O DIA D!

Finalmente estão os brasileiros as vésperas de uma definição que poderá representar um ponto de inflexão na história do País. Encerrar-se-à,  possìvelmente, neste Domingo, na história republicana recente, um ciclo de dominio político de um partido, no caso o PT, com as suas características, idiosincrasias e particular forma não só de condução da coisa pública mas de atuação política diferenciada e de um inegável e eficiente uso intenso do marketing como instrumento de comunicação com o público.

O que ocorrerá, possìvelmente, amanhã? Talvez, segundo os estudos, enquetes e avaliações da mídia, a aprovação do impedimento da Presidente, cuja votação iniciar-se-à provavelmente, como previsto, às 15:00 hs. Os prognósticos são das “pesquisas” ou da chamada “boca de urna”, onde ambos os “métodos” estão a indicar que Dilma perderá o enfrentamento pois segundos tais prognósticos, serão mais mais de 360 votos na Câmara e de mais de 46 votos no Senado, favoráveis ao IMPEACHMENT.

Isto porque, como é sabido, segundo o que reza a Constituição serão necessários, para a aprovação do impedimento, 342 votos na Câmara e de 41 votos no Senado!

Alguns analistas mais temerosos, dado o acirramento dos ânimos dos últimos dias, acreditam que venham a ocorrer confrontos violentos tanto dentro do Congresso como na Esplanada dos Ministérios, da mesma forma que acreditam que acontecerão tumultos, confrontos e até desforço físico entre os contendores nos vários estados da Federação. E o conflito é esperado porquanto os grupos pró e contra o impedimento, foram mobilizados para o enfrentamento, não importando qual seja a sua natureza. E o problema se alastra país afora diante do inconformismo dos petistas, há mais de quase 16 anos alojados no Poder e que, mais que de repente, serão defenestrados e, como diz o ditado popular, como não buscaram uma negociação para uma transição pacífica , agora amargam a falta de opções representando a situação do dito popular nordestino que   “nem mel e nem cabaça”!

Por sinal, os petistas não estão avaliando, corretamente, o quadro pois que, se ampliam o inconformismo,buscam reações de confronto e geram situações de conflito, partindo  para agressões aos seus opositores, notadamente em resposta aos possíveis votos contrários à Dilma dos parlamentares, então a coisa degringola, requerendo a intervenção das forças de segurança do País. E, se porventura, como se espera, um novo poder se instale,  o novo poder vai ser cobrado por aqueles que votaram pelo impedimento, manifestações até de retaliação e, no mínimo, para que seja ágil no desaparelhar dos quadros do governo, os sindicalistas petistas ali abrigados.

É possível que os governos estaduais bem como as atualmente tão discretas e até silentes Forças Armadas, estejam devidamente organizadas e mobilizadas para impedir que se instale um momento de violência, buscando, com isto, manter a paz e a ordem. Portanto, nem as ameaças de Lula, da CUT, da CONTAG, do MST e de outras entidades sindicalistas pró-PT levarão a conflagração no País.

Assim, pelo que se percebe, o quadro está desenhado e, para os mais experientes, a voz de boquirrotos ameaçando com o exército de Stédile ou a invasão adicional de terras e até de gabinetes de parlamentares, tudo isto vai se transformando em uma espécie de “Batalha de Itararé” “aquela que foi sem nunca ter sido” ou “aquela que houve sem nunca ter havido”!

Ou seja, passada a refrega, tudo ficará como “dantes no quartel de Abrantes” e, o máximo que se pode tentar antecipar são quem serão os ganhadores e os perdedores de mais esse embate que, até agora, comporta-se com muita tranquilidade e civilidade. O que virá depois, não será nada de ódios e ressentimentos mas, apenas, a busca de repor as coisas no lugar e administrar as medidas destinadas a organizar a gestão e as finanças públicas, criar o ambiente económico mais favorável aos negócios e investimentos  e recriar a confiança no governo e a esperança nas instituições.

O impedimento da Presidente, dada a profunda e gritante incompetência do governo central, com Dilma à frente, representa uma vitória da maioria da população brasileira que amarga graves problemas de desemprego, de corroção de sua renda real, de desconfiança, de descrrença no amanhã e de frustração de haver apostado suas fichas naquilo que na última eleição lhe foi prometido mas que, lamentavelmente não lhe foi entregue.

Ainda como ganhadores, o ambiente econômico em si, os empresários que “não fugiram da raia” e não se mudaram de País em busca de salvação de seus negócios e interesses; os procuradores e juizes que, teimosamente, acreditaram que seria possível passar o país a limpo e contaminaram a sociedade com a sua teimosia e crença em valores nobres; aqueles que também abraçaram a causa do combate, sem trégua, à impunidade; as Forças Armadas, atenta ao processo mas não tentada a interferir no processo político; as oposições que souberam dignificar o seu papel político e o seu compromisso republicano com a sociedade brasileira e, a mídia que, sempre alerta e, de um modo geral, agindo altiva e independente, salvo raras exceções, soube informar, mobilizar e estimular a sociedade no exercício pleno da cidadania.

É fundamental registrar que, apesár de todos os temores e as vezes, certas atitudes claudicantes das instituições, elas se mostraram maduras, respeitando-se e garantindo a sua interdependência e permitindo que o rito democrático do processo fosse cumprido.

Claro que alguns protagonistas podem ser ganhadores de galardão maior por terem marcado a sua participação por uma contribuição mais efetiva e corajosa durante todo esse processo como foi o caso do Juiz Sérgio Moro, o Ministro Gilmar Mendes, Ministro Dias Tóffoli além daqueles que, embora não sendo modelos de ética e de seriedade, contribuiram, decisamente para que o país estivesse vivendo um novo tempo, no caso o ex-deputado Roberto Jefferson e o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Se esses são os possíveis ganhadores, os grandes perdedores são, pela ordem, os processados pela Lava Jato, os empresários que acreditaram nas virtudes da esperteza ao seu, aeticamente, favorecido pelo poder; além de Lula, Dilma e os petistas mais graduados. Isto sem contar o enorme prejuizo para o partido dos trabalhadores que ficou sem passado, sem presente e sem bandeiras para se recriar no futuro. Além desses, os políticos arro0lados na Lava Jato e, possìvelmente, Eduardo Cunha, Renan, Delcidio Amaral, Collor, Senador Lindenberg, Senadora Gleisi Hoffman, entre outros menos votados.

Feito o balanço de perdas e danos, a vida tem que recomeçar a partir de segunda feira quando ou Dilma, diante de um provável resultado desfavorável a Presidente, renuncia e junta as trouxinhas ou fica aguardando o desfecho do julgamento dos senadores. E, ao que parece, o rito será breve como ocorreu no passado no impedimento de Collor.

A própria Suprema Corte, escaldada com as controversas declarações do Ministro Marco Aurélio e do Presidente Lewandosky, tomará as cautelas e as medidas preventivas para não provocar o povo porquanto, embora sem se guiar pelas voz das ruas, dada a exigência de não envolvimento emocional dos juízes, mas, como cidadãos, tem sentimentos, afinidades e respeito ao que pensa a maioria dos brasileiros.

Aí, assim que for votada o afastamentto de Dilma, se assim o Senado decidir, afastada por 180 dias, assumirá o vice Michel Temer que deverá vir com uma agenda mínima e emergencial, além dos nomes que o ajudarão a “tour de force” exigida pelo momento e pelas circunstâncias.

Duas coisas, para a sociedade, ficarão no index das preocupações em esse passar a limpo do País: a continuação do trabalho da Lava Jato e o enfrentamento dos hábitos que hoje dominam a sociedade, a chamada leniência com pequenas contravenções e pecados que hoje fazem o caldo cultura da impunidade.

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