BONS VENTOS? BONS AUGÚRIOS?

A semana termina com o ar de que, mesmo representando muito mais uma leve brisa do que ventos efetivos, é possível tomar um pouco de ânimo no que diz respeito à economia do País.

O FMI, mesmo preocupado com os desajustes fiscais, o repique inflacionário e a pequena dimensão da taxa de investimentos, embora fazendo uma série de ressalvas e mostrando uma série de dúvidas e incertezas sobre a economia brasileira, sugere que o o País está retomando o crescimento, embora a ritmo lento e, timidamente!

E isto vem num bom momento porquanto uma série de notícias vindas de fora, estimulam os analistas a apostarem que tais boas brisas, ajudarão a essa retomada e, se possível, a fazer com que o PIB brasileiro alcance patamares mais saudáveis e menos humilhantes!

Nessa esteira de bons indicadores, a China, retomou o ritmo de importações de minérios, matérias primas e grãos, dentro das expectativas de um crescimento de 7,5% a 7,8%, este ano. Apesar dos temores das repercussões, sobre emergentes, como o Brasil, de que os apertos e ajustes na política monetária chinesa pudessem vir a gerar comprometimentos nas importações de commodities brasileiras, parece que isto não irá ocorrer.

Também, o fim, pelo menos temporário, do embate entre os republicanos e o Presidente Barack Obama, permitiu que se respirasse mais aliviado por aqui na proporção em que o crescimento americano, mesmo com os prejuízos advindos dessa crise institucional, ficará em torno de 2,4% e os estímulos fiscais e creditícios à sua economia, da ordem de 85 bilhões de dólares/mês, deverão continuar. Dessa maneira os juros, também pelo que se espera e prevê, continuarão bastante baixos, não prejudicando a entrada de dólares para financiar os desequilíbrios de balanço de pagamentos do Brasil.

Se essas já eram duas boas novas para as perspectivas da economia nacional, a recuperação, embora lenta da Zona do Euro, depois de uma longa recessão, começa a dar mostras de “sinais vitais” pois, a Espanha, uma das mais pesadamente atingidas pela crise, voltou a crescer — 0,1% — e o desemprego caiu cerca de 0,6 pontos percentuais!

Parece que o quadro internacional conspira, favoravelmente, em favor do Brasil!

Se os ventos de fora são favoráveis, as coisas, internamente, começam a buscar o rumo mais próximo do que o bom senso recomenda. Dilma resolveu não confrontar com o BC e, ao que parece, Tombini e diretoria, engrossaram o pescoço, em termos de autonomia do BC e, enquanto a inflação mostrar resiliência e a política fiscal continuar frouxa, os juros básicos da economia serão aumentados. Mas, pelo que se pode ver, tal política já produziu efeitos e, algum resultado, pois que, esperava-se que a inflação fechasse o ano em torno de 6,5% e, ao que parece, deve fechar em torno de 5,6%! E, a ameaça, na ata do COPOM, de que os juros básicos podem chegar a 10,25% deverá contribuir para, mesmo com o aquecimento econômico de final de ano e os possíveis reajustes nos preços dos derivados de petróleo, segurar o índice de preços.

Na área fiscal, os dados de desempenho não são nada bons mas, o ingresso de 15 bilhões do Leilão de Libra, a apreciação do real, em mais de 12%, a não provisão e previsão de recursos do Tesouro para capitalizar o BNDES e um processo de controle nos gastos públicos, ora pelas limitações gerenciais em realizar os investimentos previstos, ora em face da crítica dura das oposições quanto à farra do boi com dinheiros públicos, os dados poderão ser melhor do que o aguardado até meados deste ano.

A própria Previdência, está se beneficiando com a manutenção do emprego formal em níveis elevados, com a formalização crescente das ocupações e com um salário médio que não para de crescer, afora o esforço do Ministro para conter os vazamentos lícitos e ilícitos, suaviza os seus dramas e agruras.

Até o Balanço de Pagamentos pode fechar o ano um pouco melhor do que o desastre anteriormente anunciado, face o sucesso do Leilão do Campo de Libra, dos possíveis leilões das concessões de estradas, portos e aeroportos, talvez alguma sinalização sobre o novo marco regulatório da mineração tudo isto poderá abrir espaços para uma entrada mais generosa de recursos externos, na forma de investimentos no País.

Se ainda não são bons ventos, pelo menos, o País deve terminar o ano com melhores augúrios!

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