E O QUE É QUE A GENTE VAI FAZER?

Este cenarista sente-se deveras honrado e gratificado, diante da quantidade de manifestações de apreço, de respeito e de aprovação do ultimo texto aqui publicado que, longe de pretender ser uma análise de qualquer aspecto da própria vida nacional, representou apenas mais uma espécie de desabafo, diante desse verdadeiro “universo em desencanto” em que se tornou o Brasil.

Até 2008, aparentemente, ia o Pais bem, chegando a se transformar no “queridinho” dos investidores internacionais e numa nação que conseguia compatibilizar o fortalecimento e respeito institucional com o dinamismo econômico, o resgaste de parte da dívida social e o angariar credibilidade e respeito, internacionais. E, de repente, o Brasil começou a desandar, a se desorganizar e a mostrar uma total incompetência para admistrar os seus problemas e desafios.

Dizem muitos analistas que Lula, sabiamente, fazia o que tinha talento e competência para tanto, que era exercer a política, em todos os momentos e em todos os níveis. Deixava a gestores, por sinal, considerados pelo mercado, profissionais da melhor qualidade, máxime nas áreas econômica e financeira, a total atribuição e a necessária delegação de competência para gerirem as políticas públicas do País.

Agora, toda essa humildade de Lula, mesmo que fosse industrializada, foi jogada no lixo pela sua sucessora e, o que ficou foi a prepotência, a arrogância, a incompetência e a insensibilidade dos gestores públicos, auxiliares da Presidente, de entenderem os sinais que o mercado, quer interno quer internacional, tem enviado, nos últimos tempos.

E, se insiste o cenarista que os tempos hoje são bicudos, isto decorre de algumas constatações que assustam. A ética, como se verifica diante do caso dos mensaleiros e outros escândalos, foi mandada às favas, justificando-se tudo que é desvio de conduta com o princípio de que, “sempre se fez isso. Ou, “tudo quanto é de político faz e age assim”. A antiga Lei de Gerson — aquela de levar vantagem em tudo — voltou a prevalecer e a ser aplicada, de forma praticamente universal, no País, só que revista, ampliada e melhorada. Também, o que se observa, é que a lógica da esperteza sobrepôs-se à lógica da incerteza.

A corrupção, que antes era como que pontual, passou de episódica para quase endêmica. Por outro lado, a mediocridade tem sido a tônica marcada pela presença dos sindicalistas no Governo, pesada e amplamente aparelhada, pelo partido. Substituiu-se a meritocracia pelo compadre político-partidário.

A crise de confiança no governo é tamanha que o ex-ministro Delfim Netto, conselheiro econômico da Presidente, afirmou, em artigo na Folha de São Paulo, que levará tempo para que se restaure a confiança dos mercados e dos investidores e isto representará um custo, em termos de baixo crescimento, de, pelo menos uns três a quatro anos!

No campo da gestão dos negócios de governo, os fundamentos da economia precisam ser resgatados; a lei de responsabilidade fiscal, hoje não cumprida por 14 estados, precisa ser respeitada e retomada; os investimentos do PAC não podem ficar restrito apenas ao “Minha Casa, Minha Vida”, enquanto os gargalos de infra-estrutura física e na área de mobilidade urbana, transferem um peso de ineficiência enorme ao setor privado; a balança comercial, cujo déficit chegou a 11 bilhões, em Janeiro, após 13 anos que tal não ocorria, só pode melhorar se se reduzirem as limitações do segmento de transportes, de operação dos portos e se, houver como reduzir a carga tributária; os incentivos fiscais não podem mais ser concedidos a segmentos específicos, sem resultados objetivos a não ser a criação de maior desequilíbrio dos preços relativos. E, lamentavelmente, o país não pode se contentar em crescer apenas de 1,5 a 1,8%, nem aceitar uma inflação real que vai acima da meta superior, sob pena de comprometer os indicadores de desemprego e ampliar a desconfiança internacional, com risco efetivo, de rebaixamento do “grade” de investimentos do País.

Isto é, portanto, um retrato de um país que, repita-se, até 2008, com os bons ventos do mercado internacional e da liquidez em alta, talvez tenha encoberto os seus problemas estruturais e aspirar a atingir, até mesmo, a colocação de quinta economia do mundo.

Agora, embora Dilma tenha prometido um corte de 44 bilhões no Orçamento, os analistas acham que ela terá dificuldades de cumprir a promessa, não só diante do problema de socorro as empresas de energia elétrica, na possível aprovação, pelo Congresso, do piso salarial do SUS e da criação de novos municípios, dentro de uma quadra de pressões exacerbadas, por mais gastos do setor público do País.

Adicionalmente, este ano o governo federal não deverá contar com receitas extraordinárias como foram aquelas, de 2013, provenientes do REFIS, do leilão do Campo de Libra e de leilões das concessões de rodovias, pois elas deverão ser bem mais magras, neste ano.

Se já não fosse grande a confusão, 22 das obras de mobilidade urbana país afora, já foram consideradas inviáveis, em termos de concretização até a Copa do Mundo; o PAC continua em crise apesar da promessa de lançamento do PAC 3, quando nem o número 1 foi concluído e, a retomada de investimentos privados parece não ter chances de ocorrer!

Se isto não bastasse, quem tem um time com Mantega, Mercadante, Ideli e outros talentos, não pode reclamar de problemas e dificuldades. Já tem o suficiente dentro de casa. No mais, fica só a pergunta no ar: Por que o pessimismo, o desentusiasmo, o desencanto? Porque os fatos superam as promessas, as fantasias criadas pelos marqueteiros e os compromissos assumidos pela própria Presidente!

No próximo comentário, este cenarista pretende examinar uma questão que preocupa a todos os brasileiros, que é a questão da Petrobrás que, indevidamente usada como instrumento de auxiliar no controle da inflação, reduziu o seu valor de mercado a quase um terço e, a contribuição da instituição ao pagamento de impostos saiu de 2,1% para 1,6%! E, toda a crise da Petrobrás disseminou-se pela economia como um todo de tal forma que, até o setor sucroalcooleiro entrou em quase colapso.

2 Comentários em “E O QUE É QUE A GENTE VAI FAZER?

  1. Asa,

    Vou reunir reflexões melhor fundamentadas para demonstrar que a crise da Petrobrás mostra os descaminhos da economia nacional. Concordo com sua apreciação!

  2. Como havia previsto o cenarista, os sinais de esgotamento do atual governo acompanham o despreparo, cada vez mais evidente, da economia, em resistir a prevista, divulgada, publicada e totalmente ignorada pelo governo, inversão do fluxo de capitais. Agora, pelo que se pode deduzir do texto, o desenlace pode vir antes do que esperam os observadores da cena política nacional. Aguardaremos a análise do que reserva o futuro para a gigante do petróleo, pois é inequívoco o relacionamento entre o desenvolvimento do país e o valor,da Petrobras.

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