VAI-SE A ESPERANÇA …

 

O Ministro Joaquim Barbosa surpreendeu a todos com o seu pedido de aposentadoria premido, segundo alguns, por questões de saúde — terríveis dores na coluna — e, segundo outros, pressionado pelo isolamento que lhe era imposto pelos seus colegas de Supremo. Ademais, os contenciosos com a sua própria classe, os advogados, criados por sua atitude contra vícios e pecados que marcam os que exercem hoje exercem a magistratura — lembram do denunciado “conluio entre advogados e juízes” ? — além de duras declarações sobre a urgente necessidade de reformar o judiciário, ampliaram tal isolamento.

Mesmo sendo acusado de prepotente, autoritário e pouco conciliador pelos seus pares e pelas várias instituições que representam os vários segmentos e estratos  que compõem o Judiciário, sofria duras e acerbas criticas, de quase todos os seus representantes. Fora do Judiciário era fortemente agredido e ameaçado pelos petistas, pelo seu duro e, quase inflexível comportamento como Relator da Ação Penal 470, mais conhecida como o Mensalão.

Barbosa não conseguiu concluir sua obra que envolvia várias ações para melhorar o desempenho da  justiça, a sua maior transparência e, acima de tudo, a sua maior democratização. Mas só o caso do Mensalão, como bem definiu em sua breve exortação na despedida de Barbosa, o Ministro Marco Aurelio Mello,  “exaltou o que se conseguiu com o julgamento do mensalão uma demonstração de que a justiça não alcança apenas os pobres, mas pune também os que podem muito”. Portanto, se não houve tempo hábil para que Joaquim Barbosa colocasse em prática todas as idéias relacionadas com a melhoria da qualidade e do desempenho da Justiça no Brasil, ficou patente que, mesmo um homem só, com determinação, competencia e a vaidade de buscar alcançar o respeito e a admiração de seus compatriotas, pode abrir caminhos para que as sociedades possam sonhar com dias melhores.

Não vale à pena lembrar o que não foi completado pelo Ministro, notadamente da faxina que se propunha a tentar empreender a frente do Conselho Nacional de Justiça, pois isto geraria mais  frustração aos brasileiros e aos verdadeiros cidadãos desse País.

E, com a sua saída, é bem provável que os mensaleiros não só reconquistem “o presumido ou pretendido” direito de trabalhar fora mas que obtenham uma revisão de suas penas!  E assim, “tudo como dantes no quartel de Abrantes” e devolver-se-á, ao povo, o desencanto com a justiça! As atitudes  tomadas, a ferro e a fogo pelo Supremo, diante da  intransigência e, de uma certa forma, da mobilização que Barbosa provocou na sociedade, agora já são coisas de um sonho frustrado que, temem muitos, pode vir a se transformar num grande pesadelo. Mesmo com todas as suas atitudes, muitas vezes controversas, com todo o seu autoritarismo, foi aquele furacão da ética e da decência que varreu o Supremo, em sua passagem e deixou marcas indeléveis nas mentes e nos corações dos brasileiros.

Dizem os advogados dos mensaleiros, muitos juízes e membros da OAB, que Joaquim Barbosa não deixará saudades. Dizem 16% dos brasileiros, eleitores e interessados em mudanças no país que, ele, sim deixará saudades pois eles o queriam candidato a Supremo Mandatário do País.

Alimentar sonhos e esperanças no Brasil está muito difícil. Até a Copa do Mundo de futebol já não sensibiliza tanto a velha Pátria de Chuteiras! Isto porque, não se tem uma notícia interessante ou uma lorota bem apresentada que faça abrir o sorriso no rosto  e faça brilhar o olhar do brasileiro. A economia teve o seu crescimento reavaliado e vai crescer uns minguadíssimos 1%, este ano. A inflação continua assustando apesar dos juros absurdamente elevados e das maquiagens e manipulações nos indicadores econômicos básicos. O Balanço de Pagamentos vai de mal a pior. As obras do PAC não andam e continuam tendo os seus orçamentos aumentados indicando, para muito, superfaturamento. Os indicadores de educação, saneamento e saúde, comparativamente aos demais países, envergonham tanto quanto a classificação do país no quesito corrupção, onde ele se sai bem. Se não fora o agronegócio o país já estaria a caminho de uma recessão, embora já se considera a atual situação, como de estaginflação.

E, o pior, não há debate político sobre uma agenda para o Brasil ou como reverter estas tendências tão pessimistas que as circunstâncias vão colocando diante dos patrícios. A eleição está em cima e, lamentavelmente, se o pessimismo dominava os agentes econômicos, agora perpassa toda a sociedade o que pode ser constatado pelo que publica a mídia e pelo que dizem as pessoas nas redes sociais. O que se ler é muita revolta, indignação,  pessimismo e cansaço, restando hoje, inclusive, pouco espaço para, até mesmo, a indiferença.

É uma grande pena o que ocorre com o país outrora campeão do otimismo, de um povo alegre e capaz de acreditar no seu hoje e no seu amanhã!

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