E DILMA MAIS SE ENROSCA!
Se fossem só os dados desfavoráveis das pesquisas — preferencia eleitoral cai para 37%, Aécio atinge 21,6% e Eduardo Campos alcança 11,8%, sem contar os participantes e concorrentes dos pequenos partidos — além do fato de que o índice de aprovação do governo ter caído de 36,4% para 32,9%, algo bem próximo do que ocorreu em julho de 2013 quando alcançou 31,3%. As coisas já se mostrariam deveras complicadas apenas com a tendência de desaprovação do governo — 46,1% desaprovam-na como presidente -! O que mostra que a maré não está para peixe é, sem que os mesmos houvessem feito ou dito ou proposto qualquer coisa de interessante, os atuais concorrentes ganharam os pontos que Dilma perdeu. Por outro lado, o clima de desespero nas hostes petistas, conforme declaração do Líder Deputado José Guimarães, de que é preciso, urgentemente, mostrar que Lula está com Dilma e, o “Volta, Lula!” não vai prosperar, demonstra, à saciedade, que as coisas tendem a se deteriorar mais e mais.
E, é preciso acrescentar que se fora apenas um momento circunstancial da pesquisa ou uma mera fase no humor do eleitorado como ocorreu após as manifestações de junho passado, isso poderia ser revertido com fatos novos ou com expectativas mais favoráveis. Mas não parece ser isto o que está a ocorrer. A questão é deveras mais grave pois representa uma convergência de problemas que, lamentavelmente, cada dia mais se agudizam.
As questões economicas, por si só, já carregam uma dose de pessimismo que atrapalha os planos de Dilma em termos de vender uma imagem de que as coisas não estão tão más ou que elas decorrem de um quadro internacional nada favorável. A argumentação é frágil e pouco convincente. Por outro lado, o conceito que foi vendido da Presidente de ser uma competente gerente, tem caído por terra com os fracassos dos PACs, da área energética, do enfermo programa Mais Médicos e do desastrado encaminhamento da política externa do Pais.
Até a idéia que começou a ser vendida, no inicio de seu governo, de que ela se portaria como uma faxineira cívica diante do desvio de conduta de seus auxiliares, foi sendo afrouxada, não só para garantir o respaldo político-institucional e parlamentar, mas, por pressão da base. Dilma teve que fazer concessões as diatribes de correligionários e de aliados.
Por outro lado, sofre Dilma de sua incapacidade intrínseca de cortejar os políticos e de não saber lidar com os seus problemas, expectativas e demandas às vezes, pouco respeitáveis! Por outro lado, por não ser uma petista de origem, mas pura por cruza, se assim se pode admitir, Dilma nunca foi muito engolida pelos petistas. E, ela também, pelo seu jeitão arrogante, prepotente e, muitas vezes, deselegante, distanciou companheiros e correligionários de seu circulo mais intimo.
Dilma ainda sofre do fogo amigo patrocinado pelos companheiros mais próximos de Lula e, pelo próprio que, por vaidade pessoal, alimenta a perspectiva de um “Volta, Lula” o que, convenha-se, tem gerado problemas os mais sérios para a caminhada de Dilma. Agora mesmo, o gesto do Lider do PR, fazendo a aposição do retrato de Lula em seu gabinete, representou uma afronta a Presidente.
Se esses problemas jå são suficientemente sérios e as expectativas sobre o andamento das questões mais urgentes e relevantes do País não são nada otimistas, as dificuldades com os palanques estaduais estão ainda mais complicadas, como ficou demonstrado no comentário de ontem. Ali, avaliando as perspectivas eleitorais de Dilma, estado por estado, vis-a-vis de 2010, não surge um colégio eleitoral, de maior densidade, que se possa esperar por uma vitória incontestável da Presidente.
Se o problema for analizado também dentro da perspectiva dos partidos que a apoiam, então a coisa vai se tornando cada vez mais complicada. O PT, como se diz, além de ter o fator desequilibrante Lula, parece mais uma escola de samba diante do numero de alas e, consequentemente, de pretensões. O velho PMDB, vai constituindo os seus palanques estaduais, face a sua formação e visão puramente parlamentarista, deixando Michel Temer prometendo o que não tem e o que não pode. O PSB e a Rede já estão fora da coligação. O Solidariedade de Paulinho da Força parece já afinado e acertado com Aécio. O PDT aguarda para ver “para onde as malas batem” saber que rumo tomar. E o PR, com o gesto do seu Líder na Camara, já sinalizou o que pretende fazer. O PSC já definiu que terá candidato próprio a Presidente, no caso o Pastor Everaldo. O PSD de Kassab já está de namorico com Alkimim, em São Paulo.
Enfim, se o espatifado é grande nas composições estaduais, agora pela posição dos partidos da base de sustentação do governo não há qualquer garantia que os supostos atuais aliados da Presidente marcharão, coesos, com ela.
Pelo que se pode concluir, a Presidente tem poucos graus de liberdade para costurar algo que não soube fazer com o tempo que passou na Presidencia e com os instrumentos com que contava. E, nessa espécie de “crepúsculo outonal da sua carreira artística”, vai ser muito difícil, para ela, construir alianças, gerar promessas e esperanças consequentes e criar um clima que seja favorável a sua reeleição.
Mas, caberá ao tempo, senhor da razão, dizer o que espera o Pais, o que aguardam os brasileiros e o que o destino oferecerá a Presidente. Não se sabe se a ingratidão dos correligionários, a atitude de um Lula de querer se colocar como um salvador da Pátria e, Dilma, como um general em seu labirinto, espumando ódio e lançando os seus ressentimentos sobre quem se colocar a sua frente ou no seu caminho, produzirá a desmontagem da estrutura de força e poder do petismo. Ou, como muitas vezes acontece no Brasil, pode ocorrer que nada venha a acontecer, prevalecendo a força de quem ora detem o poder e a mesmice de sempre.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!