DÁ PARA RECUPERAR A ESPERANÇA?
Algumas pessoas que conhecem o cenarista, faz algum tempo, estranharam o comentário último onde ficou patente um sentimento de frustração e de desencanto ou seja, um amargo gosto de pessimismo nas suas manifestações sendo, potanto, bem distinto daquilo que sempre foi a atitude do comentarista.
Diante da reação e da cobrança de amigos, achando que o cenarista teria ficado amargo, procura o mesmo encontrar algumas razões que pudessem fazer com que se sentisse menos negativista ou menos pessimista como demonstrado no comentário.
Mas, chegou o cenarista a conclusão que a única forma de, talvez, fugir dessa armadilha e não se sentir enredado por essa asfixiante visão pessimista em relação ao Brasil, tanto ao seu hoje e ao seu amanhã, seria não ouvir, não ver e não ler nada que os veículos de comunicação publicam. Talvez, dentro da tese dos governistas, a única alternativa para não ser contaminado com que se ouve, ver e se assiste, seria ouvir a monocórdica propaganda do governo e o discurso dos seus proeminentes lideres.
Mas, é difícil assim proceder. Quando se assiste a Transamazônica completar 40 anos, continuando com, pelo menos, 800 kilômetros intransitáveis e gerando transtornos, prejuízos e aborrecimentos a tantos brasileiros, as pessoas de boa fé sentem-se frustradas e desencantadas.
Quando se ouve os líderes nordestinos, decepcionados com o andamento das obras de Transposição das Águas do Rio São Francisco, que se encontram muito atrasadas e com o custo da obra dobrado e, o pior, sem se saber, quando a obra vai tornar disponível a água, não apenas no “sertão bravo”, mas para todo o semi-árido, aí o pessimismo cresce! E, o pior, se se vive de sonho e de esperança, não se tem idéia de quando a obra permitirá que operem as adutoras do sertão, a integração das bacias e a recarga estratégica das barragens. E, quando isso ocorrer, só aí a água saciará a sede daquelas populações!
Nas áreas urbanas, a barbárie tomou conta de todas as cidades, até mesmo daquelas como Brasília, com crimes cometidos por bandidos, pela polícia — a estúpida morte da senhora carregada, ferida, num porta-malas de um carro da policia, sendo arrastada por mais de 300 metros! — e com a revolta da população que, só em Brasilia, incendiou quatro ônibus e vandalizou mais dois outros, aí cresce o temor, o medo e o próprio desespero com a insegurança disseminada por toda parte.
Agora, para aumentar as preoocupações, a crise energética tira o sono de muita gente, pois que todso temem que, talvez, o país venha a enfrentar racionamentos e, caso isso ocorra, além de todos os contratempos e prejuízos a serem enfrentados pela população, a tendência será um aumento da violência e da criminalidade, além do custo a ser pago pelo consumidor ou pelo cidadão pela incompetência da gestão governamental.
E o pior é que essa crise energética é uma crise anunciada. Em 2001, enfrentou o país um quase apagão. Dilma, ao assumir o Ministério de Minas e Energia, prometeu superar todos os estrangulamentos e gargalos do setor para que, “nunca mais”, o Brasil enfrentasse tal risco. Atrasos monumentais nas obras de novas hidroelétricas e das linhas de transmissão, além da lentidão no aproveitamento das fontes alternativas de energia — eólica, solar e nuclear — afora as incompetências gerenciais que caracterizaram esse itinerário de bobagens cometidas pelos agentes do governo federal, respondem pelo caos hoje vivido pelo setor.
De novo, este ano, diante de nada ter sido feito pelo governo da União, todos os estrangulamentos no escoamento da safra de grãos do Brasil, irão se agravar com a procissão de caminhões esperando para descarregar nos portos e, também, aumentando o tempo longo de espera para que os navios possam ser carregados o que, ano passado, representou um prejuízo de 2,5 bilhões! E, para este ano, diante de uma safra maior, pode chegar a 4 bilhões de reais o prejuízo.
Os dados de emprego recém divulgados mostram um desempenho pífio do País e, segundo a Federação da Indústria de São Paulo, naquele estado a queda no emprego foi de 3,1% e o esperado como resultado para o ano de 2014, será de um crescimento zero!
O “crack” domina o país de ponta a ponta, sem qualquer política de governo para enfrentar o problema. Agora mesmo, como o fenômeno do Presidio de Pedrinhas, no Maranhão, não se formulou nada sequer para aplicar os recursos na ampliação de vagas nos presídios e, nem sequer, pensar na melhor acomodação dos presos em quase todas as casas de detenção do País. No caso de crimes cometidos por menores, a leniência do governo é tamanha que a única proposta que a indignação do povo chega a ponto de sugerir, é a redução da maioridade penal.
O que é, Mon Dieu, que pode reestabelecer um pouco de esperança de que as coisas podem mudar para melhor?
Os radicais de parte a parte, se preparam para mostrar a sua insatisfação. Dia 22 desse mês, uma grande mobilização nacional da classe média, ocorrerá por todo o país, notadamente nas grandes e médias cidades, mostrando a sua indignação e revolta para com a leniência, leviandade e irresponsabilidade das autoridades brasileiras na prestação de serviços públicos essenciais e na condução das políticas públicas. Ela já foi tachada como algo de direita, chamada pela mesma denominação daquele movimento de 1964, cognominado de Marcha da Familia com Deus e pela Liberdade.
Já e já, os estudantes voltarão a ocupar as ruas, acompanhados dos vândalos do movimento “black blocs”, dos “white blocs” — os radicais de direita –, a infiltração de bandidos e de vândalos nas manifestações, patrocinados, muitas vezes, por partidos políticos ou patrocinados por aqueles que buscam a desmoralização da própria polícia.
Diante desse quadro, sem se considerar a perspectiva pouco animadora relativa a cumprimento da lei de responsabilidade fiscal, das metas de inflação, de busca de diminuição do desequilíbrio externo, a tentativa de colocar o aumento do pib, pelo menos na média mundial e outros “quetais”, a situação está mais para “jacaré do que para colibri”.
Não dá para ter ânimo, entusiasmo e alimentar esperança consequente. Ou teria? Se alguém tiver como tirar o cenarista do desânimo, não com sofismas, com manipulação de dados e nem com explicação que tudo é culpa da crise externa, que replique o que aqui está dito.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!