“A INFLAÇÃO ALEIJA. O DÉFICIT CAMBIAL, LIQUIDA!”
O ano termina de forma preocupante, sem nada a comemorar, máxime no que respeita aos rumos da economia. Apesár do discurso otimista da Presidente Dilma, ao afirmar que o País apresenta uma “robustez fiscal significativa (onde? como? quanto?), demonstrada por uma inflação controlada, superávit primário e reservas cambiais de 376 bilhões de dólares”, tal declaração não bate com o ambiente econômico, pois não vive o país um bom momento, segundo economistas e empresários.
Para eles, os chamados agentes econômicos, tanto os fundamentos da economia sofreram deterioração, bem como os dados relacionados ao PIB — que se estima não atingirá o que se esperava, até bem pouco, ou seja, uma expansão de 2,9% — a OCDE reviu as suas projeções e aguarda um PIB de, no máximo, 2,5% — como a inflação teima em encostar nos 6%, até o final do ano. Ademais, só se consegue que ela, inflação, não supere o teto superior da meta, de 6,5%, em função de uma rígida atuação do Banco Central que tem apertado a política monetária e, o que se espera é que, até dezembro, a taxa SELIC deva fechar em dois dígitos, ou seja, 10%, a mais alta do mundo!
Todas essas notícias não são boas, apesar do otimismo da Presidente Dilma. A bem da verdade, o que mais preocupa é que se encaminha o País para um retorno aos chamados desequilíbrios cambiais que marcaram os anos oitenta e meados dos anos noventa e que tanto fizeram o Brasil patinar e quase não crescer. Se o estrangulamento externo que tende a se avizinhar, como dizia Simonsen, liquida, a questão das contas públicas e seu relativo descontrole, aleija o País!
O superávit primário, mesmo com todas as alquimias e manipulações contábeis, não atingirá os 2,3% do PIB previstos. Há que se assinalar que, para pagar a conta de juros da dívida interna, tal superávit deveria ser, no mínimo, de 3,1%! E é importante que se pontue que o aceleração da elevação da taxa SELIC, para tentar refrear o aumento dos preços, impõe um crescimento da dívida interna bruta, o aumento da taxa de juros para a sua rolagem, consequentemente, requer que o superávit tenda a ser maior que os 3,1% inicialmente previstos e necessários!
Se se junta a tais desafios a crise do setor manufatureiro e a sua perda de competitividade internacional, então a situação começa a ficar deveras complicada. E isto sem contar com os gargalos impostos à economia em face do emperramento da realização dos investimentos em infra-estrutura geral e urbana do País!
A Presidente Dilma, preocupada com a inquietação e o desânimo que toma conta dos agentes econômicos, tenta acenar com uma possibilidade de aperto nos gastos e maior controle das finanças públicas — mas, só agora? — com vistas a tentar reverter as tendências pessimistas do mercado. Claro que “de boas intenções o inferno está cheio” e, não bastam apenas declarações mas, acima de tudo, atitudes efetivas para reverter o quadro complicado que se desenha para as finanças públicas em 2014, face as pressões eleitorais esperadas e que, dificilmente deixarão de ser atendidas.
A visão da Presidente e de seu partido, dentro da perspectiva bastante pragmática, máxime de quem está no poder, faz mais de dez anos é que, enquanto houver uma bolsa-família, o desemprego estiver em baixa e, a inflação não desgarrar de vez, a população, em geral, não mostrará insatisfação e, as pesquisas sobre sucessão presidencial, parecem estarem a demonstrar tal fato.
Apesar dessa confiança dos petistas e aliados, os assessores da Presidente e de Lula, querem conhecer melhor o que pensam os jovens, porquanto as insatisfações demonstradas nas manifestações de junho, o maior índice de desemprego que ocorre entre eles e a preferência dos mesmos, por Marina Silva, mostram que pode haver “algo no ar além dos aviões de carreira”. E, conhecendo tais insatisfações, é melhor “prevenir do que ter que remediar”.
Os problemas derivados do Mensalão preocupam, “ma non troppo”. Eles, petistas e aliados, acreditam ser possível fazer de “um limão, uma limonada”, quando procurarão demonstrar, à sociedade, no devido “timing” eleitoral que, mesmo estando no poder, respeitaram as decisões da justiça. Para acalmar os ânimos de petistas mais fervorosos e daqueles que foram punidos, procuram declarar que a decisão foi injusta e está eivadas de erros processuais. Mas, que eles, como democratas, “apesar de estarem sendo imolados”, por verem serem cortados, na própria carne, através da punição e da humilhação imposta aos seus principais líderes, mesmo assim, respeitaram a decisão da justiça!
A única coisa do episódio da prisão dos mensaleiros, sem entrar no mérito da decisão ou dos possíveis erros cometidos pelos julgadores é que, ironicamente, os punidos considerarem-se “presos políticos”! Como é possível se os mesmos são detentores do poder faz mais
dez anos e, onde a maioria da Suprema Corte foi indicada por Lula e por Dilma? Mas aí, cabe a cada um julgar a procedência ou não de tal sentimento!
Para a sociedade como um todo, a justiça, tão desacreditada nos dias que correm, ganha um voto de confiança e de esperança de que ela não penaliza apenas, os sem vez, sem voz e sem voto. Mas, apesar disso, continua presente a dúvida e a desconfiança sobre o que ocorreu não foi apenas algo episódico e passageiro!
Portanto, dentro desse quadro, o que mais se constata e preocupa no cenário nacional é que a economia não vai bem, os investimentos não fluem, a inflação está sendo segura a “forceps” e, as perspectivas não se mostram nada interessantes.
Também, na parte institucional, a política não dá sinais de que algo vá mudar e, a sociedade civil, parece estar em hibernação. Apenas prepara-se para os festejos natalinos, de ano novo, do carnaval e, talvéz, só após as “águas de março”, a tal chamada sociedade civil organizada — não tem nada de organizada! — venha a pensar no que cobrar das elites e no que fazer, para que as coisas possam vir a se alterar e criar um pouco de esperança consequente!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!