O QUE SE PODE LER DO QUE FAZ E DIZ DILMA?
Está todo mundo confuso, não apenas diante do quadro de crise em que se meteu o Brasil e não se tem idéias claras sobre as alternativas possíveis que o Pais tem, a sua disponibilidade, daqui para frente. Por outro lado, não se consegue fazer uma leitura clara e precisa a partir dos sinais emitidos, por exemplo, pela Presidente, sobre o que pode esperar para a nação. As declarações, as idéias e as propostas e até mesmo ações e caminhos buscados, mostram incoerências, inconsistências e contradições com a história do seu partido e de seus aliados e não conformam uma estratégia capaz de dar a certeza de que, pelo menos são encaminhados os problemas brasileiros.
Essa guinada à direita, por exemplo,nas escolhas ministeriais e na defesa de causas impossíveis de serem respaldadas em passado recente — privatização da Caixa — representam uma demonstração de que ela não se sente segura, amparada e apoiada pelo partido e pelos companheiros e, numa lógica elementar, simplória e pragmática, Dilma deve ter pensado mais em salvar a pele e tentar conseguir fazer um governo que chegue até o final sem correr o risco de um “impeachment”
Isto talvez derive do fato de que as esquerdas, sendo muitas e variadas dentro do PT, além de suas alas, mais diversas do que as das baianas nas escolas carnavalescas, não aceitem qualquer grupo que, originalmente, não lhes pertença ou não faça parte de sua história! E Dilma, diga-se de passagem, é uma espécie de uma “estranha no ninho” para o petismo de origem e o petismo dos movimentos sociais.
Sendo assim não é de se estranhar movimentos do tipo “Volta, Lula”, as atitudes de Gilberto Carvalho e de Martha Suplicy, na contramão do que pensa a Presidente, além das declarações de outros menos votados, militantes do partido ao demonstrar, claramente que, uma coisa era o PT de Lula e outra é o de Dilma. E, por conseguinte, aliados partidários que, até hoje, o PT não os engoliu! As declarações e atitudes do Presidente do PT, Ruy Falcão, são uma manifestação patente da distância entre Dilma e o PT.
Mas, no final, talvez algo se explique em face desse processo de descaracterização do Partido porquanto o PT, nos dias de hoje, não representa nada daquilo que idealizavam e idealizaram aqueles que, por razões ideológicas, imaginavam que o partido viesse a se tornar uma opção objetiva de transformação social e econômica do País.
Hoje, para muitos, o partido não passa de uma massa amorfa, muitas vezes dominada por espertos e por oportunistas e, ainda, por remanescentes do petismo de origem que, em nome de uma história que quase o partido construiu, e, por cima dos destroços do que sobrou, de uma militância frustrada e desencantada e de um sindicalismo que não difere do peleguismo de outras eras, e que busca se agarrar ao imposto sindical, aos favores e as sinecuras das tetas do poder público, e que ainda resiste em deixar o governo, é o retrato da desolação e do desencanto.
Diante desse quadro, com quem pode contar Dilma na sua solidão? Em quem e em que se agarrar? As ideologias se não morreram, não comovem e não sensibilizam ninguém. Sem parceiros, sem aliados confiáveis e sem amigos, Dilma se assemelha ao “General em seu labirinto”, e ao isolacionismo que viveu, os seus últimos dias, Simon Bolívar. Embora sem glórias mais a festejar, sem ânimo e exércitos para lutar, só com fantasmas do passado a perseguir, o Libertador viveu os seus últimos dias! Para os brasileiros fica o medo e o temor da perspectiva de um fim melancólico para a Previdente, isolada e discrente de tudo e de todos.
Pode até parecer para os mais crédulos e otimistas que, para não ficar só, Dilma busca o caminho do legar algo de bom para a sociedade, independentemente do que cobram os companheiros, dos resquícios dos sonhos ideológicos e das exigências de uma coerência com algo a quem ela sente não dever qualquer compromisso ou lealdade. E tal atitude leva a desabafos como um dos mais recentes em que ela disse que não era “representante do PT” ou ao escolher o mais conservador dos economistas para chefiar a sua política econômica ou ainda ao confiar a política agropecuária a mais legítima representante da bancada ruralista, Senadora Katia Abreu e a política de desenvolvimento e de indústria e comércio a um representante dos usineiros e filho de banqueiro, no caso o Senador Armando Monteiro!
Some-se a isso o fato de Dilma haver declarado que medidas amargas virão, que as concessões serão aceleradas e que, até mesmo, a abertura do capital da Caixa poderá ocorrer. Isto sem esquecer que a CIDE e a CPMF poderão voltar para que as contas públicas encontrem o seu ajuste completo, já em 2015!
Se isso não bastasse, na contramão do que o PT e a esquerda pensa, o que foi feito em favor dos mensaleiros não ocorrerá com os petroleiros na proporção em que Dilma afirmou que vai ouvir o Ministério Público antes de escolher os seus ministros. Talvez isto venha isolar, de vez, Lula como o alter ego ou como a sombra do poder.
E, ao fim e ao cabo, em que isto tudo vai dar? Numa desorganização maior do País? Num acordão indecente ou num circunstancias que abram espaço para as reformas institucionais e a garantia de um melhor ambiente econômica e de perspectivas mais promissoras de que um dia as coisas correrão? Será possível sonhar? Como já se disse num dos clássicos do cancioneiro popular: “sonhar não custa nada!”
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!