado, excelentes nomes de “ex-diretores” além de profissionais do ramo — gestores de bancos privados — que bem poderiam cumprir tal papel. Basta convocá-los, desde que se garanta a quem vier a ser o escolhido, que o Planalto não interferirá na autonomia da instituição!