AH! O CONGRESSO! O QUE SE HÁ DE FAZER?


A instituição mais desacreditada do País é, sem a menor dúvida, a chamada “Casa do Povo”. Dali donde a sociedade tudo deveria esperar pois era para ser a mais legítima representação de seus anseios, problemas e sonhos, transfomou-se em uma entidade vista pelo povo como inútil e da qual nada de relevante dever-se-ia esperar.

Para alguns, existe a crença de que, sendo um poder desarmado, transparente e sem que se atribua a alguém, em particular,mas a todo ou ao coletivo dos parlamentares, os erros e equívocos de tudo que ocorre no País, notadamente sobre esse processo contínuo de desorganização e de desestruturação que ora experimenta o País,  o Congresso representaria o “saco de pancadas” ou uma espécie de Geni diante das insatisfações e das frustrações populares.

Para outros, também condescendentes com o Legislativo, a incapacidade de saber “se vender”, faz com que  o Congresso “passe batido” naquilo que de bom faz ou no que tenta fazer, bem como naquilo que impede o Executivo de cometer erros e equívocos tão comuns na sua ação.

Analistas acreditam que o Congresso só melhorará o seu desempenho e a sua credibilidade quando houver uma reforma político-eleitoral que acabe, por exemplo, com o voto obrigatório, com as siglas de aluguel, com a excrescência do chamado voto de legenda, com o suplente de senador e com a figura inútil do cargo de vice dos executivos. Claro que, o financiamento público  de campanha, acompanhado da cláusula de barreira para impedir a proliferação de siglas partidárias e a possível adoção do voto distrital misto, poderão melhorar a legitimidade e a qualidade da representação popular.

Enquanto tal reforma não ocorrer e o controle de gastos eleitorais e o uso da máquina de governo continuar sem freios, limites e sem a seriedade na sua proibição, o espetáculo que continuará sendo assistido será “essa coisa deplorável e vergonhosa” como acaba de ocorrer com a encerrada CPI da Petrobras.

Foi triste e lastimável que tal fato tivesse ocorrido, notadamente agora, quando a população começa a recriar a esperança de que o instrumento mais relevante do processo de exercício da cidadania, ao lado do respeito as liberdades individuais e grupais, que é a justiça, toma fôlego e alento, com a ação de jovens juizes e procuradores — que continuam intentando “passar o País a limpo” e buscam demonstrar que a impunidade, está sendo, pelo menos, contida — que a Câmâra dos Deputados promova essa indignidade e essa farsa.

Na verdade, dizem as más línguas que a Câmara é uma espécie de Casa de Tolerância onde a conveniência, a esperteza e o “querer levar vantagem em tudo” marca o comportamento da maioria de seus membros e os acordos espúrios, perpetrados nos escaninhos dos gabinetes dos líderes, são o reflexo da chamada “habilidade para transigir, compor e negociar” que, negando princípios e valores, apoiam e amparam a licenciosidade e a permissividade que alí se praticam.

O “negociar” chega a tal ponto que, o que mais se houve sobre o comportamento da maioria dos parlamentares é a frase que não quer calar:  “Quanto eu levo nisso?” Agora mesmo estão em curso negociações as mais variadas todas buscando salvar a pele de parlamentares envolvidos ou indiciados em escândalos de toda ordem, particularmente nos do chamado Petrolão. Além das tentativas de isentar de culpas e erros, não apenas o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, no julgamento de denúncia feito por segmentos da Casa ao Conselho de Ética da Câmara além de outros parlamentares menos votados, o projeto envolve também uma barganha de que não se dê curso aos pedidos de “impeachment” contra a Presidente Dilma.

Claro está que nessa toada o acordão passaria também por impedir que fosse adiante as tentativas de apurar responsabilidade de Lula, familiares e amigos, em “escabrosas transações”, isentar de responsabilidade Renan Calheiros e vários parlamentares citados nas delações premiadas que seriam habilmente  “esquecidos”.

No País do Carnaval, do futebol, do humorismo e das bundas generosas e abundantes, a esperteza, o oportunismo, o “jeitinho” e o “me engana que eu gosto”, tomam conta das relações sociais e estabelecem uma nova ética de convivência e de comportamento. As vezes as pessoas ganham algum folego e alento com atitudes como as que tomou Joaquim Barbosa e com as que ora toma o Juiz Sérgio Moro mas, lamentavelmente, logo e logo, tudo volta a ser “como dantes no quartel de Abrantes”.

Parece que as pessoas já mostram, como que, um certo ar de tédio e de cansaço diante de tantas notícias de “mal feitos” perpetrados pelos responsáveis pelas instituições públicas, levando-as a descrença e, a quase certeza de que tudo continuará ocorrendo da mesma maneira e com os mesmos protagonistas. Há uma quase convicção de que nada irá mudar e que, no horizonte que se percebe, nem mesmo um salvador da pátria,  do tipo messiânico, surgirá criando a perspectiva de que as coisas iriam mudar.

E, lamentavelmente, tudo vai ficar aguardando que Deus e o acaso dê um jeito nos problemas brasileiros e ajude a recuperar a esperança de um povo já tão enganado  sofrido.

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