O ACORDÃO ESTÁ ESTABELECIDO. SÓ FALTAM PEQUENOS DETALHES!
Cenários não são notícias nem são informações precisas e objetivas. Cenários representam tentativas de juntar pedaços, de montar quebra cabeças, de estabelecer um quadro possível de se concretizar a partir de indícios e com base na sensibilidade do autor. Portanto, montar cenários é, acima de tudo um exercício especulativo que, também, não representa uma tentativa de adivinhação mas de antecipar uma possível situação passível de acontecer.
É dentro dessa linha de raciocínio que, diante de informações, circunstâncias e conhecimento dos atores e protagonistas, bem como das pressões e dos interesses que os envolvem, que o cenarista desenha e antecipa o possível quadro a se desenrolar nos próximos dias.
Sendo assim, acha o cenarista que um acordão, como já antecipado por ele, está montado. “Bater o martelo” representa apenas uma questão de tempo, de oportunidade e de um momento que se mostre o melhor. Tal “timing” seria motivado pela necessidade de convencer, à sociedade, que era necessário e inadiável estabelecer essa ruptura institucional, indolor, para que o país fosse pacificado, o ajuste fiscal fosse retomado e a chance de abrir perspectivas para o crescimento fosse garantida.
Para tanto, estabelecer um novo momento, recuperar a credibilidade das instituições e do poder público, notadamente frente a agências de risco, a credores internacionais e a empreendedores nacionais, é a preocupação mais urgente. Isto porque é necessário, aos poucos, que sejam abertos horizontes e seja criado um ambiente econômico menos hostil para que se processem a retomada dos investimentos, a atração de empreendedores externos para responder aos desafios de superar as limitações da infra-estrutura e de obras do PAC.
E, o acordão, representa o instrumento necessário e suficiente para que se faça uma transição pacífica e não traumática, sem ser necessário “combinar com os russos”, parafraseando o veho Garrincha. Isto porque, é sentimento geral que o país não aguenta mais continuar sangrando, sem rumo e sem perspectiva.
Assim, ao ver do cenarista, já está tudo acertado! Com o Pacto de Murici, como sói ocorrer dentro da tradição histórica brasileira, os ódios e os ressentimentos acumulados, com esse entendimento, serão esquecidos e, como dizem os neo-republicanos, “a pátria, os seus interesses e os seus propósitos, acima de tudo, estarão preservados”.
E os indícios de que “já está tudo dominado” para que o acordão se concretize, são muitos e bastante visíveis. As declarações de Temer; a quase saída de Levy do Governo; a entrevista do Presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal dizendo que as últimas denúncias não estão suportadas pelas conclusões das investigações da PF e foram determinadas, de forma seletiva, pelo próprio Procurador da Republica. Tudo isto representa, ao lado de alguns outros fatos, a revelação, de que já se processava um entendimento para enfrentar o contencioso que será deixado pelas operações da PF e do Ministério Público, de tal forma que os protagonistas da cena política venham a ser preservados e afastados do escândalo do Petrolão!
Assim, apenas para demonstrar como se encaminha tal processo, o primeiro fato a pontuar é que, dificilmente, serão encontradas as necessárias provas materiais e documentais que garantam respaldo a denúncias contra Lula, Renan, Eduardo Cunha e outros menos votados. Ou seja, só um acórdão desse naipe poderia garantir a retirada de tais figurões da lista de denunciados.
Porém, claro, para disfarçar, o Procurador resolveu denunciar Aluisio Mercadante, Humberto Costa, Senador Anastasia, Pezão e Tião Viana, entre outros, de tal forma que, o que, de fato virá a ocorrer, é que se concluirá, a nível de Supremo, que não estão fundamentadas as denúncias e, consequentemente, o STF não os indiciará e não os considerará réus no processo do Petrolão.
Para que a coisa caminhe no rumo desejado pela “elites brancas”, O TCU será menos severo na avaliação das “pedaladas” de Dilma e o TSE, para não prejudicar o natural herdeiro do espólio, Michel Temer, não rejeitará as contas de campanha de Dilma, apenas recomendando “multa pesada e fazendo severas críticas”.
É também fundamental reconhecer que esse acordão, já vem sendo gestado faz três meses, por lideranças as mais expressivas no campo político, Juridico, empresarial e dos movimentos sociais. Prova disso e, ficou claramente explicitado, foi a apresentação da Agenda Brasil, corporificada nas 29 propostas salvadoras, apresentadas por Renan Calheiros e que, segundo especulam as más línguas, contou com a inestimável colaboração de um tucano de plumagem densa e respeitável, na elaboração do documento.
Parece que alí, naquele episódio, estabeleceu-se a senha para que se deflagrasse o processo de defenestração de Dilma e do PT do poder. A partir daquele momento o que se tem assistido tem sido uma sucessão de opiniões controversas; pronunciamentos confusos da Presidente; de encontros de Michel com o empresarido paulista e com as bancadas no Congresso; o distanciamento do PMDB do poder e os boicotes, chantagens e ciumeiras em cima de Joaquim Levy, não apenas por parte de Lula mas de representantes do próprio Executivo e também de membros do comando do PT.
Portanto, a queda de popularidade da Presidente, atingindo a menos de 7%; o total descontrole do poder sobre a sua base de sustentação parlamentar; as declarações de Temer e o número crescente e constante de más notícias no campo econômico, além do desânimo que se abate sobre agentes econômicos e a população como um todo, são os ingredientes que alimentam as especulações em torno de uma iminente renúncia de Dilma.
Sendo assim, parece que a Presidente vive “o crepúsculo outonal de sua carreira artística” e Lula, espertamente, desde que ele seja poupado de acusações graves e seja garantido que ele não venha a ser denunciado pelo Ministério Público, prefere ser um dos fiadores dessa transição, ao lado de FHC, Michel, Sarney e Renan e, com o apoio de Levandovsky e de Toffoli, para citar apenas alguns nomes da política e da justiça, sem mencionar o apoio já explicitado de Paulo Skaf e do Presidente da FIRJAN.
Assim, o que falta concretizar são arranjos do tipo o que fazer com Sérgio Moro? como aquietar a Policia Federal — que tal aprovar a proposta de reestruturação do órgão que está no Congresso? — como gerar a descompressão na Camara e Senado? Como atender as reivindicações do Ministério Público? entre outros, são alguns pontos que ainda estão sendo costurados pelos que estão a frente de todo o processo do acórdão.
No final, o PT buscará se reconstruir reassumindo a Oposição ao novo governo, falando do golpe sofrido pela companheira Dilma, da perseguição dos seus filiados que deverão perder cargos no poder , ao mesmo tempo o novo poder instalado buscará a retomada de um ajuste fiscal duro e a criação de um ambiente de negociação e entendimento para marcar o “day after” de Dilma e o fim das angústias ora vividas pelo País!
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!