A TRAGÉDIA URBANA!

A agenda que preocupa ou deveria preocupar os cidadãos de boa fé desse País, cada vez mais se vê acrescentada de mais problemas e desafios. E o Brasil até que tem sorte porque as tragédias ocorrem lá fora e, só depois, os macaquitos aqui, resolvem copiar os que os civilizados fizeram ou tomaram de providências.

Foi preciso que os ingleses acabassem com o trabalho escravo para que os brasileiros resolvessem assumir esses ares de modernidade.

Foi importante, para as instituições brasileiras. que a independência americana se desse na data em que se deu — 4 de julho de 1776 — da mesma forma que a Revolução Francesa ocorresse em 1789 e perdurasse até 1799, para que os tupi-guaranis, dez anos depois, em 1889, dessem um fim a monarquia e ao Império e instituísse a República. Os ideais secularistas, os valores da “liberté, egalité e fraternité”, aliados aos princípios democráticos basilares, alastraram-se mundo afora e garantiram a difusão de tais valores pelos mais recônditos pontos do mundo.

Desde esse tempo os brasileiros vieram se habituando a copiar prática, valores, princípios, mores e costumes do chamado “mundo civilizado”. Depois de os americanos destruíram a sua própria origem com a maior matança de indígenas da história, os mesmos gringos começaram a cobrar do Brasil que não destruísse a sua origem. E, assim os macaquitos fizeram e hoje a população indígena brasileira, aldeada, atinge mais de 600 mil índios e a sua mortalidade é hoje bem mais baixa que no passado.

Os europeus começaram a mostrar enorme preocupação com o meio ambiente e, de repente, alastra-se pelo mundo, uma onda de tentativa de geração de uma consciência de conservação e preservação ambiental. A coisa chega por aqui mas, muito difusa e confusa e, só agora, aos poucos, as pessoas tomam conhecimento e consciência do que representa um trabalho destinado a não sacar contra o futuro das gerações que hão de vir.

E, para se ter idéia de como a coisa é lenta e representa uma mudança cultural da sociedade e dos gestores públicos, esse semestre o Pais comemora o fato de haver caído a taxa de desmatamento mas, ao mesmo tempo, registra-se a tragédia anunciada dos desmoramentos, deslizamentos e desabrigo de milhares de famílias no Estado do Rio e, já e já, serão enchentes no Vale do Itajaí, em Santa Catarina. E, a Defesa Civil não consegue mudar o quadro de pessoas ocupando áreas de alto risco, já identificadas faz algum tempo!

A coisa ainda é precária pois, só em não se ter políticas de desenvolvimento urbano então a questão ambiental vai para o brejo. E vai para o brejo em vários sentidos, como no aumento de favelas, de cortiços e de áreas de ocupação irregular. Vai para o brejo, até mesmo por se construir moradias sem a infra-estrutura de água e esgoto! E as coisas se complicam ainda mais quando, o caos urbano se instala quando não se sabe o que fazer, por exemplo, com uma frota de veículos que cresce a mais de dez por cento ao ano!

E o que dizer da recente decisão, do governo, de agora, em adiar a obrigatoriedade de freios ABS nos carros e da obrigatoriedade de existência de “airbags” nos veículos de passeio? E o que dizer, ou pelo menos, mostrar indignação com um governo que, até hoje não impôs à sua ( ou deles?) indústria automobilística alterar os seus motores para que sejam menos poluidores? Ou ainda, por que a Petrobrás não cumpre decisão do Conselho Nacional do Meio Ambiente que, por sinal, já deveria estar em dia ou valendo, no sentido de alterar a composição do óleo diesel e da gasolina para, atingindo os padrões europeus, reduzissem a emissão de carbono, chumbo, mercúrio e o que valha, poluindo o ambiente nas grandes cidades?

E, onde andará o governo que não consegue enxergar que as grandes cidades brasileiras, estão totalmente inviáveis pois, porquanto o transporte de massa é limitado, precário e atende, mal e porcamente, talvez um terço de potenciais usuários? Hoje está, praticamente, impossível viver no caos que são as grandes e médias cidades brasileiras onde os engarrafamentos são monumentais e os desperdícios são enormes.

Assiste-se ao caos que é a tal da mobilidade urbana, levando a poluição ambiental já a limites extremos, com ônus para a saúde pública, provocando a ineficiência da economia, pela lerdeza do trânsito e provocando uma redução da produtividade dos trabalhadores já que, os mesmos, levam, no mínimo, duas horas para ir e para voltar ao trabalho! E, sem que haja uma nesga de esperança de que as coisas possam mudar nos próximos três anos.

No meio urbano, destrói-se o pouco de verde que ainda existe pois não há uma cultura de sua preservação. Contaminam-se mananciais, lançando detritos de todo o tipo em seu curso. Matam-se os rios pois, além da destruição da mata ciliar em suas margens, esgotos e detritos de toda ordem, são neles lançados. Um exemplo maior disso e, pasmem, vez que os investimentos que alí já foram feitos para despoluí-los foram enormes, mas a Baía da Guanabra, o Rio Tietê e até a Lagoa Rodrigo de Freitas, são os exemplos mais gritantes do que é degradação ambiental no País não consegue ser, se não cessada, pelo menos diminuída de ritmo e intensidade.

Por outro lado, por não existir coleta seletiva de lixo nas grandes cidades e, por inexistirem leis que punam quem joga lixo nas ruas ou quem lança guimbas de cigarros no meio fio ou ainda, quem conecta o seu esgoto nas galerias de águas pluviais, a tendência que os brasileiros vêem-se diante desse universo em desencanto! E, diante de tantos descalabros, nada disso é severamente punido! Aí tais constatações e circunstâncias geram um enorme desespero e criam a desesperança pois o que se admite é que está o País a anos-luz de uma Singapura, de uma Coréia do Sul, de uma China, de um Vietnam, enfim, de nações cuja sociedade sabe o valor que o ambiente tem para o seu hoje e o seu amanhã!

Está na hora de um despertar pois 80% dos brasileiros vivem nas cidades e não se sem políticas e nem planejamento urbanos para o enfrentamento dos seus maiores problemas que, além de inviabilizar a própria economia, inviabilizam a vida nas cidades. Os laços de solidariedade, de fraternidade, de amizade que a cidade criava, hoje desapareceram pois, a qualidade de vida, a pressa, a competição e as dificuldades de toda ordem, retiraram tais valores da convivência humana. Só ficaram a violência urbana, a poluição e a destruição de riquezas e valores insubstituíveis e não renováveis!

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