O QUE DILMA PODE FAZER PARA SE SALVAR?

As manifestações de rua desde domingo, 14 de março, foram uma demonstração patente de que o povo não estå nada satisfeito com o governo, com o PT e com a falta de perspectiva e de esperança! Sem distinção de raça, cor, religião, opção politica, nível de renda e categoria social, o povo, sem liderança a mobiliza-lo e sem meios a financiá-lo foi às praças e logradouros, de forma pacífica e ordeira, mostrar quanto lhe incomoda, lhe desagrada e lhe insatisfaz o momento por que passa a nação brasileira.

E, ficou patente que o alvo das indignações e da quase revolta focou-se em Dilma, em Lula e no PT.

E a situação da Presidente Dilma é das mais complicadas porquanto, sem apoio da base parlamentar, sem respaldo de seu próprio partido, com uma difícil relação com Lula e, para tornar mais azedo o quadro, com dois “inimigos” dirigindo as duas casas do Congresso, a coisa ficou preta. De tal forma que, a questão do Petrolão, que já lhe tira, com certeza,  o sono, alia-se a queda dramática de sua popularidade, para lhe causar angústias e inquietações adicionais. Segundo os últimos dados do “tracking” que faz o Palácio do Planalto, a alternativa de avaliação de bom e ótimo, caiu de 46% logo após a eleição para míseros 7%, agora em março!

Tentar sair desse labirinto não é tarefa simples e os principais auxiliares com que pode contar, são menores do que os cargos e as funções e missões que ocupam e que deveriam cumprir. Na verdade, a busca constante de apoio de Lula, é uma demonstração patente de que os mentores mais próximos da Presidente não tem dado conta do recado.

Segundo Lula, a tarefa mais urgente de Dilma é aproximar-se, humildemente, de Eduardo Cunha, o Presidente da Câmara e, construir as pontes de entendimento, sincero e leal, para que a governabilidade possa ser garantida. Mas tal tarefa parece quase impossível quando são inclusive levantadas suspeitas relacionadas a possíveis interferências do Planalto, através do Ministro Josē Eduardo Cardozo, nas conveniências de “ajustes, adequações e acertos” relacionados à confecção da famosa lista de Janot.

Ademais há coisas e atitudes relativamente simples que Dilma poderia e deveria não mexer, ou como dizem os mineiros, deixar quieto certas questões polêmicas deixando ao Congresso o desgaste pelas medidas a serem tomadas. Cita-se, por exemplo, o caso da idéia de veto aos 6,5% na correção da tabela do imposto de renda, a discussão da Emenda Constitucional da Bengala e, fazer com que fique totalmente à
responsabilidade do Congresso, a aprovação ou adequações ao chamado “pacote de maldades”, de Joaquim Levy.

Por outro lado, caberia a Dilma trabalhar com uma agenda interessante, propositiva e positiva como, por exemplo, a reinauguração de um Programa Nacional de Desburocratização, o estímulo a uma tentativa de arrumar o ICMS — rever, por exemplo, a incidência de uma alíquota maior em benefício dos estados consumidores; redução da excessiva legislação podando os excessos e reduzindo diferenças das normas de estado para estado; rediscutir a chamada, inadequadamente, de guerra fiscal, entre outros pontos — além de acelerar a autorização das concessões para a conclusão do estoque de obras públicas — rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, metrôs, refinarias, obras do PAC e apoio aos  governos estaduais para viabilizarem as ppp’s e a atração de investidores internacionais — de tal forma a tornar o país, um  verdadeiro canteiro de obras.

Se tais ações forem tomadas bem como aquelas propostas saídas do Congresso como as que conduzirem a uma reforma política e as medidas que vierem a fortalecer o pacto federativo e a autonomia municipal, talvez, por aí, Dilma possa se recompor.

O encontro do Ministro LEVY com o PMDB foi a senha de que, mesmo sem está apetrechada com essa nobre virtude que é a humildade, a Presidente Dilma pode começar a por um ponto de inflexão nesse processo quase irreversível de total falta de respaldo político-institucional que ora se apresenta. É sabido que, desse encontro com o PMDB, além de não saírem soluções miraculosas, podem surgir entendimentos conciliatórios capazes de ajudar a viabilizar o ajuste fiscal, como foi o caso da proposta relacionada ao resjuste da tabela do imposto de renda.

Claro que, para acalmar os ânimos do Congresso também virá embutida nas negociações e nas concessões uma fatura bastante alta pois que, no jeito de ser do Deputado Eduardo Cunha, a cobrança de tudo que é devido ao seu bloco de apoio, na forma de demandas individuais, deverá ser pago, até a votação do pacote, sob pena de se inviabilizar a recuperação das finanças públicas nacionais como é o propósito do ajuste de Levy.

Também poderá comprometer toda a tentativa de entendimento entre a base de sustentação parlamentar e o governo a pobre e contestada articulação de Mercadante e companhia, bem como a ação política de próceres governistas que interferiram, segundo se queixam figuras como o Presidente da Câmara. Segundo muitos cidadãos citados e arrolados como passíveis de investigação, são levantadas sérias suspeitas sobre a lista de Janot, considerada como eivada de interesses políticos e da tentativa de desmantelar e desmoralizar o principal partido do País, no caso o PMDB.

Parece que a Presidente parece querer promover uma guinada no esquema de relacionamento político com o Congresso, dando maior proeminência e maior protagonismo para articuladores como Gilberto Kassab, Elizeu Padilha,Aldo Rebello e, talvez, deva ser agregada a atuação do Ministro Jacques Wagner. Se isto vier a ocorrer, com certeza, limitando a ação de Mercadante aos trabalhos de coordenação da área administrativa e dos projetos estratégicos do País, talvez o quadro desanuvie um pouco.

Se o PMDB decidir apoiar o pacote fiscal, conforme Lula insistia com Dilma para uma aproximação com o PMDB de Eduardo Cunha, já que Michel Temer é apenas simbólico e emblemático no processo, então a saia justa ficará por conta do PT, pressionado pejas bases e pelas centrais sindicais pois terá que se explicar com as mesmas por que estaria a aprovar medidas que cortam, na carne, direitos fundamentais dos  próprios trabalhadores.

Pelo andar da carruagem, o PT entra, praticamente, num processo de submissão ao PMDB, de descaracterização da sua história e de um desmantelamento da sua própria estrutura partidária.

Espera-se que isto contribua para ajudar a resolver os graves impasses que ora enfrenta o País!

Se o ambiente não desanuviar com as movimentações de Renan, Eduardo Cunha e alguns petistas onde o bom sendo baixou, então a crise irá se alastrar e isto aqui pode ficar parecido com um paiseco da América Latina e, aī se poderá dizer que “poderia ser pior. Podia ser Venezuela”!

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