BRASIL, UM PAÍS DE LEITURA COMPLICADA!

Há uma quase unanimidade, entre analistas econômicos, empresários e classe média, relativamente aos rumos que tomará o Brasil. Todos parecem se mostrarem preocupados com os rumos da economia nacional. A grande maioria desses segmentos mencionados, bem como a mídia nacional, acha que os problemas conjunturais e estruturais do País, estão chegando a níveis deveras difíceis de serem controlados e, daqui a pouco, até de serem revertidos.

Será um pessimismo improcedente, talvez fruto apenas da ignorância sobre fatos e perspectivas econômicas que só o governo dispõe de tais dados? Ou será uma tendência conspiratória das elites de se colocarem contra o governo popular do PT?

Agora mesmo o jornalista Clóvis Rossi faz coro com o Ministro Guido Mantega quando o Ministro afirma que empresários, classe média e alta, mídia, classe política e outros segmentos, que não rezam pela cartilha do PT e do governo, mostram “nervosismo” e externam pessimismo com o andar da economia e quanto as suas perspectivas para 2014 e 2015.

É claro que, tanto o jornalista como o Ministro reconhecem que o déficit externo pode gerar problemas para o crescimento; que a inflação ainda não está sob total controle e, que existem gargalos de infra-estrutura e de oferta de mão de obra que dificultam o melhor desempenho da economia.

Mas, no mais, mesmo sendo pífio o crescimento, sendo o superávit primário insatisfatório para pagar os juros da dívida e os déficits fiscal e previdenciário tenderem a avançar bastante, mesmo assim, segundo os mesmos, vive o Brasil uma situação de pleno emprego — desemprego na faixa de 4,5% — e a dívida interna líquida caiu de 36,3% para algo como 33,5%, mostrando que, só os rentistas e os que recebem uma fábula de remuneração dos cofres públicos, é que estão a se queixar.

A grande maioria da população, os chamados filhos do Bolsa Família, estes não têm queixas, não se interessam pelo superávit primário e, até agora, como a inflação, para os mesmos, foi de apenas de 5%, não se preocupam com esse possível amanhã que os “privilegiados” teimam, injustificadamente, a temer!

Para o governo federal e para os analistas com viés de esquerda, nada estaria a preocupar nem tampouco a justificar o pessimismo de agentes econômicos que, com sua atitude, numa “verdadeira guerra psicológica”, como disse a Presidente, só estimulam as agências de “rating” a criarem embaraços para o País, na proporção que estão desestimulando investidores a aplicarem nos emergentes!

O que é difícil na leitura desse país, é que os jornais, a cada dia, estão mais e mais recheados de más notícias que deixam perplexos analistas e agentes econômicos, notadamente aqueles que não tem compromissos ideológicos ou partidários com quem quer que seja.

Agora mesmo três bancos dos EUA recomendam menos investimentos nos países emergentes e a agência de “rating”, S&P, alertou ao Brasil que, se não houver uma mudança radical na política fiscal do País, ainda nesse semestre, reduzirá o seu “grade” o que, além de desestimular o ingresso de recursos externos no País, já começou a provocar uma queda de 1,07 nos negócios da BM&F/BOVESPA.

Também, o balanço de saída de recursos do País, tendo alcançado 12,2 bilhões de dólares, o qual é o maior, em 11 anos e, preocupa porquanto, para 2014, porquanto a previsão do governo é a de que o déficit da balança comercial e de serviços, deverá atingir 80 bilhões de dólares, representa outro dado que incomoda qualquer gestor sério de política econômica.

Quando se diz que o Brasil é um País de leitura complicada é porque, segundo o governo e seus aliados mais diretos, a situação fiscal, previdenciária, de desequilíbrio externo, de crescimento pífio e de inflação, em patamar elevado e que está sendo segura, a fórceps, pelo governo, não seriam elementos que deveriam gerar preocupações maiores. O que, “data venia”, como dizem os bacharéis, não corresponde a verdade.

Ademais, o país complica o simples, haja visto o caso das concessões que, só depois de o governo insistir nas teses estatizantes relacionadas às referidas concessões e ver frustrada as suas intenções, até com licitações desertas, então o governo descobriu, tardiamente, que deveria respeitar o mercado e seus ditames, mesmo subordinando-os aos interesses da sociedade. Só aí a coisa começou realmente a andar.

Mas, essa mudança de postura, específica para um setor, teria que ser, não apenas uma atitude pontual e específica, como foi para as concessões de rodovias mas, numa visão geral do estado como um todo e sua forma de gerir os seus destinos, para todas as suas ações. A questão, como comentado por esse analista, faz dois dias, aqui nesse mesmo espaço, sobre o que poderia o Brasil aprender com o comunismo chinês, no que diz respeito à abertura, à democratização, à modernidade e a integração e complementariedade, nesse mundo globalizado, poderia ampliar os seus horizontes de oportunidades.

Agora mesmo, o Presidente da França, François Hollande, um socialista histórico e convicto, afirmou, em alto e bom som, de que era necessário “menos estado e mais sociedade”, “liberação das forças criativas e inovadoras da sociedade”, “despertar o empreendedorismo”, “facilitar a vida dos cidadãos e da sociedade e não garroteá-la com visões dogmáticas e vencidas no tempo. Enfim, entre as propostas do Presidente Francês e as decisões do PC Chinês, verifica-se que dirigentes lúcidos não se perdem em conceitos jurássicos e ultrapassados, como sói ocorrer por estas plagas, mas buscam soluções de compromissos capazes de dar respostas aos dramas e desafios das sociedades!

É preciso repensar a forma de pensar o País. É preciso acabar com os estatismos, os ideologismos, os estereótipos de toda ordem, bem como com os oportunismos e as simplificações rasteiras que dominam a discussão dos problemas nacionais.

Com espíritos desarmados e não escorregando pelos lodosos caminhos da baixaria na discussão da sucessão presidencial — as agressões do PT a Marina e a Eduardo Campos, como parece que, desaprovadas pelo próprio Lula, ao quase afirmar que tal atitude representava uma espécie de tiro no pé — será possível construir uma agenda limpa, legítima e adequada para enfrentar os dilemas, os desafios e os entraves que emperram o desenvolvimento nacional.

Não dá para ficar copiando os Maduros, as Cristinas, os Rauls, os Presidentes do Equador e da Bolivia, acreditando que a cultura inferior pode agregar lições à cultura superior. Não dá mais para ficar assistindo a essa baboseira que é o Mercosul e esquecendo a aliança com os países do Pacífico que facilitaria e tornam mais competitivas as exportações para a Europa, os Eua e a Asia. Não se pode mais deixar de lado a chance de acordos bilaterais com a União Européia e com outros parceiros relevantes nesse novo mundo que se descortina para todas as nações governadas por verdadeiros estadistas.

É hora de aprender lições com quem tem história, tradição e está dando certo!

Um Comentário em “BRASIL, UM PAÍS DE LEITURA COMPLICADA!

  1. Tem toda a razão o Cenarista. E bota complicada nessa leitura. Atrevo-me a estender ao país o popular adágio baiano: Pense em um absurdo. Com certeza ele já aconteceu na Bahia. O pior de tudo é ver uma parte da sociedade – leia- se schoolars e pundits, em geral – insistir que o precipício está cada vez mais próximo e outra parte deste mesmos personagens insistirem, por sua vez que continuamos atravessando apenas uma marolinha. Como provavelmente não se encontram entre os que serão chamados para pagar a conta, caso caiamos no abismo, resta a nós, o povo, continuar torcendo para – como já disse o próprio cenarista – que Deus continue abençoando este país tropical.

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