GOVERNAR É UM COMPLEXO EXERCICIO DE TOLERÂNCIA E PACIÊNCIA!

Cada vez se conclui que governar é quase uma tarefa impossível de se realizar, máxime num estado democrático de direito. Diante do que se assiste em termos de exigências, de cobranças e de pressões de toda ordem, principalmente nas complicadas circunstâncias que Temer está a enfrentar, a tarefa de governar se torna extremamente complexa e desafiadora. Isto porque a herança recebida é, como que, quase maldita e, infelizmente, potencializam-se as dificuldades por não se conhecer o tamanho e a dimensão dos problemas e, também porque, na lógica de um país emergente, cobram-se respostas para tudo e respostas prontas ou quase imediatas.

Mas, o que mais gera angústia ao dirigente é o sentimento de que muitos brasileiros, até agora, não entenderam o quadro das enormes dificuldades que se apresentam ao País e não tem demonstrado a paciência necessária para, diante da dramática situação, da desordem e dos desencontros e dos desacertos de toda ordem, mesmo que  falte ao Presidente Interino respaldo popular, representa papel fundamental da sociedade que ele conte com a compreensão e com o apoio da população.

Assim, dentre as cobranças inoportunas e inapropriadas que se faz a Temer, uma delas diz respeito que se esperava que ele escolhesse um ministério composto de notáveis. Ora é bom qualificar o que significa um ministério de notáveis pois que o que a nação precisa, nessa hora, é que os chamados homens tão especiais, demonstrassem a enorme capacidade de gestão requerida, uma habilidade especial para negociar com os parlamentares e com a sociedade civil e que mostrassem competência gerencial e liderança pessoal.

E Temer, sabiamente,  não escolheu um ministério de  chamados notáveis no conceito tradicional porque, para viabilizar politicamente as mudanças que deverão ser realizadas, sob pena de não fazer os ajustes fundamentais requeridos pelo País,  teria que contar com o apoio do Parlamento, sendo imprescindível contemporizar no processo de escolha dos auxiliares. Um contemporizar com limites de tolerância para não inviabilizar o seu projeto de poder e não perder, antecipadamente, a credibilidade requerida.

Uma outra dura crítica que a imprensa exibiu derivou do fato de Temer não haver colocado mulheres, negros e membros da comunidade LGTB, à frente de ministério ou porque “acabou” com o Ministério da Cultura. Essas duas críticas não procedem. As últimas escolhas de mulheres para posições estratégicas — todos os cargos importantes da MEC serão ocupados por mulheres; a presidência do BNDES, por uma notável economista; a Chefia de Gabinete da Presidência da República, entre outros, demonstram que não se estão fazendo escolhas por gênero mas pela competência e a adequação do cidadão ou da cidadã as posições de poder.

Não há porque estabelecer-se um sistema de cotas para os quadros do governo! Quanto à Cultura, ah, a Cultura, não precisa, de fato, de um ministério mas de uma estrutura que funcione e que seja prestigiada pelo poder central,  como ocorreu no governo Collor, onde, apesár da extinção do ministério, o mais importante instrumento de promoção da cultura, foi criado, no caso a Lei Rouanet.

Como atender as exigências e prioridades da grave situação econômica sem que sacrifícios adicionais sejam impostos, nem que, de forma temporária, se permitir que, até mesmo,  ocorra um aumento da carga tributária, imprescindível para equacionar a dívida e os desajustes fiscais? Será deveras difícil!  E, tudo se torna ainda mais complicado para um governante dito interino, com prazo de validade e garantia definidos, quando a própria mídia, numa impiedosa cobrança da atitude do Presidente e dos ministros, bem como numa exigência de que, dediquem os ministros a maior parte do seu tempo a conceder entrevistas explicativas das medidas ou caminhos para o equacionamento dos problemas mais urgentes do País, ainda que ainda tais soluções e alternativas  estejam sendo gestados e concebidas.

Se tal não bastasse, críticas foram feitas a Meirelles e a Alexandre Morais, respectivamente, Ministro da Fazenda e da Justiça,  a quem  estariam sendo feitas restrições às ideias vinculadas relativas a reforma da previdência e a forma de escolha do Procurador da República!

Ninguem parece entender que sem que se altere e se promova o aumento do tempo de contribuição para atender o equacionamento de uma Previdência, hoje quebrada e forçando o Executivo a ter que cobrir os seus rombos crescentes, em breve faltarão meios para bancar as pensões e aposentadorias devidas! Ou seja, todos querem manter os benefícios de pensões e aposentadorias sem que se imponham as medidas necessárias para sanear um sistema quase falido e sem expectativas de sustentabilidade! As pessoas não se dão conta de que não há como resolver a previdência sem alterar a idade mínima de aposentadoria e já!

No caso do “affair” sobre a nomeação do Procurador da República onde houve uma interpretação equivocada ou, pelo menos apressada, de uma declaração do Ministro da Justiça. Tal representou, de uma certa forma,  uma atitude quase impiedosa da mídia para com um governo, no seu início. E, dessa forma, cobram-se respostas prontas para os problemas que não se tem sequer uma dimensão precisa de seus tamanhos e implicações! Por exemplo, qual o valor do déficit orçamentário a ser proposto ao Congresso pois que, pelo que já se levantou, menos de 150 bilhões não serão suficientes para garantir de respaldo orçamentário para bancar as contas do executivo até o final do ano?

Diante disso só cabe ao governo dar respostas brilhantes como foi, por exemplo, a chamada escolha do chamado “deram team” de Meireles para e economia e as duras respostas de José Serra à intromissão indevida dos governos bolivarianos na economia interna do Brasil.

Aos poucos o governo vai respondendo aos desafios e apresentando as suas idéias e propostas, na base de ir “matando um leão por dia”. Ganhar credibilidade interna; recuperar o respeito internacional; melhorar o ambiente econômico; criar oportunidades e espaços para os investimentos tanto de infraestrutura como em oportunidades em campos como a exploração mineral, o agronegócio e a indústria de ponta, representarão as novas conquistas do País.

Nesta semana o Presidente Temer terá um desafio a ser enfrentado que será o de indicar os líderes na Câmara e tentar, sem se desgastar, resolver o imbroglio da falta de comando na Câmara dos Deputados já que, no Senado, a escolha da Líder do Governo não será problema pois qualquer uma das senadoras escolhidas será uma boa opção alcançada. Assim, com paciência, determinação e capacidade de costura de arranjos e entendimentos, Michel Temer saberá montar a estratégia de composição e negociação política do Congresso.

Com isto o Brasil parece que vai criando um novo momento e propiciando um ambiente favorável a melhorar as condições de operação da economia e da sociedade como um todo.

 

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