UMA EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA E OPORTUNA!
Vez por outra o cenarista parece que, enfastiado ou desestimulado ou sem inspiração, força uma pausa, um pouco alongada, nos seus comentários. As vezes as razões são fortuitas, outras vezes, circunstâncias especiais ou, inusitadamente, por preguiça de avaliar, mais profundamente, certas questões sob a falsa justificativa de não querer ser repetitivo. O fato é que, recentemente, por mais de quatro ou cinco dias seguidos, deixou o comentarista de apresentar novas análises dos quadros que se apresentam aos brasileiros.
A razão última foi o centenário da matriarca dos Lustosa da Costa, Dona Dolores, por acaso mãe do articulista desse blog. As festividades e a confraternização dos seus treze filhos, 58 netos, 63 bisnetos e um trineto, além das noras e genros, foi intensa e marcada por uma freqüência muito alta de participantes.
Mas, justificando a preguiça ou o argumento de não ser repetitivo, após a divulgação da última pesquisa Datafolha para a Presidência da Republica, esperavam-se desdobramentos, especulações e possíveis explicações para a queda de popularidade de Dilma e o que aconteceu com os seus contendores onde Aécio caia um ponto percentual e Eduardo Campos, cerca de 4 pontos percentuais.
No entanto, o que mais chamou a atenção na referida enquete, foram três fatos importantes e que devem ser analisados no contexto de tais resultados e das perspectivas e desdobramentos da sucessão presidencial.
Antes de qualquer avaliação ou conclusão precipitada, seria mais prudente esperar pelo que o outro instituto concorrente do Datafolha iria apresentar de resultados de sua investigação de opinião sobre o governo, sobre as preferencias eleitorais e sobre quem influenciará mais ou menos a cabeça do eleitorado.
Na verdade a última pesquisa do IBOPE, dada a conhecer dia 10 de junho, mostra Dilma com 38%, Aécio com 22%, Eduardo Campos com 13%, Pastor Everaldo com 3%, outros com 4%. Por essa pesquisa a ocorrência de segundo turno não é hipótese mas uma certeza. Diferentemente da pesquisa DataFolha, Aécio e Eduardo não caem e, os votos brancos, nulos e abstenção não alcançam os mais de 30% daquela investigação.
Mais, o mais interessante a avaliar são os dados regionalizados das preferencias eleitorais quando, pelo DataFolha, no Nordeste, Dilma parece continuar imbatível — ganha de 65 a 23% de Aécio — mas perde de 43 a 40% no Sudeste e de 40 a 36%, na Região Sul.
Parece que as preocupações de Lula e do comando petista tem muita razão de ser pois que, no Nordeste, o quadro que se desenha nos dois principais colégios eleitorais da região — Bahia e Pernambuco — mostra pouquíssimas chances de Dilma vencer Aécio Neves pois, nos chamados pastos de Eduardo Campos, ela deverá perder feio e, o que se desenha na Bahia, até o momento, é que Paulo Souto, ACM Netto e Geddel Vieira Lima, estão disparados nas preferências do eleitor.
Tanto é dramática a preocupação e, acreditando as hostes petistas e também Lula, particularmente, que as coisas estão se deteriorando para Dilma! que, o último tem feito duras criticas à condução da política econômica, pedindo urgentes mudanças pois que, acha ele que, a deterioração nas condições econômicas, a perda de poder de compra da renda familiar, a queda nos investimentos e o clima de pessimismo que domina os agentes econômicos, contamina o ambiente e resulta na desconfiança no governo e na ânsia de mudança que o mercado já está a demonstrar.
Um outro dado que preocupa o comando petista da campanha de Dilma é aquele que mostra que em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, só 23% aprovam o Governo Dilma e 46% afirma que não votam de jeito nenhum na Presidente. Também, preocupa deveras a postura de seu principal aliado, no caso, o PMDB que, ao reafirmar o apoio à reeleição de Dilma, o fez com o respaldo de 59% da Convenção com 40,8% declarando que não votam na Presidente.
Se estes dados não bastassem, antigos segmentos da sociedade civil outrora fidelíssimos ao PT, distanciaram-se — artistas e intelectuais, principalmente — além de profissionais da educação, da saúde, do agronegócio, do varejo e, até mesmo, gente do MST e de sindicalistas como a Força Sindical. Ademais, na última eleição para renovação dos quadros diretivos dos dois maiores fundos de pensão do País, no caso a PREVI do Banco do Brasil e a FUNCEF da Caixa, após mais de doze anos de controle dos petistas, viram a tucanada assumir o controle com uma vitõria de 30 a 22% no primeiro dos pleitos e dos fundos!
Também, um outro elemento relevante nessa análise é sobre quem influencia as preferencias eleitorais para a escolha do possível candidato a Presidente. Lula continua liderando com mais de 40% de pessoas que dizem votar segundo a sua opção mas, para surpresa dos próprios pesquisadores, 26% dos eleitores seguirão Joaquim Barbosa — quem diria? — e 12%, FHC! Somados Joaquim Barbosa e FHC, o resultado, no mínimo empata com Lula, porquanto, pelo que apanhou Joaquim Barbosa dos petistas, necessariamente quem o segue não vota no PT.
Portanto, embora indefinida a eleição, os dados mostram, a qualquer analista, que, dificilmente, os brasileiros deixarão de enfrentar uma eleição em dois turnos.
Finalmente, é bom refletir, para uma melhor apreciação do quadro e, o porque das preocupações de Lula com o desandar da economia, o que afirmou certa vez, um ex-assessor de Obama, o festejado economista americano Larry Summers quando dizia que “o maior estímulo para o crescimento de uma economia é a confiança”, mercadoria hoje em falta no mercado dos sentimentos brasileiros. E, para arrematar, fechando a relevância e o papel da economia em qualquer eleição, aquela observação que o marqueteiro de Cliton afirmou, grosseiramente, parece que ao próprio Clinton sobre a relevância da economia na política: “It’s the economy, stupid!”
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!