IMAGINE ALL THE PEOPLE…
Vive o Brasil um momento único! Crendo na máxima dos chineses de que o ideograma para crise é o mesmo que traduz, oportunidade, o momento complicadíssimo que experimenta o “patropi”, talvez gere as bases e talvez estabeleça as circunstâncias para um novo processo de transformação que envolverá e implicará numa revisão de valores, de idéias e de propostas para o País.
E, na base do “wishful thinking”, acredita-se que tais condições, tão adversas, poderão criar as bases para uma ampla, significativa e compreensiva mudança no quadro de referências das instituições e das políticas públicas capazes de apoiar uma verdadeira proposta de construção do novo País que se quer e que se pretende!
Na verdade, não serão apenas as consequências derivadas dessa chamada “operação mãos limpas” que ora, sob o comando de Sergio Moro, está sendo promovida. Pelo que se sente, está a ocorrer uma espécie de resgate da confiança e do respeito a uma justiça que havia perdido quase toda a reverência da sociedade, não apenas pela sua morosidade, pela injustiça que praticava sobre os que podiam menos e pelos frequentes desvios de conduta. Ademais, a falta de credibilidade também derivava do fato que eram frequentes as circunstâncias onde o poder judiciário, aparentemente, se dobrava as vontades do Executivo!
E, para não fugir à regra e as expectativas, o STF “aprontou” algo que, se for procedente e comprovado, será um pá de cal nos sonhos dos brasileiros de ver uma Corte Superior, última instância de respeito ao cidadão e à Constituição, dobrar-se aos ditames de um governo que tenta sobreviver diante da descrença generalizada da população e diante da falta de idéias, de propostas e de capacidade de criar esperança consequente. E, para que, não se sabe pois se para atender ao governo e as suas conveniências, mesmo contra o clamor popular, a decisão última do STF, parece um ato completamente inaceitável e incompreensível.
Mas, o mais relevante é o que ocorre, no comportamento da sociedade, caracterizada por uma atitude que já está aparentando ser menos leniente com a esperteza, com a leviandade, com a impunidade e buscando se indignar com os inúmeros desvios de conduta de homens públicos, de agentes econômicos e da própria elite, de um modo geral. E isto pode conduzir a uma onda de sentimentos de que o crime não compensa, que a impunidade não vai mais prevalecer e, quem agir bem será recompensado pelo respeito, pela admiração e pela exaltação da sociedade!
Será?
O Governo Federal promete o milagre de manter o ajuste fiscal e estimular algumas ações capazes de propiciar um pouco de dinamização da economia, dando a esperança de que o ano que vai começar prometa perspectivas não tão negativas e assustadoras como as do ano que está terminando! Sem a confiança do mercado, sem uma base de sustentação parlamentar confiável, sem uma agenda clara e convincente para o enfrentamento dos problemas e desafios do País, onde encontrar respaldo popular, apoio de midia e credibilidade internacional para tal empreitada? As coisas serão mais complicadas do que se imagina.
Mas antes de acreditar no acaso, no inponderável, nos governos e nas instituições, a maior crença que persiste é exatamente nesse povo que, mesmo revoltado e indignado com os desmandos e inconsequências do governo, ajusta-se à crise energética, à crise no abastecimento e preços dos serviços de água e esgoto, na capacidade de responder à escalada de preços nos supermercado e minimizar o impacto sobre a vida de muitos brasileiros! Merece respeito e admiração esse povo que não precisou de estímulo de governo para assumir a sua responsabilidade e cumprir o seu papel. A criatividade dos brasileiros representa um dos maiores capitais com que conta essa sociedade tupiniquim para superar Osvaldo problemas que as suas elites criaram!
Mesmo que se acredite que o agronegócio seja capaz de ir sustentando a economia para não mergulhar numa debacle maior; mesmo que o setor externo tenha tido um desempenho, neste ano terrível, muito acima do que se imaginava; mesmo que se admita que os minerais estratégicos voltarão a apresentar demanda e preços mais competitivos para alimentar as exportações brasileiras e que, ainda, se consiga agilizar os marcos regulatórios capazes de criar o ambiente económico favorável para a atração de investidores internacionais e nacionais, mesmo assim, ainda faltará muita ação desburocratizadora para facilitar concessões, criar editais atrativos para as obras de infraestrutura física, de mobilidade urbana e as famosas PPP’s, que abririam perspectivas para a retomada dos investimentos.
Adicionalmente, é importante buscar respostas para o que se deve fazer para recuperar uma indústria manufatureira que, após esses anos todos de desestruturação e desmantelamento, não encontra uma proposta de política de governo capaz de reestimular os seus investimentos, promover a sua inovação e a modernização tecnológica e estabelecer um programa de melhoria de sua eficiência e competitividade!
Além de tais dúvidas e inquietações, qual a receita a ser adotada para racionalizar, em um mínimo, a operação da máquina do estado sem se fazer uma reestruturação completa na sua concepção de atuação, sem estabelecer limites de sua intervenção na sociedade civil, sem uma reforma fiscal básica e sem uma redefinição do pacto federativo e da autonomia municipal?
Enfim, o país tem tantos e urgentes problemas e desafios que deverão ser enfrentados, de forma simultânea, para que se conduza um processo capaz de restabelecer os fundamentos da economia; de resgatar parte da confiança, interna e externa; de organizar as finanças públicas; de acalmar os mercados e de começar a reestimular ações, investimentos e empreendimentos que ajudem a melhorar o ar e o ambiente que se respira, atualmente, no País!
É muita coisa? Todos sabem que faltam lideranças proativas e com um mínimo de competência e, talvez um milagre ocorra com a classe política no retorno das férias, onde a voz rouca das ruas leve-a a uma reflexão crítica capaz de fazê-la assumir os necessários compromissos republicanos exigidos pela gravidade da situação do País! Será que o espírito positivo e a generosidade que cerca a passagem do ano conduzirá a uma atitude capaz de ajudar o pessimismo que domina mentes e corações dos brasileiros?
PARA PROVOCAR OS CANDIDATOS!