QUAL É A TUA, LULA?
Ninguém está entendendo nada, particularmente no que diz respeito a postura de Lula e, até mesmo da própria Presidente Dilma, notadamente em relação ao processo de ajuste fiscal da economia. Não se sabe se por má fé ou por pura ignorância, líderes e interlocultores do PT, esgotado o cansativo bordão de atribuir tudo o que há de errado e de vícios na gestão da política econômica e de toda a coisa pública nacional, aos governos que antecederam o governo petista, agora voltam-se, os mesmos petistas, contra o próprio governo petista! Durma-se com um barulho desse!
E o propósito parece ser um só que seria o de desestabilizar, desautorizar e desacreditar o Ministro da Fazenda e tentar atribuir todos os males que enfrenta a economia nacional à proposta de ajuste fiscal daquele considerado por eles de “estranho no ninho”.
O que ora ocorre no País — recessão, crescente desorganização das finanças públicas, deterioração das contas externas, descrédito do governo junto a investidores nacionais e internacionais, entre outros males — todos foram problemas gestados e desenvolvidos pelos gravíssimos erros e equívocos cometidos pela implantação de uma desastrada “Nova Matriz Econômica”, concebida por Guido Mantega e respaldada pela Presidente Dilma Rousseff.
Nada do que ora ocorre, das agruras enfrentadas em termos de aceleração do desemprego, de queda da renda real do trabalhador, de inflação crescente, da queda brutal nos investimentos, da descrença nas instituições e do desânimo que toma conta de todos os agentes econômicos, derivam ou foram causados pelo ajuste fiscal que, por sinal, ainda está em votação.
Ao contrário. O rosário de medidas desastrosas, de providências inconsequentes e de abusos à lógica e ao receituário de uma gestão responsável das políticas macro e microeconômicas, produziram, num prazo deveras curto, um conjunto de distorções, de erros, de equívocos que culminaram na crise que ora enfrenta o país.
Aliás o ajuste fiscal proposto, duro e amargo, vem exatamente para tentar estancar essa sangria que mina o potencial de crescimento, amplia o desemprego, destrói, pelo menos em parte, o que se conquistou no passado, em termos sociais, coloca a inflação de volta na pauta de preocupações e planta o pessimismo e a descrença nos homens e nas instituições.
Mas, o mais estranho disto tudo e que gera indignação junto à população, tem sido a atitude do PT e do ícone e líder maior Lula. Está Lula, pasmem, respaldando uma campanha contra o ajuste fiscal e estimulando uma mobilizaçao do “Fora Levy” buscando, tão somente, intentar mostrar ao povo, menos esclarecido e a empresários insatisfeitos,que o PT está ao lado “dos pobres e dos oprimidos” e defensor do social contra as elites brancas, representadas pelo PSDB, por Serra e por Levy!
Ora, o que Lula patrocina é uma verdadeira indignidade e quase um crime de “lesa-pátria” porquanto ele sabe muito bem que não outro receituario, outra alternativa e outro caminho para o substituir o que está sendo posto em prática. A única forma de reestabelecer os fundamentos da economia — lei de responsabilidade fiscal; superávit primário; cambio flutuante e metas de inflação — bem como recriar as bases para a retomada de investimentos e, consequentemente, da volta do crescimento econômico, é o que está sendo feito, sem tirar e nem por. Os próprios empresários dizem que o remédio é, como óleo de rícino, quase como um purgante, difícil de engolir mas que, passado o mal estar, gera a expectativa de que, em breve, os investimentos voltarão.
Portanto é injusto que Lula e a sua “entourage” continuem a agir dessa forma. Mas, nada disso deve surpreender porquanto atitudes consideradas até anti-cívicas perpetradas no passado, condena tais petistas pois foram eles que votaram contra o Plano Real; contra a Constituição Cidadã de Ulysses Guimaraes; contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, entre tantas outras medidas que foram fundamentais para o País.
Assim, o episódio patrocinado por petistas, mostra que a ética de compromisso e a ética da responsabilidade bem como um respeito mínimo a uma cidadania responsável e aos compromissos político-sociais que cabe a qualquer homem público sério, não estão mais presentes na cena política nacional.
Se não bastasse esse discurso hipócrita, oportunista e fruto de uma atitude de aproveitadores e espertos, o fato é que, se ele prosperar, poderá gerar uma situação caótica, qual seja, um possível pedido de demissão de Levy e de toda a equipe econômica e, de cambulhada, a renúncia do Vice-Presidente Michel Temer de continuar nesse denodado esforço de coordenar a difícil e complicada negociação política no Congresso.
Ademais, por obra do Espírito Santo, o Senado não desfigurou o ajuste e, espera-se que Dilma agora faça a sua parte, qual seja, vetar a alteração do fator previdenciário ou o tal do 95/85 e não permitir a manutenção da desoneração da folha de pagamento ou a sua cobrança, na base do faturamento, para 53 segmentos, sem avaliar os seus efeitos benéficos e maléficos.
Espera-se que as lideranças políticas assumam um mínimo de dignidade e respeito para com o País e mostrem um pouco de decência ao não permitir que medidas essenciais para corrigir distorções e erros cometidos num passado não muito distante não sejam boicotados por aqueles que nunca pensaram nas próximas gerações mas apenas nas próximas eleições.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!