O QUE FAZER DA VIDA, OS BRASILEIROS?

Passada “a ressaca de todo el sofrido”, como diziam os derrotados das refregas da Guerra Civil Espanhola, é hora de, fria e cartesianamente, intentar recriar a esperança e assumir a liderança da crítica, conseqüente e procedente, por parte dos que não lograram promover  a necessária e saudável alternância do poder. E, para eles e por eles, não adianta “chorar o leite derramado”, pois o que passou, passou e, agora é seguir em frente!

E, é sempre bom lembrar que não há maneira de desfazer os eventos que, por acaso, tenham frustrado tantos e gerado tanta desilusão e desencanto a milhões de brasileiros, a não ser buscando pavimentar novos caminhos de sonhos e de esperança.

Assim, a hora é de reafirmar aquilo que pedia Eduardo Campos, ou seja, “de não desistir do Brasil”  e de não permitir que se dispersem, desesperançados, os esforços e os entusiasmos que mobilizaram tantos!

Se o acaso ou o imponderável; se os erros de estratégia dos opositores do poder; se a chantagem, se o medo e se o terrorismo, impostos pelos vencedores,  foram ingredientes para postergar o início desse novo tempo, é aguardado que os compromissos de políticos, de líderes e de cidadãos, que se sentem responsáveis pelos destinos do País,  não se dissipem e se reafirmem. Com isto então, a mudança já estaria sendo forjada e, consequentemente, também já estaria em processo.

O país está dividido, literal e aritmeticamente, ao meio, mostrando que metade da população não está satisfeita com o estado das artes, ou seja, está insatisfeita como está o país e como são enfrentados os seus problemas e, portanto, está a exigir que se adote muito “engenho e arte” para superar tais traumas e tais problemas!

É bom que se enfatize e que se reforce que as coisas, no País,  nos últimos anos, deterioraram-se, sobremaneira e não  apenas no campo econômico mas nas finanças do estado, nas contas externas, nas relações internacionais e, o mais grave, nas relações dos vários grupos sociais entre si.

Fundamental acrescentar que é  crucial para o funcionamento das instituições e da economia que  os  cidadãos confiem nos  homens públicos, nos marcos regulatórios e, consequentemente, nas instituições. Mas, infelizmente,essa confiança se foi e se esvaiu. E, agora, a pergunta que fica é como reparar erros e danos, como consertar os rasgos do tecido social e como cicatrizar as feridas dos relacionamentos interpessoais? Essas parecem tarefas hercúleas!

E o mais sério é que será tarefa  difícil criar um ambiente onde o discurso da conciliação, da compreensão e do desprendimento possa calar bem fundo nos corações daqueles que não compactuam e, por conseqüência, divergem do poder instalado.

Aqueles que divergem, não  apenas em termos de valores, de princípios e de práticas mas de visão do projeto que se pretende para o Brasil, esperam e lutarão para que ocorra uma mudança de atitude e de comportamento, dos ganhadores,  com vistas a alcançar tal desideratum.

Essa atitude decorre, não apenas pelo que se observou de posições, de incompetências  explícitas  e de desvios de conduta ocorridos  no exercício do poder mas, também, em virtude das agressões, das denúncias, das ameaças ou do uso descarado da máquina governamental, durante o período eleitoral. E isto gerou revolta e deixou sequelas que, agora, a Presidente eleita se oferece e se propõe a superar.

Independentemente da atitude da Presidente, todo esse quadro  terá que ser superado, não por generosidade e doação dos vencedores mas sim, pelo exercício pleno da controvérsia e do contraditório. Depois da redemocratização talvez,  pela primeira vez,  presenciará o Brasil a atuação de uma oposição responsável, competente e consequente, a partir do Senado Federal.

Ē bom lembrar que  no período Lula/Dilma a Oposição foi oportunista, de conveniência e de resultados, aliás de resultados pessoais, grupais e, muito particulares. Claro que, diga-se de passagem, diferente da oposição que fazia Lula e o PT, à época de FHC, oposição que foi marcada pela  inconsequência , pela irresponsabilidade  e sem qualquer compromisso com números e com idéias, as duas posturas, em si, embora se diferenciassem, a diferença não representava,   porem, qualquer  valor é bem para a sociedade.

Agora com um Senado com nomes como Aécio Neves, Aloysio Nunes Ferreira, Tasso Jereissati, Cristóvão Buarque, Jarbas Vasconcelos, Mario Couto, Alvaro Dias, além do chamado  “coro dos ressentidos”, o governo vai ter que encontrar o caminho das reformas, o respeito à imprensa livre e fazer as escolhas certas de nomes e homens para preencher cargos e posições, sem a lógica simples e perversa do aparelhamento do estado, com os seus apaniguados.

Isto porque a Casa Revisora vem marcada por homens com história, com independência e “sem rabo preso” capazes de, efetivamente, ajudar a reescrever um itinerário virtuoso para esse país.

Portanto, os novos tempos se são de “vacas magras” e de duros sacrifícios, pelo menos dão a certeza de que a incompetência , a irresponsabilidade e a leniência com desmandos e mal feitos  praticados, impunemente, até agora, pelo governo, não prosperarão sem que vozes altivas se manifestem e não permitam tais desregramentos.

Assim, para o enfrentamento de uma agenda pesada de problemas e desafios a cobrar sacrifícios enorme dos brasileiros, a nova Oposição, vai mostrar ao Brasil que esta  eleição, ao dividir o país em dois brasis, foi um marco e será um ponto de inflexão da história diante da mudança de paradigmas que será exigida para fazer o Brasil retomar o itinerário de transformação que tanto precisa e de que tanto almejam os brasileiros.

 

 

 

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