CPMF, APOSENTADOS E TIROS NO PÉ!

Os comentários aqui publicados buscam ser cenários possíveis ou previsíveis e nunca o que se denominaria “wishful thinking”, como dizem os americanos. Nenhum juízo de valor aqui se emite mas a tentativa de juntar pedaços da cena brasileira e buscar antever o que pode acontecer nos próximos momentos dessa ópera quase tragi-cômica que experimenta o País.

Alguns indagam por que não se intenta estabelecer um cenário de transformação do Brasil comandado pela própria Dilma pois ela é, segundo remanescentes do petismo, uma presidente inocente, de boa-fé, honesta, capaz , eleita legitimamente e que não sabia de nada dos desvios de conduta de toda a cúpula de hoje e de ontem do PT e de seus auxiliares mais próximos, como ficou demonstrado não apenas pelo Mensalão como pela Operação Lava-Jato.

Na verdade, alguns querem que o cenarista intente imaginar a possibilidade de um Pacto Nacional tipo Pacto de Moncloa, ocorrrido na Espanha de 1977 que reuniu políticos de todos os partidos e tendências, classe empresarial, elites sindicais, movimentos sociais,  ou seja, quase todos os entes representativos da sociedade civil, com um único compromisso e propósito de redefinir, institucional e estruturalmente, os caminhos para construir uma nova Espanha, naqueles momentos de desencontro pós morte de Francisco Franco. Tal pacto garantiu a Espanha, em trinta anos,  passar de 14a. economia do mundo para 8a e, hoje nos calcanhares da Italia para assumir a sua posição.

Portanto, mesmo estando levando o País à bancarrota e a desorganização da economia;  gerando a desagregação social; promovendo um desanimo, uma descrença e um desencanto sobre toda a sociedade; mesmo criando as pré-condições para a perda do “investment grade”; mesmo elevando o desemprego a níveis assustaadores; mesmo sem gerar qualquer perspectiva de que o País sairá do buraco, alguns petistas defendem a manutenção de Dilma no Poder e acreditam, não sei se de bom a ou má fé,  que ela seria capaz de conduzir e orientar um pacto dessa envergadura.

Não obstante o fato de que, talvez, o estresse, as pressões e o cansaço tenham levado Dilma a uma série de situações embaraçosas e aos chamados “tiros no pé”. Os últimos episódios, exceção feitas aquelas situações cômicas como as da mandioca, do convênio com a Alemanh do dentrificio, dos roraimados e outras tantas, são de gerar insatisfações a muitos, como foi o caso da proposta recente de pagar parcelado o 13o. mês dos aposentados e, agora, a proposta de recriação da chamada CPMF.

Tudo isto resultam em dificuldades enormes para que ela conduza o seu pacto que, no caso brasileiro, até poderia ser chamado de Pacto de Murici, terra do Presidente do Senado Renan Calheiros, agora o seu mais importante e forte aliado.  Também porque Renan foi quem apresentou a sua proposta de um conjunto de 29 medidas capazes, segundo ele, de passar o País a limpo. Agora a pergunta que não quer calar é como isto se processaria esse entendimento com o partido da presidente, a maioria “não querendo largar o osso”, no comando dos 23 mil cargos comissionados, de estruturas de poder tão relevantes como as agências reguladoras, os fundos de pensão, de empresas como a Petrobras e dos bancos oficiais além do convencimento de correligionários e aliados para que se engajem em todo o processo de reformulação das estruturas de poder, abrindo mão de suas idéias bolivarianas para a economia e a opção terceiro-mundista nas relações internacionais?

Na verdade, será muito difícil porquanto qualquer reformulação do estado brasileiro, ao ter que ser aprovado por um Congresso com esse número absurdo e inadministrável  de partidos, não tem qualquer chance de ser aprovado. Ademais, tendo ao lado alguns aliados que provocam empresários, os militares e a midia que não está a favor do poder, criam limitações e dificuldades insuperáveis.

Se Dilma e Lula conseguissem desaparelhar o estado com os seus aliados; liberar as agências reguladoras, os fundos de pensão, os bancos oficiais, a petrobras, entre outros órgãos, do controle dos sindicalistas de sua preferência, aí talvez se abrissem perspectivas para uma negociação de um pacto de entendimento e de uma solução de compromisso capaz de enfrentar o “imbroglio” em que vive o País. Será que a Presidente tem essa visão perspectiva, a  competência requerida para tal empreitada? E o desprendimento e a  humildade requeridos para se postar de forma a recuperar a confiança e a credibilidade junto aos demais interlocutores? É difícil antecipar e acreditar em tal atitude mas, esse cenário muito pouco provável , poderia até ser construído e o Pacto de Murici erigido para o bem dos brasileiros.

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