POR QUE TEMER VAI DAR CERTO?

Diante de inúmeras manifestações contrárias ao governo, notadamente pelos que foram apeados do poder, num esperado movimento de tentativa de recuperar o espaço e prestigio perdidos, o governo interino vai toureando as pressões, as chantagens e as cobranças, muitas vezes inusitadas. Isto sem falar da incompreensão demonstrada por aqueles que acreditam ser possível fazer um omelete sem quebrar ovos.

Ou seja, os que querem desestabilizar o governo pregam a “não a diminuição de direitos e privilégios sociais”; a “não a redução dos gastos em programas sociais”;  um sonoro “não a redefinição do tempo de serviço para a aposentadoria”;  a não aceitação “de qualquer elevação de impostos, mesmo temporária”; a  “não a diminuição dos percentuais de aplicação de recursos em educação e saúde”; além de reagirem, contrariamente, à quaisquer outras restrições que seriam fundamentais à reorganização das desestruturadas finanças  públicas e para a criação de um ambiente de confiança e de credibilidade para os agentes econômicos!

Na verdade o que ocorre é que, Temer por não ter sido eleito, diretamente mas como parte da chapa de Dilma, não dispõe de uma base de apoio popular ampla o que limita o seu ir e vir em termos de mobilização da sociedade civil. Por outro lado, tendo assumido, mesmo que interinamente, no meio de um mandato, tem que se valer da mesma base de sustentação parlamentar de Dilma, essa base cara, complicada e instável. Outrossim, em face da incompreensão de muitos diante da necessidade de ajustes, das correções de rumos, da redefinição de caminhos e opções, a tarefa de Temer se torna mais árdua, mais complicada e mais difícil.

Não obstante todas as dificuldades e a necessidade frequente de estar revendo decisões, buscando atender a exigências inopinadas e negociar cargos, verbas e posições, com a sua volúvel base de sustentação parlamentar,  aliada a uma mídia que não lhe dá trégua, o governo vai seguindo o seu itinerário e vai começando a alcançar os resultados desejados. Ainda são quase simbólicas mas já começam a sugerir que Temer está no caminho certo.

A comunidade internacional já reage muito bem à equipe econômica instalada porquanto a presença de Meirelles, ex-Presidente mundial do Banco de Boston, ex-presidente do Banco Central do governo Lula e, o sempre preferido, do mesmo Lula, para substituir os Ministros de Fazenda do governo Dilma, aliada a altíssima qualidade de seus auxiliares. Aliás, o impacto de tais escolhas, já repercutiu no comportamento da bolsa de valores e do câmbio que, sem interferência do Banco Central, tem sofrido uma redução, operando em patamares hoje considerados quase normais.

É claro que, o comportamento do nível de preços, embora mostre tendência de baixa, algumas vezes sofre flutuações para cima em face de quebra de safra, de problemas climáticos ou de variações de demanda internacional ou ainda de problema na gestão de estoques, ainda não começoou a apontar uma “sharp” tendência de reversão de sua escalada embora já não se fala mais de uma inflação de dois dígitos para esse ano mas, no máximo, de uma 7 a 7,5%!

Cabe agora a quem é responsável pela estratégia de comunicação do governo, voltá-la para o chamado “marketing de gestão”, qual seja, a indicação e o anúncio de várias medidas que gerem impacto, mudem o ambiente econômico e criem expectativas mais favoráveis, indicando que o país está encontrando novo rumo. O último dado de desempenho da indústria manufatureira, com um levíssimo crescimento, além de um desempenho extremamente favorável da balança comercial do País, aliado ao ingresso bem positivo de investimentos externos, são dados a demonstrar que as coisas podem estar melhorando.

Também, a partir de agora, indicações do que será feito em termos de privatizações, de novas licitações para as concessões de infra-estrutura, além da alteração em alguns marcos regulatórios que deverão facilitar o ir e vir dos investidores, representarão medidas que irão “desanuviando” o ambiente e criando expectativas favoráveis de que a economia tende a retomar a sua expansão.

Na proporção em que o Congresso continue a mostrar sensibilidade e compromisso republicano com o processo de recuperação das finanças públicas e dos fundamentos da economia, então é de se esperar que o Governo Temer, mesmo na sua interinidade, já irá mostrar alguns resultados e algumas conquistas que tenderão a ser ampliadas quando da votação definitiva do impeachment de Dilma. Governar é a arte de fazer política e política de resultados, o próprio Temer e o seu núcleo duro. — Geddel, Padilha, Moreira Franco, Jucá e outros sabem como costurar entendimentos, aplacar insatisfações e atender a demanda pois que, como quase 100 mil cargos a substituir dos petistas, a festa é fácil e barata.

Apesar de aguardar com inusitado otimismo, o que realmente pode acontecer com o Brasil e os brasileiros, durante esse governo curto, a bem da verdade, o fim de semana que se encerrou foi, muito menos de regozijo é muito mais de tragédias. Aliás, as duas tragédias de Orlando — a individual, o assassinato de uma jovem cantora em pleno palco e a execução de quase 110 pessoas, com 50 mortos e 54 feridos! — além do aumento da violência no Rio de Janeiro; e as agressões a mulheres, crianças, a transgêneros e a moradores de rua, são as marcas dos últimos dias.

A par disso, para o cenarista, o desastre que envergonhou a todos os brasileiros, no caso da exibição da tal da seleção do Dunga, eliminada na fase de grupos da Copa América, exige uma medida de força, do próprio governo, no sentido de exigir, da CBF, o afastamento de todos os membros da comissão técnica da seleção e, quem sabe, a substituição de Dunga por Tite, tentando salvar, por antecipação, de um vexame, a seleção olímpica e, com isso, mudar o humor dos brasileiros.

Para completar a insatisfação do cenarista com a chamada pátria de chuteiras, por cansaço, desorganização e carência de futebol, tanto o Vasco da Gama perdeu a invencibilidade de 34 jogos como o Ceará Sporting, jogando nada, perdeu para o Luverdense, levando a um traumático fim de semana para quem ama o esporte. Só faltava a brilhante seleção feminina de voleibol do José Roberto Guimarães, ter perdido a última partida para a Sérvia porque, em um outro esporte que já deu enormes alegrias aos brasileiros, no caso a Fórmula 1, faz tempo não sabem os brasileiros o que é subir no pódio!

Vamos esperar que a semana traga bons ventos pois estão os brasileiros precisando de algumas nesgas de esperança e de uma pitada de otimismo para mudar o humor da macacada.

 

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