À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS!
Tentar abocanhar apoio, respaldo e fidelidade político-eleitoral através do estímulo à divergência, ao conflito de grupos e, até a uma espécie de luta de classes — “vocês contra nós” ou algo parecido — representa jogo deveras perigoso e pode provocar uma espécie de efeito bumerangue. Ou seja, “o pau que dá em Francisco dá em Chico” e, ás vezes, mais rápido que se imagina.
Quando a televisão mostra depoimentos de Marilena Chaui, de João Pedro Stédile, do Presidente da Cut e, até mesmo de Lula, “acusando a elite branca de não se conformar com as conquistas da classe média baixa”, isto representa uma incitação à violência e ao conflito de grupos e de classes. E, o mais grave é que tais processos, quando se acirram, para contê-los não basta apenas a presença da autoridade coatora. Requer-se muito mais que força e tentativa de dissuação!
O momento experimentado pelo País é dos mais complexos e de difícil equacionamento porquanto existem ingredientes que aumentam a adrenalina de pessoas, individualmente e, de grupos, coletivamente. O divulgar de más notícias sobre o desemprego — atinge-se um índice superior a 8,5% e mais de 1,5 milhão de brasileiros, na maioria jovens, estão desempregados! — sobre o INPM que já alcança níveis que, para os últimos doze meses, supera os dez por cento, se considerado como índice de inflação –o rombo fiscal que já chega a 51,8 bilhões e, se consideradas as pedaladas fiscais a cobrir, ampliar-se-á em mais 40 bilhões! — a dívida brasileira já atinge os 2,7 trilhões e tem que ser rolada a uma taxa SELIC que se mantém em 14,25% — a atitude da Câmara dos Deputados que decidiu gastar 400 milhões na construção de um novo anexo para os parlamentares — que acinte! — e de alguns tribunais de justiça dos estados que estão propondo fazer a renovação da frota de veículos que, pelo que se sabe, tem menos de dois anos de uso! — além de uma expectativa de que as coisas só vão melhorar no terceiro trimestre de 2016, representam elementos que ampliam o desconforto e geram perigosas tensões no povo, como um todo.
Essas notícias, juntamente com o testemunho ocular de assistir tantas lojas fechando, de ver tantos negócios falindo e presenciar tantas dispensas de pais de familia ocorrendo, mesmo quando a população faz duros ajustes e aperta o cinto como nunca, tudo isto amplia as tensões e os desconfortos vividos pelos brasileiros.
Se tal não bastasse, não há mais uma manifestação de rua, não importa se a favor ou contra quem quer que seja ou contra qualquer coisa ou a favor de qualquer coisa, em que os ânimos não se acirrem pois que já andam tão exaltados que os conflitos surgem e, não ficam mais apenas nas agressões verbais mas, na maioria das vezes, os grupos estão indo para o enfrentamento ou para o próprio desforço físico.
Essas atitudes, não apenas as de estimular a luta de classe e o confronto, não se enquadram nem numa dimensão republicana e nem numa postura democrática pois representam atos de efetivo terrorismo e de estímulo ao conflito entre pessoas, entre segmentos da população e entre classes sociais. E, a tendência é, como diz o dito popular, “o que dá em pau dá em Chico dá em Francisco”, é o que ora está se assistindo. Ou seja, Brasil afora, ações de repúdio a autoridades, a políticos, a líderes da sociedade civil e, até mesmo a Lula, não se cingem mais a agressões verbais mas a, até mesmo, provocações que conduzem a uma espécie de confronto físico.
E, as razões estão ligados não apenas às consequências da crise econômica, mas a
sentimentos de frustração da população diante da quebra da confiança depositada nas instituições e nos homens públicos; a perda de conquistas alcançadas ou a perspectiva de perda e, a uma inusitada revolta que se manifesta por um processo de intenso uso de redes sociais permitindo e estimulando a troca de informações, de idéias e de propostas sobre o que fazer diante da atitude das autoridades constituídas.
Grupos organizados orquestram manifestações de desconforto, de quase repúdio e de uma certa intolerância ao identificarem locais de encontros e de concentração onde pontificam ou estão presentes os representantes do poder constituído, aí então o caos se instala e o descontrole emocional passa ser a tônica gerando o clima para o confronto entre as partes. A agressividade chama a atenção de qualquer cidadão mostrando que vive o Brasil uma crise de nervos quase incontrolável.
A pergunta que se faz é, até onde isso vai chegar? Qual o limite da corda? Até quando dá para espichar e forçar? O que fazer quando não se tem instituições acreditadas, lideranças confiáveis e uma proposta de caminho a seguir? É duro não ter perspectivas por mais otimista que o cenarista queira se mostrar.
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!