DE BOAS INTENÇÕES …

Muita gente de boa formação, de relativo conhecimento e de compromisso com o Brasil,  se pergunta se o bom desempenho do setor externo; se a proposta de Dilma de maior transparência na gestão das contas públicas; se as promessas de maior e mais efetiva disciplina fiscal e se as intenções manifestas de melhorar o ambiente para os negócios, são suficientes para que os brasileiros acreditem que a economia voltará a mostrar dinamismo ou, pelo menos, alguns sinais que possam realmente voltar a crescer.

As dúvidas são muitas e tem respaldo em bases efetivas para serem aceitas e entendidas posto que os estragos feitos no e ao País, nos últimos quatro anos, foram enormes. Tanto é que se refletiram no conceito e nas expectativas internacionais haja visto que Brasil e Rússia representam, a nível internacional, as maiores  frustrações em termos do que se esperava de desempenho dos BRIC’s.

É certo que os reajustes dos preços administrados, o efeito nefasto da desvalorização do real frente ao dólar e os descontroles, quase absolutos dos gastos públicos, espera-se que não virão a se repetir nem tampouco os seus impactos sobre a economia como ocorreram em 2015, mesmo assim falta muito para que se criem as condições propícias para que as empresas voltem a investir, os empreendedores externos voltem a acreditar no País e os investimentos públicos e privados voltem a ser a tônica do comportamento dos agentes econômicos.

Para tanto, ainda há uma longa estrada a percorrer com inúmeros desafios a serem enfrentados e superados.

Prioritariamente há que se encontrar instrumentos e meios para enfrentar a grave questão política pois, se isto não ocorrer, sem um adequado equacionamento, muitos dos possíveis propósitos e das acreditadas intenções do Governo Federal, não irão prosperar, mesmo que se consiga um mínimo de respaldo popular para a sua empreitada.

Cortes mais severos nos gastos públicos; reformas da previdência e trabalhista; aumento de receitas, via recriação da CPMF; reimplantação da CIDE e aumento das alíquotas de PIS/COFINS, além da aprovação de marcos regulatórios para o setor mineral e os novos termos dos editais de concessão de serviços em geral e dos serviços industriais de utilidade pública, são problemas quase impossíveis de angariar respaldo e apoio no Congresso.

Principalmente diante de um governo que não cumpriu promessas anteriores — vide o pagamento das emendas parlamentares! — e que não tem “bala na agulha” para aportar o chamado “lubrificante cívico” que convença os nobres deputados da relevância e urgência dos projetos fundamentais para reorganizar o país.

Aliás, a credibilidade de Dilma que é, hoje em dia, a mais baixa da história; a crise em que está mergulhada o seu entorno — Jacques Wagner e companhia, estão bichados! — as relações com Temer e com o PMDB, não são nada boas além da briga com Eduardo Cunha que mais se assemelha a um abraço de afogados, onde ambos saem perdendo, são componentes e ingredientes de uma profunda crise de credibilidade do governo, limitando a sua capacidade de negociação política.

Por outro lado, os efeitos danosos da operação Lava Jato, só fazem se ampliar e as relações do Poder Federal com a mídia, tendem a piorar. Diante desse quadro, caso o governo se dispusesse de bons e humildes negociadores, talvez as coisas, dentro de certos limites, pudessem ser realizadas, coisa que inexiste e dificulta mais e mais as possiblidades de encontrar apoio do Congresso para as duras medidas envolvidas nesse processo.

Claro que, a par de buscar conquistar a confiança do mercado e de seus agentes, o governo tem que ser ágil, hábil e ter uma clara noção de prioridades que a situação estar a cobrar. Além de dar demonstrações patentes de um sério e responsável envolvimento com o reestabelecimento dos fundamentos da economia, é fundamental melhorar o ambiente de negócios.

Uma das primeiras coisas a fazer, é avaliar a saúde financeira das empresas privadas no sentido de buscar o seu reequilíbrio, tão prejudicado que foram pelos desacertos da política econômica nacional, através de linhas de crédito do Banco Central, objetivando o seu saneamento financeiro.

Embora tal ação seja extremamente relevante e urgente, as medidas destinadas a retomar o investimento como, por exemplo, a determinação aos bancos oficiais para que orientem os fundos disponíveis, principalmente aqueles conquistados com o recebimento das chamadas pedaladas fiscais, ocorridas ao final do ano, aos investimentos do setor privado.

Ao mesmo tempo, fundamental será reexaminar todos as aplicações dos fundos de pensão, dos bancos oficiais e de fundos como o FGTS e o FAT, dentro das perspectivas de voltá-los muito mais para investimentos dentro do País e orientados à modernização e ampliação de negócios, notadamente manufatureiros.

Assim, talvez, abram-se perspectivas mais promissoras para que o país saia do labirinto em que se encontra e permita que se recrie esperança consequente no coração dos brasileiros!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *