FALA SÉRIO…
Em qualquer campanha eleitoral o tempo é de promessas, de dourar a pílula diante de problemas mais graves e de fugir das questões ditas incômodas ou inconvenientes. No momento por que passa o País, todo mundo sabe que, diante dos problemas, impasses e desafios, é fundamental que se procedam ajustes, correção de rumos e que se façam mudanças capazes de impor alterações do “status quo” e que, como consequência, significarão e imporão sacrifícios a todos os brasileiros. Mas com a promessa de que tempos melhores virão!
Ou seja, a desorganização que hoje ocorre “na estrutura, na operação e no funcionamento da economia” impõe, obrigatoriamente, que ocorra um freio de arrumação, capaz de criar as bases para a retomada de uma expansão sustentada e continuada da economia. Assim, é senso comum que 2015 será um ano de duros ajustes ou, em outras palavras, um momento de “apertar o cinto” e, portanto, de grandes sacrifícios que deverão ser distribuídos, se possível, espera-se, indistintamente.
Assim, vai ser difícil para qualquer candidato não se comprometer com ações ditas antipáticas como, por exemplo, promover o realinhamento de preços de energia elétrica, dos combustíveis, das tarifas de água e esgoto, das tarifas de transportes públicos, entre outros, no sentido de voltar a operar no País, sem maquiagens e sem distorções, o sistema de preços relativos. E, cada vez mais será necessário impor-se a prática de não permitir que se faça uso de expedientes como manipular preços administrados, postergar lançamento de despesas, inventar receitas a serem recebidas de estatais, entre outros, como forma de interferir nos níveis de inflação.
Também a mobilização da sociedade fará com que, certas apropriações indébitas, como por exemplo, a atualização dos recursos do FGTS, que hoje ocorre no limite da metade da inflação ocorrida, deverá ser objeto de uma revisão crítica pois, daqui a pouco, ações e mais ações começarão a serem ajuizadas criando esqueletos que, depois, o Tesouro não encontrará meios de pagar. Agora mesmo, a apropriação de valores da poupança, pelo sistema bancário, ocorrida durante os planos Breser e Collor, que deverá ser julgada, brevemente, pelo Supremo, poderá representar uma conta de quase 300 bilhões, a ser paga aos cidadãos, pelo sistema bancário, segundo algumas avaliações.
Uma outra questão que os presidenciáveis não terão como fugir será de uma nova reforma do sistema previdenciário que continua acumulando distorções e déficits crescentes, além de está sendo questionado, por sindicalistas, quanto a manutenção do fator previdenciário. E aí deverão ser revistas aposentadorias do setor público, pagamentos de benefícios sem contrapartida de contribuição, encargos previdenciários questionáveis, entre outros, além, é claro, da revisão do tempo de aposentadoria para homens e mulheres.
Se estas questões são como espinha na garganta dos postulantes à Presidencia, problemas como o uso dos recursos do Tesouro para capitalizar o BNDES, o BB, a Caixa e outros bancos oficiais; a renúncia fiscal a determinados segmentos produtivos que, pelas avaliações recentes, pouco ou nada contribuíram para o crescimento da economia; os problemas gerenciais, criadores de enormes desperdícios na execução de obras públicas federais, serão outros “imbróglios” que não haverá como os candidatos escaparem de intentar responder às dúvidas do eleitorado.
Além de tais questões, a revisão da estrutura tributária nacional, do pacto federativo e de medidas objetivando descentralizar e desburocratizar o País, estarão na agenda dos candidatos, por cobrança da sociedade.
Também uma outra questão, aparentemente menor, mas da maior seriedade, diz respeito a interferência do Executivo Federal nos trabalhos executados por órgãos de estudos e pesquisas, notadamente aqueles que fornecem dados e indicadores básicos sobre a economia e a sociedade do País, como é o caso do IBGE e do IPEA.
Como é notório tais instituições, lamentavelmente, foram levadas ou forçadas a alterar critérios e conceitos no cálculo e na publicação de dados estatísticos básicos, em função de uma inusitada e inaceitável pressão do Planalto que não queria que a população soubesse que informações essenciais sobre emprego e renda haviam sofrido alterações não favoráveis ao discurso do governo.
Por fim, a sociedade deverá cobrar compromissos relacionados a que o Poder Central não interfira nas políticas de empresas como a Petrobrás, a Eletrobrás e outros entes, como sói ocorrer nos dias que correm, com notáveis prejuízos materiais e na credibilidade de tais instituições.
As questões polêmicas terão que, necessariamente, ser enfrentadas pois não dá mais para empurrar os problemas com a barriga ou colocá-los debaixo do tapete. Pode ser até que as expectativas que estão sendo geradas pela população sejam maiores do que as possibilidades efetivas de concretizá-las mas, tais questões estão no índex das urgências nacionais.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!