ZONAS DE DESCONFORTO E ÁREAS DE DISPUTAS DE PODER!

O PMDB nunca foi um partido nacional. Sempre foi um conjunto de partidos regionais. O MODEBRA nunca quis assumir o papel de ser o rei mas de ser, apenas, amigo do rei, porém com o privilégio de usufruir das benesses e não ter que  pagar o preço dos desgastes e insucessos, típicos do exercício do poder.

O PMDB só teve um líder nacional, que foi o “Velho do Restelo”: o impagável e inesquecível Ulysses Guimaraes! Ele simbolizava o próprio partido e foi a maior referência da agremiação! Mas, o PMDB, pela sua atitude e comportamento e pela sua própria história, não tem propósito, nem rumo, nem unidade e nem compromisso pois, quando o Velho  dele precisou, numa malfadada disputa presidencial, a agremiação o abandonou às traças!

Esse grande e, por sinal maior partido do Brasil, de há muito, sempre teve seus “donos” nos estados. Eduardo Braga no Amazonas; Jader Barbalho no Pará; Jose Sarney no Maranhão; Eunicio Oliveira no Ceará; os Alves, no Rio Grande do Norte; o José Maranhão, na Paraíba; Jarbas Vasconcelos, em Pernambuco; Renan, nas Alagoas; Sergio Cabral no Rio e por aí vão os chamados detentores das capitanias hereditárias. As tentativas de construir donos nacionais sempre foram frustradas pois nem Ulysses, nem Quércia, nem Montoro conseguiram tornar-se líderes incontestes do partido.

Portanto, tentativas ocorreram de ter donos nacionais mas elas nunca prosperaram. Agora mesmo o partido tem, pelo menos, três presumidos donos nacionais, simbolizados pelo Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o Presidente do Senado, Renan Calheiros e, o Vice-Presidente da República e Presidente licenciado do partido, Michel Temer, que agora assumiu o papel de articulador e principal negociador político do Governo.

Se o PMDB está de peito inflado, se achando cheio de poder, as disputas entre essas três mais expressivas lideranças se assemelha a uma espécie de briga de foice no escuro. Caberia a eles, num exercício de uma efetiva liderança partidária, se assim o quisessem,  assumir o papel de conciliar interesses, mediar divergências, arbitrar conflitos de interesses e repartir o bolo! E, em tese, quem melhor reparte fica com a melhor parte . Ou seja, consagrar-se-ia como líder inquestionável do grupo quem assim procedesse. Mas isso não ocorre e nem irá ocorrer pois é da natureza do partido, como na fábula do sapo e do escorpião.

Embora diga-se que o partido assume uma nítida posição de força e poder, a grande maioria da agremiação não se beneficia das migalhas de poder que quem estar no controle do estado  as distribuem. Vivem mais como figurantes, detentores de um poder simbólico aparentando que são detentores de um poder que não tem.  No momento, para o partido, embora exista esse cabo de guerra entre os três grandes, o partido vive esse ” momento lindo” pois nunca, nem mesmo quando o partido estava no centro das decisões no Governo Sarney,  aparentou dispôr de tanto poder, pelo menos, esse presumido poder potencial que ora aparenta ter.

Por enquanto as áreas de desconforto entre os três grandes do partido, não parecem tão explícitas. Sabe-se que no “dá cá, toma lá”, se Renan perdeu o Ministério do Turismo para o grupo da Câmara, comandado por Eduardo Cunha, vai conseguir alguma compensação para garantir a aprovação do nome do indicado por Dilma, para substituir Joaquim Barbosa, no Supremo, o paranaense Luis Fachin. Se tal se consumar pode até ocorrer que, em compensação, Renan não venha a ser mais incomodado pelo Ministério Público.

Os desconfortos enfrentados pelo PMDB e pelos parlamentares como um todo, ficam agora por conta da demora na ocupação dos cargos de segundo e terceiro escalões, pois que, os demais partidos da base, ainda aguardam o seu quinhão e, mostram sua rebeldia e a sua inquietação diante da argumentação de Dilma de que só nomeará alguém, a partir de agora, que tenha recebido o “nihil obstat” do Ministério Público, da Polícia Federal e, por certo, do Juiz Sergio Moro! E isto só parece estar agradando a Oposição e a Joaquim Levy, pois quanto mais demorar a indicação de tais ocupantes, menor será a gastança e mais caminhará,nos conformes, o ajuste fiscal.

O problema relacionado a tais indefinições políticas é que, mais do que nunca, o Governo Dilma precisa do Congresso, particularmente da Câmara, onde a rebeldia é maior e o controle das bancadas pelos líderes é menor, comparado ao Senado Federal. Ai, ou se instala o “balcão” de negócios e se reza a oração de São Francisco do “é dando que se recebe” ou o tumulto será grande. Michel como bem conhece e entende a Casa sabe que, diante da crise, do ajuste, dos envolvimentos de parlamentares com o Petrolão e outros escândalos, além do fato de que a eleição última deixou todos ou a grande maioria dos eleitos como que “enforcados”, a negociação talvez vá ficando talvez, mais barata, embora tropeços em matérias não muito relevantes vão ocorrer e estão ocorrendo.

Claro que não serão tais apoios serão  “adquiridos” ou “conquistados” não na chamada da “bacia das almas” embora os deputados mostrem-se mais compreensivos, bem como os seus credores e, a demonstrar isto,  até o aumento dos recursos do Fundo Partidario sancionado por Dilma, segundo Michel Temer,  deverá entrar nos cortes do contingenciamento prometido por Levy, para daqui a pouco!

Mas, apesar de todos os atropelos e problemas, como a viagem de Levy ao exterior para se avistar como FMI, com o Banco Mundial e com credores externos  foi bem sucedida e  o balanço da Petrobrás saiu, com o “nihil obstat” da Price And Waterhouse acalmando assim os mercados. E os mesmos, por certo,  recomeçarão a semana mais tranquilos, após o longo feriado que garantiu uma pausa nos confrontos de posições, de propósitos e de conflitos de interesses, além de ter amenizado o quadro sombrio e desanuviado, um pouco, o ambiente. Também a Câmara concluiu a votação do projeto de terceirização, o Senado poderá  aprovar a PEC da Bengala, e o mesmo Senado aprovou o já polêmico Distritão, a ser testado já para as próximas eleições municipais.

Se o quadro geral parece se descomplicar um pouco, para as bandas de Lula e do PT a angústia cresceu diante da ameaça de um desesperado Vaccari, pronto para a delação premiada e de um Marcelo Odebretch, dono da empresa que leva o seu nome, ameaçando que, se a envolverem, ai Lula poderá ir para o inferno junto!

Também, ainda na criação de perspectivas mais otimistas para o País, devem avançar às negociações relacionadas aos acordos de leniência entre as empresas envolvidas no Petrolão e  a CGU, agora com a aprovação do TCU, o que poderá permitir que obras fundamentais sejam retomadas e, dessa forma, não se aprofunde os efeitos perversos do ajuste fiscal. E se a promessa de Levy se cumprir, novas relacionadas a medidas facilitadoras das concessões poderão vir a ser anunciadas. Tomara!

 

 

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