É POSSÍVEL TER ALGUMA ESPERANÇA?
Fecha-se a semana com três fatos ou quase fatos que sinalizam no sentido de mostrar que, apesar do quadro tenebroso em que o Pais está mergulhado, surge a perspectiva de que não seria preciso tanto engenho, arte e esforço para começar a se conquistar algo que recrie a esperança.
O êxito inicial alcançado pelo Vice-Presidente Michel Temer nas suas novas atribuições — de articulador político do governo Dilma — notadamente arrancando um compromisso, devidamente documentado, dos líderes políticos no Congresso, de que apoiarão o ajuste fiscal e não aprovarão e nem votarão favoravelmente qualquer matéria que amplie gastos públicos, pelo menos, este ano, já representaria enorme avanço no nebuloso quadro que se instalou nas relações entre o Parlamento e a Presidente Dilma.
Se a tal fato se aliam a aprovação do projeto de terceirização de serviços, aliás, por ampla margem de votos e a possibilidade de privatizar a parte de seguridade da Caixa Economica Federal, representam medidas que acenam, positivamente, para o mercado, alterando-lhe o humor e gerando perspectivas de que as coisas relacionadas a reorganização da economia, deverão andar.
Claro que a Oposição aproveita a deixa para alfinetar e provocar a Presidente afirmando que ela “se rendeu a um interventor econômico, entregou a articulação politica a Temer e é refém de Cunha e Temer”. Espera-se que a Presidente, embora sensível e temperamental como é, não se sinta diminuída pela presença de colaboradores que estão a minimizar e a resolver problemas que os seus atuais assessores e, ela mesma, mostraram-se incompetentes para encaminhá-los e equacioná-los.
Se a coisa começa a dar certo e, parece que está — vide o dólar caindo e a bolsa subindo — o que se espera é que ela venha a apoiar tais iniciativas, prestigiar tais apoios, fortalecendo os seus papéis e, com certeza, a Presidente colherá os resultados mais adiante.
No campo político o que deverá ocorrer, de imediato, será pagar a fatura a ser cobrada pelos correligionários — nomear, de pronto, o segundo escalão! — indicar o novo ministro do Supremo e buscar, habilmente, afastar os petistas mais radicais, da articulação política. E, se porventura quiser ir fundo e melhorar a sua imagem junto a opinião pública, por que não abrir a discussão sobre a redução do número de cargos comissionados e de ministérios, de tal forma que acene para algo simbólico de um lado e, conduza a uma insinuação de que se propõe, de fato, a discutir a redução do tamanho do estado?
No campo econômico, estaria na hora de buscar acelerar as concessões de toda ordem, rever o sistema de exploração do petróleo do pré-sal, estimular PPP’s, facilitar o ingresso e presença de investimentos e empreendedores externos para implantar, modernizar e explorar portos, aeroportos, ferrovias, rodovias, metrôs, refinarinas, produção de energia, linhas de transmissão, entre outros. Adicionalmente, regulamentar a exploração de minerais estratégicos, reduzir os limites e entraves ao agronegócio e gerar estimulos especiais às exportações e as iniciativas de inovação tecnológica, representam passos importantes para que o País de forma firme e sustentável.
Além dessas iniciativas, favorecer o debate relacionada à revisão crítica do modelo de implantação e exploração do saneamento ambiental além de uma visão profundamente crítica dos modelos educacional e de saúde pública pois, pelas distorções apresentadas, merecem ser reavaliados, modificados e ajustados às novas exigencias e circunstâncias do desenvolvimento do País.
Se as coisas andarem nessa toada, faltaria “apenas” e, olhe o tamanho do “apenas”, as chamadas reformas institucionais que, a partir da articulação política ora em construção, bem como os dirigentes da Câmara e do Senado que parecem andar em busca de sua reabilitação conceitual frente a opinião pública e, além do mais, o respaldo de uma mídia engajada nessa busca de atualização das instituições nacionais, então o Brasil poderia reingressar num novo circulo virtuoso.
E, por incrível que pareça, não parece ser tão dificil a conjunção de tais ações e circunstâncias pois que, a reforma política, por exemplo, já conta com algumas propostas já aprovadas ou já quase consensuais, como é o caso das formas de conter a criação de siglas de aluguel, o fim das coligações proporcionais, o financiamento misto de campanhas eleitorais, a extinção da figura do vice e do senador sem voto, o fim da reeleição e, quem sabe, um distrital misto a ser testado já nas próximas eleições municipais!
Por outro lado a reforma fiscal e tributária, embora mais dificeis e complexas, já encontram iniciativas em discussão como a simplificação e talvez unificação da legislação do ICMS, o fim da chamada guerra fiscal e a idéia de cobrança do imposto mais no consumo do que na produção. E, se assim, prosperarem tais debates aí então abrir-se-á a possibilidade de discutir, até mesmo , um novo pacto federativo para o País.
Esse, realmente, é um comentário para um fim de semana que, pelo andar da carruagem, vai ser de amplos protestos contra Dilma, Lula, o PT e tudo aquilo que desagrada os brasileiros. E esta é a motivação do comentário que vem à baila porque é preciso que se diga que basta de tanto pessimismo e, como diz a marchinha, como “sonhar não custa nada” e o povo precisa tanto de um alento e de um fio de esperança, então vai a divagação acima montada!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!