E AGORA, SEVERINO?

A hora agora não é mais de sonhos e nem de esperanças. O momento é o de encarar a dura realidade do País marcada agora, pelas divisões entre pobres e ricos, entre elite branca versus trabalhadores e filhos do bolsa- família e entre nordestinos, vistos agora como a verdadeira vanguarda do atraso e os brancos, bem nascidos e desenvolvidos filhos do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste! Essa é a nova segmentação da sociedade estabelecida pelos vencedores! É o novo “apartheid” à moda da casa!

A divisão não fica só no meio do povo mas também se estende a artistas, a intelectuais e pseudo-intelectuais, muitos deles marcados menos pela ideologia e pela ética do compromisso e da responsabilidade mas, muito mais, pelo oportunismo e pela esperteza, aproveitando-se das vantagens de ser governo e, no momento necessário e requerido, ser oportuno no prestar vassalagem ao poder.

Nunca se esperava que a radicalização dessa campanha levasse a que os brasileiros que sempre se orgulhavam de sua unidade geográfica e territorial; que, em tão largo e amplo território, bradassem,  aos quatro ventos,  que aqui só se falava um único idioma, mesmo com tanta diversidade cultural; que sempre rechaçaram quaisquer movimentos separatistas e que sempre se moveram e se mobilizaram, de maneira emocionada, pelos seus símbolos nacionais, vêm-se agora diante de algo tão inusitado, é deveras preocupante!

Um país rachado ao meio que, como dizia Carlos Drummond de Andrade “um tempo de partido/tempo de homens partidos” que, só alguém que realmente encarnasse o espírito e o sentimento da conciliação e do entendimento poderia abrir caminhos para ajudar a cicatrizar as feridas profundas que o ódio semeado, a intriga plantada e o terrorismo utilizado para dobrar consciências, fizeram vicejar nesse confronto eleitoral. O país está dividido, cheio de ranços, de ressentimentos e, até mesmo, de ódios!

E, para consertar os estragos, não apenas na economia, como na política e, particularmente no tecido social, vai ser exigido muito engenho e arte além de uma colaboração estreita de um Congresso, hoje muito marcado pelos ressentimentos e pelo pragmatismo irresponsável e oportunístico.E, os governistas, detentores do poder faz doze anos,  continuam a provocar os perdedores sem entender que, sem eles, ninguém consegue governar este País!

Diga-se de passagem que a recente derrota de matéria de interesse de Dilma, na sessão de ontem da Câmara dos Deputados, mostra que muita água ainda vai correr por sob a ponte e, segundo um grande jurista confidenciou a este cenarista, o que vem por ai, em termos de delação premiada, agora por parte de grandes grupos econômicos, poderá gerar um “tsunami” para a Presidente. E isto sem contar com uma Polícia Federal, em crise, por causa de decreto recente do Planalto que alterou critérios de ocupação de cargos comissionados, sem consulta a Instituição! Ao mesmo tempo surgem membros do Ministério Público ansioso para mostrar serviço e fazer coro com ímãs denuncias!!

Para muitos o medo venceu a esperança e o terrorismo destruiu o sonho. Mas, mesmo sendo o conciliador mineiro, de origem, Aecio Neves, em vídeo pelas redes sociais,  usou as expressões de Tancredo — ” não vamos nos dispersar” depois da derrota da Emenda das Diretas, Já —  e de Eduardo Campos — “não vamos desistir do Brasil” , para conclamar os brasileiros a apostar as suas fichas na oposição que ele irá comandar, que se coloca como séria, propositiva e capaz de fiscalizar os atos de governo e de denunciar os desvios de conduta de seus membros.

Os que votaram em Aécio não aceitam a ideia de conciliação e de entendimento. Querem, em primeiro lugar, a punição dos culpados do Petrolão, cujo número é chocante, envolvendo governadores, senadores e deputados federais, além da insinuação do envolvimento do novo tesoureiro do partido — José Vacari Neto — de Dilma e de Lula, segundo o depoimento do doleiro Yousseff!

Querem, ainda que os critérios de preenchimento dos quadros executivos do Governo Federal sejam explicitados para que o povo avalie o que realmente ocorre País afora. Adicionalmente esperam a definição dos dados básicos que embasará o perfil das alterações da política econômica a ser seguida para o enfrentamento de problemas e desafios atuais. Também esperam conhecer, previamente,  o nome dos principais gestores das políticas publicas para que se avalie o nível de confiança que eles inspirarão na sociedade nacional.

É bom lembrar que o Senado vem com uma oposição extremamente azeitada, tendo Aecio, Tasso, Alvaro Dias, Aloisio Nunes Ferreira, José Serra, Jarbas Vasconcelos e, talvez contando com o concurso daqueles que amargaram derrotas sérias,  “virão com sede e com gosto de gás”. E  isto já deve tirar o sono da Presidente que vai ter que engolir a possível eleição de seu figadal adversário Eduardo Cunha como Presidente da Câmara dos Deputados!

E agora, Severino, o que vai ser desse país agora apartado ao meio? O que será dos brasileiros?

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