FINAL DE ANO: NADA A CELEBRAR, NEM A ESPERANÇA!
O cenarista é como noivo: otimista sempre! Mas, por mais que se queira acreditar nos destinos do País, principalmente dos rumos e tendências de sua economia, mesmo diante da chamada “visita da saúde”, que foi o crescimento de 0,70% do PIB, neste último trimestre — diante do crescimento negativo do penúltimo, o que permitiu elevar a taxa anualizada de crescimento, para 2,4%, mais de 140% da alcançada em 2012, que foi de 1%, — mesmo assim, não dá para acreditar que o amanhã vai ser melhor.
E, se se levar em conta os dados americanos, com o crescimento ali alcançado neste terceiro trimestre de 3,4%, além do acordo assinado, entre republicanos e democratas, em termos do orçamento, para os próximos dois anos, então a coisa, se fica boa para eles, não fica nada boa para os emergentes, particularmente o Brasil!
E, segundo os analistas econômicos, as perspectivas para a maior economia do mundo, são de que, o FED, já começa a acenar com o fim da injeção de 85 bilhões mensais de estímulo à economia americana e, consequentemente, isto provocará uma elevação das taxas de juros mundiais!
E, para desespero dos gestores da política econômica nacional, as consequências serão juros mais altos e ofertas menores de recursos para investimentos, em paises como o Brasil!
Também para agravar o pessimismo, não dá para aceitar que, como disse a Presidente Dilma, em relação à inflação, que está o país, “dentro da meta”! Ora, a pergunta é que meta se referia a Presidente, porquanto a do Banco Central e a do mercado, é 4,5%! Pelos prognósticos dos especialistas, a inflação deve alcançar algo como 5,78 a 5,86, este ano! E isto, portanto, situa-se bem acima da tal da meta de inflação, estabelecida em 1999! Aliás é bom consignar que a meta de 4,5%, representa um índice muito elevado, diante do que os países hoje estão praticando como aceitável, para o comportamento dos preços da economia.
Adicionalmente, os dados das contas externas não ficam para trás e mostram, também, um quadro muito nebuloso. E, que não se veja o balanço ora feito como uma espécie de “Requiem” para o ano que se finda nem a antecipação dos dois anos de vacas magras que serão 2014 e 2015! De fato, os resultados alcançados, diante do que era esperado e do que foi prometido, ficaram muito aquém do desejado.
A situação é deveras preocupante porquanto o Brasil, em termos de desempenho econômico, ficou no penúltimo lugar no G-20, mesmo com todas as enormes dificuldades dos países da Zona do Euro. Para se ter uma idéia da crítica situação, a própria França teve um crescimento negativo, se é que se pode qualificar de melhor que o Brasil, pois o desempenho da economia foi de -0,1% lá para os franceses contra o -0,5% dos tupiniquins!
A ameaça de rebaixamento do “grade” de investimento do Brasil, divulgada amplamente na mídia internacional, pelas agências de “rating”, já chega ao extremo de o Brasil vir a deixar de fazer parte dos BRIC’s, segundo o declarou o CEO da Standard & Poor. criador do conceito desses novos países emergentes. Ele declarou, em alto e bom som que, se não houver uma ação de governo para praticar uma dura austeridade fiscal e medidas destinadas a aumentar a taxa de investimento, então o Brasil sofrerá duras restrições do mercado internacional!
E, para maior desânimo dos agentes econômicos, a declaração do Ministro Mantega de que o País sofre diante “de duas pernas mancas: a redução do crédito para estimular o consumo e a queda nos investimentos” O que o mercado não concordou e viu a declaração como algo que poderia, com certeza, nunca ter sido pronunciada. Aliás, o que deveria estar preocupando o Ministro é a perspectivas das empresas brasileiras terem seu grade rebaixado e, consequentemente, virem a ter dificuldades de acesso a créditos no mercado internacional.
Se se fatiar a análise, examinando, não apenas o quadro geral da economia, o ânimo dos agentes econômicos e as tendências esperadas para o mercado e se buscar a análise dos fatos e circunstâncias, a partir do desempenho dos chamados Três Poderes da República, a avaliação do que ocorreu ao País é de uma enorme frustração, tanto dos agentes econômicos como da população em geral.
O Congresso Nacional não surpreendeu. Nada de reforma política, nem busca de ganho de transparência e nem sequer a votação de uma pauta que atendesse as grandes demandas do país. Até a votação do voto secreto não atendeu ao que a sociedade esperava.
Aliás, diferentemente do que ocorreu com o Judiciário que, pela teimosia e determinação de Joaquim Barbosa, as pessoas começaram acreditar que agora se pode estabelecer alguma esperança de que transformações na administração da justiça tenderão a reduzir o grau de impunidade que domina a cena, no Legislativo nada de novo sob o sol!
Barbosão vem acalentando o sonho de que a justiça deixará de ser tão lenta, tão discriminatória e tão injusta, quanto tem sido até hoje. E, todos tem consciência de que a democracia só opera quando há justiça, liberdade de imprensa e duro combate a impunidade!
Quanto ao Executivo, lamentavelmente, nada se pode dizer de positivo, a não ser que, tardiamente, o Governo acordou no caso das concessões, embora na área de ferrovias e de portos a coisa ainda vai devagar! E isto sem falar nos desequilíbrios de toda ordem e da desorganização dos fundamentos da economia.
Como em economia não se acredita de milagres, o que se pode torcer é que o governo faça menos bobagem, siga os “scripts” tradicionais na formulação e condução da política econômica, retome um diálogo com o mercado e melhore o ambiente econômico!
Não entendi!
Após viver a submissão de Delfim aos governos militares, e a submissão atual ao governo Dilma, é oportuno imaginá lo numa Ditadura religiosa passando seus dias com terço na mào e fazendo citações bíblicas!