HÁ POSSIBILIDADE DE UMA CRISE INSTITUCIONAL?

As atitudes dos governistas, máxime dos petistas, já que os seus aliados não são ouvidos e não participam das decisões estratégicas maiores do poder,  são  de, não apenas subestimar  o peso dos 51 milhões de votos dados a Aécio, mas de não considerar outros dados que estão subjacentes a todo esse processo de mobilização da sociedade, começado que foi,  em junho de 2013!

Fatos e circunstâncias  como o grau de insatisfação explicitado nas urnas e a indignação da maioria da população  com a forma como se processou o pleito, eivado de leviandades, mentiras, propaganda enganosa e desrespeito a números e informações fundamentais à avaliação das propostas dos candidatos, tudo isto gerou um ambiente de tensão e de conflitos,  permanentes.

Pelos nomes da Oposição, máxime os já atuando e os récem-eleitos para o Senado,  os oposicionistas desse novo tempo, diferirão daqueles que, no passado, assumiam  a inaceitável e vergonhosa atitude de uma oposição, fácilmente manipulável e dobrável, a partir da oferta de algumas migalhas de favores e cargos simbólicos.

Agora, dispondo de um líder específico, enfeixando uma história antiga e uma história recente que o credenciam para assumir tal papel, no caso Aécio Neves, aqueles que se credenciaram a fazer Oposição no Congresso, começam a mostrar a opinião pública o que eles consideram o que representou  um verdadeiro “estelionato eleitoral”.

E, diferentemente de um passado recente, não aceitam o chamamento à conciliação e ao entendimento por parte da Presidente, desde que tal aceno não venha lastreado em idéias, propostas  e medidas viáveis e confiáveis, para que não represente mais um engodo de quem acha que tudo é permitido, que tudo pode e que nenhuma satisfação terá que dar a sociedade brasileira.

Aécio e os seus aliados de causa e de compromisso, já acusam Dilma de um verdadeiro  estelionato eleitoral porquanto dizia ela, em campanha, que seria o seu adversário quem iria aumentar juros básicos tirando a comida da mesa do pobre, para fazer a alegria dos banqueiros; quem iria aumentar as tarifas de energia elétrica; quem iria reajustar os preços dos combustíveis e quem iria suspender programas de investimentos do Governo Federal, provocando uma notável recessão no País. E, mas rápido que os brasileiros esperavam, é o governo petista que adota todas as medidas chamadas por eles de direitistas, elitistas e antipáticas, capazes de promover um dos maiores arrochos de todos os tempos.

O Congresso irá votar matérias que, sabidamente, irão aumentar o rombo das contas públicas e isto, certamente, exigirá mais aperto fiscal tendente a comprometer as obras de infra-estrutura, de mobilidade urbana e os projetos estruturantes que, já atrasados, sofrerão atrasos adicionais. Pelo tamanho do rombo, programas sociais poderão vir a ser comprometidos, bem como os  investimentos da Petrobras poderão sofrer redução  de tamanho e de ritmo.

Porém o grande imbróglio estará caracterizado pelos impasses negociais  entre o Congresso e o Executivo e entre o Congresso e o Judiciário, este último subordinado a uma desconfiança generalizada porquanto quase todos os seus membros ou, a maioria deles, teve as suas indicações feitas pelos governos petistas e, as suas posturas recentes, máxime diante do julgamento dos mensaleiros,  levantou suspeições quanto a sua isenção.

Também, os problemas a serem enfrentados por organizações da sociedade civil, da mídia, do empresariado e a insatisfação dos funcionários públicos diante do contínuo aparelhamento do estado, engrossarão o caldo dos conflitos entre poder e sociedade. Aí, a pergunta que fica no ar é se a Presidente terá humildade, habilidade, competência, capacidade de transigir e negociar que até hoje nunca demonstrou?

Se não e, contando com uma companheirada sem visão estratégica, sem estar afeita a princípios e valores democráticos e sem os compromissos arraigados de convivência com os contrários, aí a tendência de enfrentamentos será crescente. Ademais, “last but not last” , se a Comissão da Verdade, as restrições orçamentária à modernização de equipamentos e as ingerências nos problemas da Forças Armadas continuarem a ocorrer, aí são agregados novos ingredientes para fomentar distúrbios institucionais.

E, já agora, o governo petista vai enfrentar algo de enorme complexidade que é a sucessão nas duas Casas do Congresso onde Eduardo Cunha, inimigo figadal de Dilma e do PT, por um lado e, no Senado, Luiz Henrique, serão  pedras no sapato para Dilma manter o seu fiel aliado Renan no comando do Senado e eleger alguém confiável na Presidência da Câmara. A tendência é que a turma nova do Senado, de Oposição, vai, necessariamente, abrir espaços à renovação no Senado.

Que Deus dê lucidez e bom senso aos petistas e aliados e equilíbrio e ponderação aos opositores para que o enfrentamento do atual quadro de crise possa ser superado sem ameaças sérias as instituições democráticas!

 

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