“NÃO VAMOS DESISTIR DO BRASIL”
A mensagem é forte e densa, notadamente quando ela se insere em dois contextos. No primeiro, de comoção nacional que marcou a despedida ou o “adeus ao homem de olhos verdes”. O segundo, diante do pessimismo, do desânimo e do desencanto que toma conta dos brasileiros, a convocação embutida nessa frase de ordem, se é que assim se poderia chamar, representa um posicionamento que deve mobilizar e motivar, notadamente os jovens, de todos os rincões desse imenso País.
Eduardo foi pranteado, homenageado e recebeu a emoção solidária de um país inteiro e, mais que isto, obrigou um compromisso dos que lhe seguiam a tornarem-se muitos guerreiros a levar adiante os seus sonhos.
Se hoje, nada de excepcional vir a ocorrer, Marina Silva será indicada, pela Coligação liderada pelo PSB, candidata à Presidente e, é bem provável, Beto Albuquerque ou Julio Delgado, devem ser consagrados como o candidato a vice que caberia, por direito, ao PSB, indicar. A probabilidade maior é a indicação de Beto Albuquerque porquanto, uma indicação de um nome de Minas, abre uma disputa com Aécio, que não é oportuna e nem adequada para o momento.
As pesquisas preliminares do DataFolha já apontam Marina com 21% das intenções, Aécio com 20% e Dilma com 36%! Esse resultado preliminar já define, por antecipação, a realização de um segundo turno. E, o resultado mostrado nas pesquisas era o que já se esperava, diante do nível de conhecimento, por parte da população, de Marina, bem como do “recall”, fruto dos 2o milhões de votos conquistados no pleito passado.
A pesquisa ainda não contempla o que pode migrar, em seu favor, de votos dos indecisos, da avaliação precisa de que ela realmente representa em termos de mudança, do sentimento de insatisfação com Dilma e a desaprovação de seu governo, elementos que, insista-se, podem favorecê-la. Mas, o que mais preocupa a petistas é que, num eventual segundo turno, as simulações mostram que Marina conquistaria uma vantagem de sete pontos percentuais sobre Dilma. Ou seja, Marina teria 47% contra 40% de Dilma! Essa era a surpresa que Lula e Dilma não esperavam!
Hoje a Bolsa de Valores já deverá respaldar, com um desempenho positivo, a mudança ansiada e desejada pela população que poderá ocorrer, caso Marina seja a escolhida para conduzir os destinos do País.
Muitos analistas políticos manifestam alguns temores com a intransigência, a quase intolerância, o pouco jogo de cintura e o jeitão de ser de Marina que dificultaria as composições, a negociação de posições e de propostas. Mas, é claro que a Marina de hoje parece ser bem diferente daquela de quatro anos atrás e que, a convivência com Eduardo Campos, parece que lhe ter feito bem.
Ademais, ela hoje compreende o momento do país, as expectativas de uma população em busca de crer em algo e em alguém, e, fundamentalmente, a necessidade de conviver, pelo menos, em uma paz administrada, com os seus aliados. E Marina saberá distinguir fazer concessões em termos de valores, o que ela não faria de jeito nenhum, das naturais acomodações de visões diferentes da forma de enfrentar determinados problemas e questões. Ou seja, valores não se discutem, mas estratégias, visões e políticas, sim! Sabe ela, também, que não pode “jogar no lixo” a comoção, o sentimento, o legado e a memória dos compromissos assumidos por Eduardo Campos. Tanto é que, provavelmente, não deverão ocorrer mexidas nos arranjos que determinaram os palanques regionais e nem ocorrerá substancial mudança no discurso até agora colocado pela dupla.
O que se espera é que Marina tenha saúde, disposição, paciência e que não se sinta uma predestinada e que, por causa disto, venha a não levar em conta as idiossincrasias da condição humana e, sentindo-se iluminada, fique infensa a necessária capacidade de ouvir, de digerir e de assimilar o que for plausível e aceitável, nas visões dos vários segmentos que irão apoiá-la.
A equação proposta na idéia-força do candidato Eduardo Campos, aceita por Marina, estava enfeixada no binômio desenvolvimento e sustentabilidade. Espera-se que Marina não queira alterar tal base para o seu possível governo porquanto, embora as questões ambientais já contem com uma consciência mais arraigada dos brasileiros, certos aspectos da gestão de tais problemas, devem merecer uma visão menos radical e mais ponderada daquela demonstrada pelos chamados “ecoxiitas”. O agronegócio ainda mostra temores da forma como Marina encara questões relativas à demarcação de terras indígenas, de novas APAS ou outras áreas especiais de proteção ambiental, além de outras questões que podem gerar conflitos com o segmento.
Mas, o bom senso, o equilíbrio e a ponderação estarão presentes na avaliação, nos comportamentos e nas atitudes de Marina, agora não mais uma coadjuvante mas sim a protagonista principal do processo que redefinirá os destinos do País.
A circunstancia que se vive é essa, muito especial, em que ela representa o novo, a mudança e, praticamente, o que se restou de esperanças e de sonho que Eduardo Campos legou aos brasileiros.
A equipe que assessorava Eduardo é da melhor qualidade e, numa dimensão outra, saberá lidar com os excessos do xiitismo ambiental que domina “mentes e corações” do entorno de Marina, notadamente os a ela mais achegados.
Uma dúvida que assalta a muitos é, até que ponto o novo quadro complica as possibilidades de Aécio no que respeita as preferencias eleitorais. Num primeiro momento, parece que, pelo resultado da primeira investigação de preferências eleitorais, Aécio nada perdeu de apoio embora, se alguém pensava que haveria migração de votos de Eduardo para ele, isso teria sido precipitação um tanto quanto ingênua. Na verdade, já era esperado que em Marina se tornando a substituta de Eduardo Campos, a tendência natural era que fosse herdeira dos votos dele mas as preferencias pessoais em favor dela.
O discurso agora, de Aécio, pelo que se pode deduzir, é o de que serão dois candidatos diametralmente opostos ao que aí está e as opções petistas de governo. Ou seja, dois candidatos que não buscariam qualquer oportunidade ou circunstancia de se aliar ao poder, caracterizando o sentimento majoritário da população, que desaprova o governo e exige mudanças de posturas, de processos e de atitudes.
Finalmente, a tendência dos dois candidatos é, cada vez mais, se não decidirem, num primeiro momento, buscar abocanhar votos um do outro é, talvez, quem sabe, tentarem a chance de protagonizarem, os dois, um segundo turno. Difícil tal empreitada mas, não impossível, dependendo de como se desdobre a campanha na televisão. E isto poderá se tornar viável já que, com mais de vinte por cento das preferências eleitorais, cada um deles, poderá ter espaço para crescer, na proporção em que nenhum fato novo, notadamente na economia, venha favorecer o governo Dilma.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!