A SUCESSÃO COMEÇA A ESQUENTAR!

Apesar dos respeitáveis membros da oposição terem tido apenas espasmos de presença na cena político-eleitoral e, apresentarem uma frágil avaliação critica do quadro no Pais, já que não são conhecidas as suas idéias e propostas para um novo Brasil, a sucessão marcha! E, por enquanto, para os menos avisados ou os mais aligeirados, a avaliação é a de que Dilma, apesar de tudo, ainda poderá ganhar no primeiro turno.

Para tornar a discussão, se não mais aquecida mas, pelo menos morna e provocar algum debate, são colocados os nomes de Marina Silva e de Joaquim Barbosa, na lista dos pretensos postulantes, levando a que os institutos concluam que, com eles no jogo, necessariamente, a disputa marcharia para um possível segundo turno.

A colaborar com a ainda amorfa oposição, notadamente para que se abra e se acalore o debate em torno de questões urgentes para o País, há alguns elementos e ponderações que poderiam estimular aqueles que discordam do poder instalado. Talvez isto poderia levá-los a empreender incursões mais sérias e mais objetivas, num confronto de idéias e de propostas, de forma a estabelecer um questionamento sobre problemas que, de há muito, incomodam a Nação sem que haja respostas daqueles que ora ocupam o poder!

E, o que pode ajudar a Oposição? Em primeiro lugar, fatos e circunstâncias estão mexendo com a popularidade de Dilma que, melhor analisadas, podem ter como causas, nao apenas o impacto da deterioração da economia e seus efeitos sobre os emergentes — a nova classe média que, segundo estudos recentes, teve uma impacto inflacionário, no seu poder de compra, não igual ao da inflação oficial, que foi no entorno de 6%, mas algo em torno de 20%! –; as desconfianças do mercado e dos investidores internacionais; tambem e, adicionalmente, as dificuldades de relacionamento de Dilma com a classe política e com empresários!

Até 2008, aparentemente, ia o Pais bem, chegando a se transformar no “queridinho” dos investidores internacionais e numa nação que conseguia compatibilizar o fortalecimento e respeito institucional com o dinamismo econômico, com o resgaste de parte da dívida social e com a busca em angariar credibilidade e respeito, internacionais. E, de repente, o Brasil começou a desandar, a se desorganizar e a mostrar uma total incompetência para admistrar os seus problemas e desafios.

Dizem muitos analistas que Lula, sabiamente, fazia o que tinha talento e competência para tanto, que era exercer a política, em todos os momentos e em todos os níveis. Deixava a gestores, por sinal, considerados pelo mercado, profissionais da melhor qualidade, máxime nas áreas econômica e financeira, a total atribuição e a necessária delegação de competência para gerirem as políticas públicas do País.

Agora, toda essa humildade de Lula, mesmo que fosse industrializada, foi jogada no lixo pela sua sucessora e, o que ficou foi a prepotência, a arrogância, a incompetência e a insensibilidade dos gestores públicos, auxiliares da Presidente, de entenderem os sinais que o mercado, quer interno quer internacional, tem enviado, nos últimos tempos.

E, se insiste o cenarista que os tempos hoje são bicudos, isto decorre de algumas constatações que assustam. A ética, como se verifica diante do caso dos mensaleiros e outros escândalos, foi mandada às favas, justificando-se tudo que é desvio de conduta com o princípio de que, “sempre se fez isso. Ou, “tudo quanto é de político faz e age assim”. A antiga Lei de Gerson — aquela de levar vantagem em tudo — voltou a prevalecer e a ser aplicada, de forma praticamente universal, no País, só que revista, ampliada e melhorada. Também, o que se observa, é que a lógica da esperteza sobrepôs-se à lógica da incerteza.

A corrupção, que antes era como que pontual, passou de episódica para quase endêmica. Por outro lado, a mediocridade tem sido a tônica marcada pela presença dos sindicalistas no Governo, pesada e amplamente aparelhada, pelo partido. Substituiu-se a meritocracia pelo compadrio político-partidário.

A crise de confiança no governo é tamanha que o ex-ministro Delfim Netto, conselheiro econômico da Presidente, afirmou, em artigo na Folha de São Paulo, que levará tempo para que se restaure a confiança dos mercados e dos investidores e, isto representará um custo, em termos de baixo crescimento, de, pelo menos uns três a quatro anos de pibinhos!

No campo da gestão dos negócios de governo, os fundamentos da economia precisam ser resgatados; a lei de responsabilidade fiscal, hoje não está sendo cumprida por 14 estados, precisa ser respeitada e retomada; os investimentos do PAC não podem ficar restrito apenas ao “Minha Casa, Minha Vida”, enquanto os gargalos de infra-estrutura física e na área de mobilidade urbana, transferem um peso de ineficiência enorme, ao setor privado; a balança comercial, cujo déficit chegou a 11 bilhões, em Janeiro, após 13 anos que tal não ocorria, só pode melhorar se se reduzirem as limitações do segmento de transportes, de operação dos portos e se, houver como reduzir a carga tributária; os incentivos fiscais não podem mais ser concedidos a segmentos específicos, sem resultados objetivos, pois o que geram são maiores desequilíbrios dos preços relativos. E, lamentavelmente, o país não pode se contentar em crescer apenas de 1,5 a 1,8%, nem aceitar uma inflação real que vai acima da meta superior, sob pena de comprometer os indicadores de desemprego e ampliar a desconfiança internacional, com risco efetivo, de rebaixamento do “grade” de investimentos do País.

Isto é, portanto, um retrato de um país, repita-se, que até 2008, com os bons ventos do mercado internacional e da liquidez e oferta de fundos, em alta, talvez tenha encoberto os seus problemas estruturais e, assim, pode aspirar a atingir, até mesmo, a colocação de quinta economia do mundo.

Agora, embora Dilma tenha prometido um corte de 44 bilhões no Orçamento, os analistas acham que ela terá dificuldades de cumprir a promessa, não só diante do problema de socorro as empresas de energia elétrica, na possível aprovação, pelo Congresso, do piso salarial do SUS e da criação de novos municípios, dentro de uma quadra de pressões naturais exacerbadas, por mais gastos do setor público, no País.

Adicionalmente, este ano o governo federal não deverá contar com receitas extraordinárias como foram aquelas, de 2013, provenientes do REFIS, do leilão do Campo de Libra e de leilões das concessões de rodovias, pois tais receitas deverão ser bem mais magras, este ano.

Se já não fosse grande a confusão, 22 das obras de mobilidade urbana, país afora, já foram consideradas inviáveis, em termos de concretização até a Copa do Mundo; o PAC continua em crise, apesar da promessa de lançamento do PAC 3, quando nem o número 1 foi concluído e, a retomada de investimentos privados parece ter muito poucas chances de ocorrer!

Se isto não bastasse, quem tem um time com Mantega, Mercadante, Ideli e outros talentos, não pode reclamar de problemas e dificuldades. Já tem o suficiente dentro de casa. No mais, fica só a pergunta no ar: Por que o pessimismo, o desentusiasmo, o desencanto de muitos formadores de opinião de analistas do cenário nacional? Porque os fatos superam as promessas, as fantasias criadas pelos marqueteiros e os compromissos assumidos pela própria Presidente!

No próximo comentário, este cenarista pretende examinar uma questão que preocupa a todos os brasileiros, que é a questão da Petrobrás que, indevidamente usada como instrumento auxiliar no controle da inflação, reduziu o seu valor de mercado a quase um terço e, a sua contribuição ao pagamento de impostos que caiu de 2,1% para 1,6%, do PIB! E, toda a crise da Petrobrás disseminou-se pela economia como um todo de tal forma que, até o setor sucroalcooleiro entrou em quase colapso. Embora a obtenção de um robusto lucro neste mês pode mudar o clima e o ambiente na estatal.

Se tal não bastasse, sendo o PT mais dividido em mais alas que escola de samba, com os seus interesses particulares e localizados pressionando por respostas e a sua limitada visão estratégica do processo político, isto ajudará a quem souber aproveitar de tais divisões e divergências dentro da agremiação.

Adicione-se a isso o fato de que, nos dias que correm, as esquerdas, mais do que nunca, não se unem nem mais na cadeia como no passado e, os varios partidos, de um modo geral, não tem qualquer motivação de se aliar ao PT.

Por outro lado, o tal movimento, de dentro do PT e, com apoio de muitos empresários, bem visto e bem recebido pelo seu beneficiário direto, o “Volta, Lula”, encontro amparo e suporte de partidos como o PMDB e outros menos votados que, até hoje, não engolem a forma desinteressada, grosseira e discriminatória como são tratados por Dilma e a sua “entourage”.

Portanto, Lula, pela sua vaidade e, em função dos interesses de petistas e aliados, em não correrrem risco de perder o poder, podem alterar o jogo e mudar o perfil do processo sucessório.

O proprio discurso de petistas, aliados e, até mesmo, críticos do governo Dilma, de que o governo Lula foi muito bom e o de Dilma tem problemas de toda ordem e nada do que algum aliado possa se orgulhar, pode ser perigoso para a Oposição, mas pode, também abrir possibilidades para estruturação de um discurso em cima da ética e dos escândalos que se fizeram presentes no governo do ex-presidente! Ademais, Dilma, escanteiada, irá trabalhar num discurso que lhe salve a biografia e, talvez, magoada e ressentida,apontar a herança maldita recebida de Lula.

Claro que ainda se espera que Aécio e Eduardo Campos, apresentem ao País, as suas idéias, as suas propostas, as suas criticas e o seu projeto para o Brasil pois, ate agora, eles não conseguiram formular algo que sensibiliza e mobilize, pelo menos, parte da sociedade, em torno de algumas idéias alavancadoras de estímulos e suscitem paixões pelos próprios candidatos.

Todo mundo sabe o que Lula esta careca de saber: poder é bom! E Lula bem sabe que, para o poder prevalece aquela máxima de que, o bom do poder é que você, detentor dele, “prende e solta; cobra e paga; admite e demite”. E, nenhum cristão, em sã consciência e detentor de controle sobre as suas faculdades mentais, nao abre mão dele e sabe que, poder não se transfere e nenhum liderado, por mais leal que seja, se comporta como um guardador do poder. Ele assume como dele e, o possível criador sabe que a criatura, de um modo geral, é mais “falsa que tábua de fojo”.

E, nesses tempos de abandono da ética e de princípios morais, o que dizem os políticos é que “melhor do que este governo, só o que vai vir”!

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