ESTÁ TUDO TÃO CONFUSO!
Os novos dados relacionados a economia não espargem luz sobre o cenário vivido pelo País. Ou seja, não dão qualquer indicação de que as coisas tenderão a melhorar. Também não alteram as perspectivas de transformação, de dinamização e de crescimento sustentável, para os próximos meses e, nem tampouco, para os próximos anos! Embora, tudo isto, embalados pelos sonhos da Copa, representam aspirações tão ansiadas pelo o Brasil e pelos brasileiros.
No campo social, além dos problemas das grandes e médias cidades — mobilidade urbana, transporte público, saneamento ambiental, qualidade dos serviços de educação e saúde, entre outros — que só tendem a se avolumar e a gerar uma situação de quase impasse, acumulam-se elementos de tensão e estresse para os cidadãos, como um todo. Ademais, as disputas de quem é o “pai do problema”, se a União, se o Estado ou se o município, continuam emgabelando o povo e não levando a qualquer solução ou encaminhamento de alguma saída para tais desafios.
Nas relações externas, o País fez uma opção preferencial por uma discutível parceria com o Terceiro Mundo e, a preocupação maior em manter em pé um projeto que já morreu — o Mercosul –, aliado a aliança com o bolivarianismo, só tem levado a perdas e danos para a diplomacia brasileira. E, aos poucos, tal postura vai distanciando o Brasil de apropriar-se dos benefícios dos acordos bilaterais com os Eua e a União Européia como sói ocorrer com o Chile, Peru, Colombia, Paraguai e Costa Rica, que já o fizeram.
Continua o País fazendo as suas opções preferenciais por Cesare Batisti, pelo cadáver ambulante de Hugo Chavez, pela contribuição pela conservação, em formol, de Fidel Castro, agregando-se o apoio à Republica Democrática da Coréia do Norte, pela China, especificamente daquilo que restou de Mao; à Rússia, contra a Ucrania, enfim, na rigidez ideológica que o sábio do Palácio, Marco Aurélio Garcia, tem estabelecido, de rumos, para a Casa do Barão do Rio Branco.
Na área istitucional, o enrosco que a articulação política comandada pela Presidente e seus brilhantes assessores — Mercadante, Ideli Salvatti, Ruy Falcão, Franklin Martins e o sábio dos sábios, o marqueteiro João Santana — geraram algo que nem o jogo de cintura, a esperteza e a excepcional capacidade de negociação de Lula, parece que conseguirá resolver, a contento e, em tempo hábil.
Não resta a menor dúvida de que o PMDB, visto por Dilma como a mais vil das prostitutas, a Geni da política, agora busca se transformar, como no romance de William Faulkner, na chamada ” prostituta respeitosa”, numa Geni revista e repaginada, em termos de compromisso e de ética de responsabilidade!
Claro que o PMDB tem características muito especiais que, em muitos casos, a sua atitude, postura e sua palavra empenhada, estão sujeitas a tantas dúvidas e incertezas que a credibilidade do partido e de seus líderes, hoje, é muito reduzida.
E isto lá tem suas razões em face de características, fatores e circunstâncias próprias da instituição. Na verdade, o PMDB, de princípio, não é um partido nacional, mas um conjunto de partidos regionais ou, melhor expressando, ajuntamentos de interesses locais ou regionais, sem qualquer discurso, a não ser, algumas vezes, intentando usar, para os menos avisados, o resgate da história que Ulysses sonhou para o seu “dileto” filho, o MDB (vai, filho meu, vai ao encontro do sol que é luz …). Infelizmente, sem interlocutores que mereçam ser os condutores da mensagem que tão bem honrou e ajudou a construir o velho timoneiro, o velho modebra se descaracterizou e, num pragmatismo exagerado, esqueceu as lições de seus grandes homens.
O enrosco é tal que, diante do conflito de interesses do PMDB com o governo, sempre acusado por Dilma e “companheiros” de oportunista, fisiologista e tão somente voltado para interesses menores, quando não escusos, a base de sustentação parlamentar de Dilma foi, temporariamente, minada e, aparentemente, foi para o espaço. Claro que, segundo a orientação de Lula, se Dilma souber ir “comendo a base pelas beiradas’, como ele assim procedeu em outras oportunidades, ela irá aliciar as correntes mais fisiológicas da coalizão e, com certeza, todo essa exibição de independência, ora demonstrada pelo PMDB e aliados nessa cruzada, vai se transformar numa ópera bufa.
Para os otimistas de plantão, o movimento do Deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e, a discriminação de Dilma em relação a ele, pode criar embaraços adicionais para Dilma na proporção em que, se o Presidente da Câmara “come na mão” de Eduardo Cunha, como amigos do Líder tem dito, “à boca pequena” e, se o mesmo controla parcela ponderável do partido e todo o PSC, ai a coisa nao será tão simples de ser resolvida. Cunha tem um discurso convincente para a base qual seja, sem a pressão dele não teriam sido liberadas emendas e, os palanques nos estados, no que diz respeito ao PMDB, ficariam prejudicados.
O governo espichou demais a corda em relação a Cunha e, desconheceu que, os líderes do PMDB, Camara e Senando, trabalham, muitas vezes, bem articulados e azeitados. Por outro lado, na proporção em que o líder do PMDB sabe, como ninguém, “repartir o boi”, ou seja, Eduardo Cunha sabe satisfazer os liderados e, numa visão estratégica, sabe manter as aspirações e sonhos dos que estão sob o seu comando, da maneira mais competente possível, ai fica mais difícil desestruturar a pressão do PMDB. Até agora não se conhece defecções dentro dos votos que derrubaram a matéria de interesse de Dilma, na última terça-feira.
Assim, as coisas no País, lamentavelmente, estão parecendo “um samba do crioulo doido”, porquanto, sem diretriz, sem rumo e, apenas apoiado na lógica de João Santana que, bater no PMDB angaria votos para Dilma, as coisas tendem a piorar porquanto mais e mais perde-se a agenda fundamental das urgências do Pais. Segundo Lula, não parece ser o caminho mais adequado, pelo menos, para esse que é, sem dúvida, o mais vitorioso dos petista, o metalúrgico.
Lula já pediu para mudar a condução da política econômica e não foi ouvido. Lula sugeriu uma reforma ministerial conducente a garantir a tranquilidade de uma sólida sustentação parlamentar, também não foi ouvido. Lula sugere que o Governo não rompa com o PMDB, mas Dilma, João Santana, Ruy Falcao e Franklin Martins e muitos petistas, acham que devem endurecer o jogo pois o PMDB não tem para onde ir. Lula advertiu Dilma que o agronegócio não está feliz com ela, mas ela tambem não deu muita bola. Ou seja, só agora eles buscam o Chefe para ser uma espécie de Interventor no processo atabalhoado de rearrumação da casa!
Lula esquadrinha eleitoralmente o País e compara as perspectivas atuais com o último pleito. E, descobre o óbvio, ou seja que, pelo menos, nos maiores colégios eleitorais, Dilma não repetirá o desempenho passado. Em São Paulo, Rio, Minas, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul, representam as situações onde ocorrerão mudanças as mais expressivas. No Nordeste, não é só a Bahia e Pernambuco que a coisa não vai bem. Ceará, Maranhão, Sergipe e Piauí, parece que o quadro não está tão favorável.
Por outro lado, na última pesquisa de opinião, Dilma perdeu quatro pontos percentuais e nada ocorreu que possa indicar ou a manutenção nos níveis de aprovação ou uma reversão de expectativas pois nenhum fato novo autoriza a tanto.
Adicionalmente, os debates não começaram, os conflitos regionais para a definição de palanques locais estão ainda incipientes e, considerando que o PMDB tem candidatos a governador em 20 estados e, pelo perfil do partido, o que lhe interessa é ter a maior bancada na Câmara e no Senado, para continuar “mandando”, indiretamente, no governo, sem ter os ônus de ser governo, então agora é que a “brincadeira” vai começar. Só se sabe que, no mínimo, a base, talvez, venha a cobrar uma fatura muito mais alta de Dilma para não “bagunçar” o coreto. É esperar para ver!
Mas, a estratégia de quebrar a espinha dorsal do chamado blocão já começou a ser operada pelo Planalto pois, com a garantia de ministérios a partidos menores da base, com o patrocínio de um racha entre Senado e Camara, diante da esperteza de Renam de abocanhar o Ministério do Turismo para um aliado seu, de um cargo que, de origem, seria de indicação do PMDB da Câmara, além da liberação de 4 bilhões de emendas, a coragem moral do “Blocão” pode está começando a ruir.
É, tá tudo complicado, dominado e sem perspectivas. E, para concluir, o STF, depois de dizer que não houve formação de quadrilha, no caso dos mensaleiros, agora também conclui que não houve crime de lavagem de dinheiro!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!