O BRASIL, DA GANGORRA, FAZ DOS BRASILEIROS, CICLOTÍMICOS!
Saíram os dados do segundo semestre de 2013 sobre o desempenho da economia brasileira. Diferentemente das expectativas, os resultados como que surpreenderam, positivamente. O País cresceu 1,5%, o maior crescimento desde 2010, com as exportações cresendo a 6,9%, o agronegócio contribuindo com 3,9% e os investimentos expandindo-se a 3,6%. Até a indústria, quando menos se esperava, cresceu 2%!
Para os mais pessimistas, o terceiro trimestre será de um crescimento pífio ou pode até haver uma queda de 0,5% e, no último trimestre, a recuperação levará o crescimento para 1,2% ou 1,3% de expansão!
O fato objetivo é que, nos últimos quatro anos, os brasileiros vivem uma espécie de ciclotimia, porquanto ora os dados mostram perspectivas altamente positivas e, em outros momentos, mostram dados bem pessimistas. Ou seja, o Brasil é mais de uma expansão tipo gangorra do que de um crescimento continuado, de uma estagnação ou de uma tendência à depressão!
Para os mais otimistas é possível que tais resultados melhorem as expectativas e, se o caminho aconselhado para manter ou até ampliar o crescimento, for através da dinamização do investimento, então há que se apostar que se as concessões derem certo, se o leilão do campo de Libra não encontrar obstáculo e se forem aceleradas as ações para um estímulo à definição do marco regulatório da mineração, então a coisa pode engrenar1 Além, é claro, se espera que bons resultados continuem a ocorrer com os leilões na área das energias alternativas! Ah! também, os brasileiros esperam que os gestores do PAC resolvam acelerar a sua execução!
Será que, como diz o Ministro da Fazenda, “o fundo do poço foi superado”? Será que, com o péssimo desempenho das contas públicas, com o precário superávit fiscal (economia destinada a pagar os juros da dívida!) que só atingiu 2,3 bilhões e, nos últimos doze meses,o superávit está em 1,91% do PIB, valor distante da meta estabelecida, tais desempenhos não contamirão tais expectativas positivas?
Para Jim O’Neil, o criador do acrônimo Brics, o crescimento do Brasil pode chegar, em 2013 e 2014, a 4%, ao invés dos 2,1 a 2,5%, previstos pelos analistas de plantão. E, aí, mais se caracteriza a economia da gangorra no que se transformou o Brasil onde hoje, recebem os cidadãos notícias altamente alvissareiras do crescimento do último trimestre mas, os dados da balança comercial, das contas públicas e os indicadores da saúde da economia nacional, não são nada estimulantes!
“Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”…parece que é o mantra adequado para o que vive o País e para os que vivem no Brasil. Ninguém assume uma atitude pessimista por mais que a crise tome conta, notadamente quando, para alguns incautos ou otimistas inveterados, aqui tudo “acaba dando certo”. Continua-se a acreditar no jeitinho, no acaso e na convicção de que Deus é brasileiro! Mas, por incrível que pareça, tal sentimento não é apenas para desavisados, incautos ou “cândidos, os otimistas”.
Um dos mais criticados defeitos desde cenarista é uma espécie de mal de amor, um defeito de paixão, um tresloucado sentimento de crença e de esperança neste País. Parece o cenarista com um noivo: otimista, sempre! Acredita o cenarista que aqui se está construindo a única civilização dos trópicos, como uma resposta a aqueles que rejeitam os impactos positivos da miscigenação racial, do sincretismo religioso e da integração linguistica, que marcam a história dessa nação!
O cenarista acreditou e apostou em muitas coisas bonitas e teve sua participação na construção de tantas coisas muito interessantes, feitas nacionalmente — como o Sebrae, o programa Pequenas Empresas, Grandes Negócios; a estruturação da Defesa do Consumidor; a implantação dos Juizados de Pequenas Causas, da Feira da Fraude, etc — além de coisas mais específicas relacionadas à sua região e ao seu estado, como é o caso do apoio à Transposição das Águas do São Francisco, a COCENE, do Senado Federal, o esgotamento sanitário de Fortaleza, o Polonordeste, o Nutec, etc. Da mesma forma, lamenta muito o cenarista que, políticos inescrupulosos tenham impedido que a implantação do projeto de Telemedicina; do Satélite brasileiro, da integração de bancos de dados e dos sistemas de comunicação das polícias brasileiras, o sistema único de informações pessoais, além de outras idéias, fundamentais ao país, não tenham prosperado. É uma pena!
Às vezes, as pessoas que tanto amam este país, acham que não vale à pena acreditar nessa terra diante qualidade das suas elites. O desânimo, muitos vezes é provocado pelo aparelhamento do estado, pela incompetência festejada, pela corrupção endêmica, pela impunidade corrosiva de valores e pela desfaçatez dos gestores públicos e dos políticos profissionais.
Mas, mesmo nessa ciclotimia de sentimentos, nessa gangorra de desempenho e nesse vai e vem de expansão e retração, os brasileiros, de boa fé, continuam a acreditar que aqui se está a construindo a verdadeira civilização dos trópicos e que não há lugar melhor para se viver do que o país mesmo de custo de vida tão alto, de tanto desrespeito à cidadania, de tanto descaso com a meritocracia mas de tanta alegria no rosto, mesmo daqueles que são penalizados por todos esses descasos.
Estou e sempre estarei com você entre os otimistas quanto a um país chamado Brasil que é abençoado por Deus, bonito por natureza e com povo determinado e trabalhador, mas que infelizmente não aprendeu ou não quis aprender a votar e deu o azar de ter uma classe dominante que não consegue pensar além do fim – De que outra forma manter os privilegios? – do próximo exercício. A menos que tenhamos Copa do Mundo. Ridículo, não?
Será que estes números do PIB estão corretos? ou são iguais aos dados manipulados das contas públicas? Com este atual desgoverno tenho minhas dúvidas até mesmo dos índices de inflação e o de desemprego. A credibilidade está em baixa no Brasil, que pena!