I HAVE A DREAM …
Há homens e mulheres que se superam e crescem no conceito e no respeito dos seus contemporâneos ao buscarem escrever o seu nome, em negrito, na história. Essa pode ser considerada a mais saudável e divina das vaidades. São cidadãos que nasceram para construir grandes pontes entre cidadãos diferenciados, para o engrandecimento da sociedade.
Homens que, diante de todas as vicissitudes, diante das dificuldades impostas pelas circunstâncias, mesmo diante dos preconceitos e das incompreensões, viveriam seus sonhos que eram, acima de tudo, a busca do respeito à dignidade de seus pares. Eram homens iluminados pela missão a cumprir e ensandecidos de esperança diante do sonho de poder levar, bem longe, a mensagem e espalhar tais sentimentos de fé e de esperança num mundo melhor, são poucos e raros!
Claro que, para eles, não importava o sexo, a religião, a cor, a raça e a ideologia de tais protagonistas dessa luta pelo sonho e suas consequências. Eles marcharam o seu itinerário, como dizia o poeta, na sua teimosia do “sempre caminhar, sempre a seguir”.
E, hoje, povos de “mil raças”, sentem a orfandade quando o tempo, as circunstâncias ou o acaso, levou essas figuras magistrais do seu convívio”.
Um dia foi Martin Luther King que teve a vida ceifada por um celerado e, na verdade, pelo próprio “apartheid” ameaçado. Mas as sementes de paz, de conciliação, e de entendimentos entre brancos e negros, construídos pelo reverendo, caíram em solo fértil e fecundo, e, para a alegria e satisfação de muitos, prosperaram.
Agora vai-se Madiba, o homem que pintava cavalos azuis e que tanto falava na alegria e na ventura que era a vida, a tal ponto, para ele, merecia sempre um sorriso na face de cada um, mesmo quando marcada pelo destino, às vezes cruel.
Um homem marcado pelo profundo amor pela sua pátria, pátria que nos anos do “apartheid” poderia ter endurecido o seu coração e embotado a sua capacidade de ser o pacificador que ele conseguiu ser. 27 anos de cadeia, de perseguição, de humilhação e de aviltamento, não foram o bastante para destruir sentimentos, dobrar convicções e esmaecer a vontade de ajudar o sonho de construir a paz entre os homens, mesmo de origens, etnias, cor da pele e de diferenças de meios, que pudessem separá-los!
Foi-se Mandella mas ficaram tantas lições para os humanistas, para os políticos sérios e para os homens de boa vontade. Foi-se um político excepcional que fará muita falta, não apenas para os sulafricanos que ainda não sabem o que perderam, mas para os “homens universais do amanhã” do que nos fala o poeta!
Foi-se o estadista deste século, sem nehuma dúvida e, que deixa marcas indeléveis que procuram fazer crer que ainda é possível fazer política com P maisúsculo, sem oportunismo, sem esperteza e sem enganação.
Saiu de cena no momento mais oportuno e justo e não aceitou ser sombra sobre os seus sucessores. Preferiu assumir o papel de alguém que representaria um ícone, um símbolo das mudanças e uma esperança para os jovens.
Muitos homens públicos marcam os brasileiros e o seu itinerário com o seu passamento. O polêmico Getúlio, a quem coube a grande modernização do País, cuja morte foi marcado por uma comoção nacional. O velho Ulysses, que, a bem da verdade, não teve todo o reconhecimento pelo sua obra em prol da democracia, quase que vai ao esquecimento mas o que fez foi inolvidável.
Tancredo, o “presidente que foi sem nunca ter sido”, deixando milhões de esperanças na orfandade, frustrou o país com a sua morte. João Paulo II que, pela revolucionou a Igreja, foi alguém que contribuiu, deveras, para a paz mundial e, como Papa peregrino, deixou marcas indeléveis no coração dos cristão em todo o mundo.
Mas, nenhum, nenhum mesmo, teve como marca maior, a universalidade pelo homem tolerante, democrata e promotor de lições de pluralismo como ninguém!
Encerra a vida já tendo, de muito, entrado na história e, como disse a colunista Theresa Cruvinel, “propicia ao mundo reflexões sobre a tolerância, a coragem, a generosidade e o compromisso com o sonho coletivo”.
Se Martin Luther King conclamava o seu povo a ter um sonho — I have a dream … – Madiba sonhou, lutou , construiu e realizou o sonho de fazer possível a paz, a concórdia, a tolerância, a compreensão e a possibilidade de convivência, sem ódios, sem rancores e sem ressentimentos para o mundo como o seu grande legado.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!