TRÊS FATOS RELEVANTES!
Três fatos para reflexão dos brasileiros. O primeiro, o mais agradável e o mais ameno, diz respeito ao processo de evolução da esquadra brasileira de futebol que, mesmo diante de toda a teimosia de Felipão em manter Fred e Paulinho, depois de alguns sustos no primeiro tempo, conseguiu ganhar de quatro tentos a um da equipe camaronesa.
Como este cenarista sugeriu em comentário faz alguns dias, no lugar de Paulinho deveria entrar Fernandinho. E, hoje, mais uma vez, viu-se que ele é fundamental para fechar os espaços no meio e, com Luiz Gustavo, fazer a cobertura dos laterais quando eles atuam como alas. Adicionalmente, Felipão já deveria ter entendido que jogar com centro-avante, é coisa ultrapassada e que nenhuma seleção ou equipe de sucesso — Holanda, Alemanha, Chile, entre outros — tem adotado. Portanto, seria muito mais adequado colocar Ramires no lugar de Fred e liberar a criatividade, a iniciativa e o faro de gol de Neymar, Oscar e Hulk que, assim descompromissado de marcação, poderiam produzir muito mais.
O segundo fato relevante e, ao mesmo tempo intrigante, diz respeito as declarações do Ministro Gilberto Carvalho que tem cobrado do PT “que procure refletir diante dos desgastes sofridos por Dilma e pelo partido”. Segundo o Ministro, que teve a coragem de afirmar, de maneira cristalina, que os xingamentos a Dilma “não partiram apenas, da chamada ” elite branca”, mas da avaliação de que o governo se locupletou com a corrupção e “otras cositas mas”. A visão de Carvalho é de que essa imprecação ou imputação de culpa ao PT e ao Governo “pegou” e, tal constatação, foi incorporada pelas classes menos favorecidas. Ou seja, mesmo a nova classe média surgida nos últimos anos, começa a incorporar a idéia de que os petistas e os “cumpanheiros” se apropriaram e se beneficiaram desses desvios de conduta.
Agora mesmo, o Ministro que já fora duramente criticado por dirigentes do partido pelas declarações sobre os xingamentos a Dilma, volta a carga e, mais uma vez, faz uma declaração que chocou os petistas e intrigou os adversários que, de maneira estupefacta, ainda procuram entender qual é a do Ministro ou o que se esconde por trás de tais declarações. Ao afirmar que “o PT alimenta a ilusão de que o povo pensa que está tudo bem”, numa visão da realidade objetiva, na verdade, isto reflete uma avaliação prudente de que os desgastes estão presentes e que é urgente una busca de um reencontro do partido com as suas origens e a sua militância. Até mesmo Lula tem feito severas críticas a política econômica bem como tem chamado a atenção para a extrema e urgente necessidade de mudar tal política e os seus gestores. E concluiu o Ministro dizendo que “acho que quando você não tem um bom diagnóstico não tem como estabelecer um adequado remédio “. E é essa a crítica que ele faz a atuação do governo e do próprio partido.
Tudo isto chocou a militância, os líderes partidários e, talvez, até Lula que pensa ou externou pensamento diferente relacionado ao episódio do xingamento de Dilma no Itaquerão. Mas o movimento do Ministro pode ser um reforço até mesmo ao “Volta, Lula” ou pode ainda representar uma tentativa de redefinir uma forma de voltar a estabelecer o reencontro do partido com a população ou, preferencialmente, com os filhos do bolsa-família.
O outro fato relevante da semana está relacionado com as acomodações e definições relativas as preferências eleitorais de partidos e de lideranças as mais representativas no cenário político do País. Os três últimos acontecimentos relacionam-se com as Convenções Partidárias que homologaram a candidatura de Dilma tendo como Vice, Michel Temer e as demais convenções ou ocorridas ou a ocorrer nesta semana. A Convenção do PMDB teve 41% de votos contrários à aliança do PMDB com o PT, o que é um indício de que o partido continua sendo um partido estadual e sem nenhuma vocação ou compromisso com um projeto de poder nacional.
O segundo fato é que, as acomodações nos estados estão criando problemas para a candidatura de Dilma e de Eduardo Campos. O que aconteceu no Rio, quando o movimento chamado de Aézão, teve mais um lance qual seja, a incorporação na chapa de Pezão, de César Maia, como candidato a senador e o aviso prévio de Sérgio Cabral e de Pezão de que o palanque deles estaria aberto para todos os candidatos, sinalizando, claramente, que a opção deles, Pezão e Sérgio Cabral, poderá ser por Aécio Neves.
Por outro lado, o PTB, através de seu atual presidente, ex-deputado Benito Gama, declarou, publicamente, que a opção do partido será por apoiar Aécio Neves enquanto o presidente do PP, Senador Ciro Nogueira, informava que havia liberado os diretórios estaduais a fazerem as composições que melhor atendam aos seus interesses, estando portanto, liberados para votarem no candidato a presidente que mais lhes convier.
No Ceará está praticamente definido que o Senador Eunicio Oliveira, candidato a governador do estado contra os desejos dos irmãos Gomes, já trouxe para a sua chapa um inimigo figadal dos Gomes, o ex-deputado e ex-prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, presidente do PR local, para compor a sua chapa como candidato a vice-governador. E, provavelmente, as coisas poderão piorar para Dilma e para os próprios irmãos Gomes caso Tasso Jereissati, não sendo convidado para ser o vice de Aécio, decida aceitar disputar a Senatória na chapa de Eunício.
Além de tais movimentos, em São Paulo o PSB decide apoiar o governador Geraldo Alkimim e fazer parte da chapa do governador do estado, criando problemas para Eduardo Campos pois o seu palanque ficará dividido parte apoiando Aécio e a outra parte respaldando Campos e Marina.
As peças do xadrez começam a se mexer numa dinâmica pouco esperado para esses dias que se pensava seriam tomados exclusivamente pelas emoções com a Copa. Mas, os movimentos preparatórios para as convenções partidárias, os acordos partidários nos estados, a definição das candidaturas majoritárias nos estados e a definição de equipes de formulação de propostas e agenda para o país, por parte dos candidatos, começam a ser formatadas.
Assim, a semana que, aparentemente, teria sido apagada no que tange a movimentação política, mostrou alguns elementos surpreendentes e dignos de nota. Isto sem contar o que ocorre na sociedade civil, notadamente entre intelectuais e artistas, arregimentando-se em torno dos candidatos e mostrando que o PT já não representa mais aquilo que representou, no seu início, para esses homens e mulheres que sonhavam com uma proposta ética, combatedora da miséria e das desigualdades e pautada por enorme respeito as liberdades civis e as mais puras manifestações da sociedade civil.
Portanto os fatos registrados mostram que a ebulição política continua e o andamento das campanhas prossegue em ritmo maior que o esperado. E, agora é esperar pelas idéias e propostas pois, até agora, só slogans ou repeteco ou chamamentos requentados.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!