A CRISE É MAIOR DO QUE SE IMAGINAVA!

Depois do debate entre os presidenciáveis promovido pela Band, conclui-se que a crise que toma conta do País é grande e, pela exibição dos participantes, atinge todos os aspectos e quadrantes da vida brasileira. Se na área econômica os problemas mais e mais se avolumam e, não surge uma noticia ou um fato ou uma medida que se poderia anunciar como uma boa nova, na área social os dramáticos problemas, onde as cidades estão se tornando invivíveis — problemas de mobilidade urbana, de saneamento ambiental, de segurança pública, entre outros –, tem uma dimensão maior do que se imagina.

E, a nível institucional, os problemas com um Congresso sem função, sem missão e desacreditado e, um Judiciário que, lamentavelmente, volta a ser aquilo que era quando foi denunciado por Joaquim Barbosa, agrega-se, tristemente, um Executivo Federal, mergulhado em escândalos e mais escândalos, sem rumo e nem prumo, onde a incompetência e a burocratização excessiva são as marcas maiores!

Num ambiente de pasmaceira, quando se imaginava que um sopro de esperança de que alguma coisa pudesse mudar ou pudesse surgir no horizonte, a tragédia já havia levado consigo os sonhos que se estavam construindo. Eles se foram com a morte de Eduardo Campos. Aí, na experiência de um penoso processo de sofrimento e de comoção, ressurge, mesmo que em frangalhos, uma nova esperança e um novo sonho de que haveria chance para a mudança, com Marina Silva.

As pesquisas mostraram esse desejo e essa ânsia da população brasileira. Em todos os recantos, em todas os estratos de renda, em todas as religiões e em todos os níveis de escolaridade, o sentimento que se manifestou foi um só: é preciso mudar, é preciso oxigenar o espaço democrático e é necessário que se crie um ambiente para que novas idéias circulem e novas propostas sejam discutidas.

Aí vem um debate onde, pelo que se viu, embora fosse saudado como um momento de efetiva discussão das questões nacionais, frustrou expectativas pois nada de novo se viu sob o sol. Um desfile de mesmices e de lugares comuns foi o que se presenciou! Os inquisidores — ah! se fossem! — ou perguntadores ou entrevistadores, fizeram perguntas erradas para pessoas erradas. Não foram feitas as perguntas que o povo queria fazer. As perguntas foram convenientes. O que se viu foi um veículo com medo de comprometimentos que pudessem gerar prejuízos ao seu departamento comercial e jornalistas temendo fazer as perguntas que pudessem gerar dividendos negativos para si ou para a Band.

E a frustração com a imprensa foi tamanha que, até quando se procurou discutir as sérias ameaças aprontadas pelo governo contra a liberdade de imprensa — Lei da Mordaça — e contra o controle que se pretende fazer sobre a sociedade relegando o Parlamento a papel secundário, não se viu uma reação indignada contra tais violências mas, apenas, manifestações tímidas e de uma pobreza exuberante.

Os candidatos não falaram o que o povo queria escutar e não ousaram perguntar o que o povo queria saber. A mesmice foi a marca maior. O escândalo da Petrobrás não mereceu sequer a dimensão dada ao aeródromo de Cláudio e pouco se falou sobre o caixa dois da compra do avião que conduzia Eduardo Campos para a sua viagem de despedida da vida.

Foi um debate que nem as provocações, nem as agressões e nem as pseudo-denúncias foram capazes de mudar a fisionomia dos debatedores. Foi algo insípido, inodoro e incolor. Não deu para ter raiva de ninguém.

Ao avaliar a quem serviu o debate, há que se dizer que Aécio Neves, por sua experiência vivencial, se saiu melhor. Marina, evasiva e sem substancia nos seus comentários, soube fugir das provocações e das insinuações que pudessem comprometer seu discurso e suas presumidas idéias. Dilma acabou não sofrendo o massacre que ela imaginava enfrentar pois, sendo governo, toda a sua atitude seria defensiva e explicativa e pouco propositiva.

Os demais debatedores, efetivamente, eram os demais. Nada a agregar, nada a provocar e nada a trazer à baila, representando, apenas, a concessão do veículo para que não fosse questionado por não ter dado oportunidade a quem havia tido, pelo menos, um por cento de preferencia do eleitorado.

Os candidatos que roubaram o sono e a paciência dos telespectadores devem se preparar, se é que isto é possível, para um novo debate, capaz de agregar alguma luz sobre como enfrentar os graves problemas nacionais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *