A ERA DO DESENCANTO!
O cidadão abre os jornais e se depara com notícias, se não de uma violência ampla, geral e irrestrita mas, ao mesmo tempo, de informes ainda mais deprimentes, de uma corrupção endêmica que grassa por todas as relações e por todo o tecido social. Por outro lado, em relação a economia o que se assiste é que, a cada dia, mergulha em uma crise difícil de se estabelecer onde vai parar ou, quando, se Deus assim o permitir, vai reverter a sua tendência de piora dos indicadores!
O quadro parece de profundo pessimismo na proporção em que, o Congresso vai à gazeta e deixa pendentes esperanças de uma sociedade ávida por respostas mais imediatas.
O Executivo, até agora não se dignou a rever o execesso de ministérios, o vergonhoso número de cargos de assessoramento superior e o confuso nível de instâncias decisórias que só complicam a vida do cidadão!
Ademais, Dilma não conseguiu estabelecer uma agenda de coisas objetivas relacionadas à segurança, à saúde pública, à educação universalizada e, “last bu not least”, nem sequer descomprimir o ambiente econômico, propondo mudanças no comando da política econômica.
Apenas manobras diversionistas, marcada por declarações vazias ou de inaugurações inexpressivas, aqui e ali; o estímulo à discussão do episódio do Big Brother americano; a reiteração de uma crença num moribundo Mercosul que hoje só existe por causa dos argentinos; uma importação de médicos que entrou em parafuso e, só Deus sabe em que vai dar e, promessas e mais promessas de que a articulação política do governo vai melhorar e Lula vai ajudar a reverter o quadro de desilusão!
Por outro lado, os anti-lulistas divulgam que o homem, o Dom Sebastião tupiniquim, já está até com metástese no Sírio-Libanês, dentro da terrorização e das teorias conspiratórias de uma política pobre que tudo permite e tudo estimula.
Por outro lado, parece que o PT não tem a chamada “second best” opção, caso Dilma se inviabilize, máxime quando se constata que, como ela já havia caído muito no respeito do eleitorado, agora desce, ainda mais, e a sua popularidade só atinge a 31,3%, quando, dois meses atrás, atingia acima de 67%!
As notícias “dalém” mar não são nada animadoras pois a queda da atividade econômica da China e a política do Banco Central americano, em nada favorecem ao setor externo e a entrada de capitais no Brasil.
E julho, com um Congresso parado, com as ruas desativadas e com o governo perdido, feito “cego em tiroteio”, vai ser aquele mês em que tudo tirou férias, até mesmo as crises!
E aí, seguindo a tradição brasileira, agosto será o mês do desgosto ou o mês das tragédias anunciadas. E, se muita adrenalina não for jogada no ar, tirando o torpor e a indiferença do Congresso, a inaptidão do Executivo para fazer as coisas acontecerem e a crise existencial que se acerca do STF – condenar ou não os mensaleiros? — aí não se sabe para onde irá o velho Brasil de guerra.
Lula não é mais aquele. FHC, o tempo fez passar. Serra é uma página virada. Alckimim é o conhecido picolé de chuchu que, ia até bem, até a crise de insegurança de São Paulo e as manifestações de ruas.
Aécio continua mais pessedista que o seu velho avô. Eduardo Campos, não sabe se vai ou não vai ou se espera para ser o nome do pt para substituir Dilma. E, Marina, é boazinha, legal e, fragilzinha como uma espécie de “glass menagerie”, talvez não aguente o tombo do embate de 2014.
Finalmente a possibilidade de Joaquim Barbosa vir a ser o “Dom Quixote tupiniquim”, parece remota porquanto falta-se partido, mobilização social e musculatura para enfrentar os embates relacionados a construir as alianças cobradas por uma candidatura presidencial.
Assim, pelo jeitão, por incrível que possa parecer, este cenarista que sempre foi um otimista inveterado, acha que a coisa está mais para jacaré do que para colibri e, difìcilmente, os brasileiros recuperarão a confiança e o otimismo nos próximos meses.
Será que devem os brasileiros esperar por um milagre ou que a copa retire o país do desencantamento e da desilusão? Esse caminho é o mais difícil e o mais complicado para recobrar aquilo que o país precisa: esperança consequente!
Quando nos deparamos com uma análise que sobretudo demonstra uma situação de quase catalepsia do Estado, seria conveniente refletir sobre os três poderes da república e sobre como chegamos a esta situação. Talvez comecemos a encontrar aluguma explicação em um judiciário corrompido por um sistema onde a seleção de seus membros não se baseia em um claro sistema de meritocracia. Para falar a verdade, o que menos existe ali são indícios de escolha por mérito, o que torna aquele poder claramente dependente dos outros. Ops, mas não tem que ser independentes? Talvez tenhamos conseguido um boa explicação, mas isso, por si só, não justifica todo esse destrambelhamento. Avancemos para o legislativo e aí sim, teremos mais uma boa explicação pois o sistema de acesso àquele poder é para o povo, para dizer o mínimo, camaleônico, fugaz e sem controle de ninguém, ou seja, muda-se o jogo de acordo com os interesses de quem esta lá dentro. E assim, lá vai o Brasil descendo a ladeira, com os votos de legenda que elegem os menos votados e suplentes sem voto nenhum. Agora sim, começa a ficar mais claro o que nos disse o cenarista em seus últimos textos. Mas, será que conseguimos a explicação completa? Consideremos, então um sistema onde a Presidente tem que dar uma de Primeira-Ministra para poder governar e descobre de repente que ou não sabe ou não se interessa pela negociação política, abrindo assim espaço para mal disfarçadas disputas entre os poderes. O resultado desta organização quase que circense, pelo menos quanto a apresentação dos palhaços, é que todo mundo se fecha em copas e passa a atirar para todo lado e o curioso é que se gasta muita conversa, muita munição de borracha, se faz muito barulho de efeito moral, muito calor e muita fumaça lacrimogênica e nada muda, nada avança e todo mundo fica chorando mais que tricolor após perder para os cruzmaltinos.