ADMINISTRAR O FRACASSO É FÁCIL … DIFÍCIL É ADMINISTRAR O SUCESSO!

A bombástica notícia dos ultimos dias foi aquela que Lula se tornou réu em processo movido pelo Ministério Público Federal, acusado de obstrução da justiça. E o mais irônico de tal fato é  que tal decisão não ocorreu pelas mãos e nem por decisão do Juiz Sérgio Moro,  visto pelos petistas e pelo ex-presidente, como desafeto. Mas se fez por um juiz de Brasilia!

Para piorar o quadro de problemas, num verdadeiro tiro no pé, Lula foi  até a ONU e a outros organismos internacionais, denunciar a parcialidade do Juiz Sergio Moro. Tal atitude ao que, parece, gerou indignação, mal estar e quase revolta das associações de magistrados  e dos juizes brasileiros.

Isto porque, pela proposta de recorrer a organismos internacionais como se as instituições democráticas não estivessem operando normal e regularmente, caracterizando o País como se fora uma republiqueta de bananas a buscar a interferência externa na operação  e no funcionamento das instituições brasileiras, isto feriu os brios e os sentimentos da própria justiça brasileira!

E, se para os partidos,  a denúncia contra Lula “balançou as estruturas políticas em Brasilia”,  o que ocorreu de mais irônico foi que ela foi determinada, não pelo juiz  que, segundo os aliados e defensores do ex-presidente, exorbita do seu múnus e politiza as denúncias contra ele, no caso o juiz Sérgio Moro!

Mas, diferente do foco de Lula,  a decisão ocorreu pelas mãos e pela cabeça de um juiz de Brasília que, embora questionado quanto à sua isenção bem como sua especialização, pois ele estaria mais vinculado a crimes de lavagem de dinheiro do que ao crime de obstrução da justiça, acabou sendo o escolhido.

E o azar maior de Lula foi que os processos, pelo critério da justiça,  são distribuídos por sorteio e, não é que o Juiz Ricardo de Brasilia, foi sorteado uma vez e, tendo sido questionada a sua isenção, houve um novo sorteio e,  pasmem, caiu no colo do mesmo juiz Ricardo esse processo de obstrução da justiça o qual tornou réus Lula e mais seis cidadãos!

Diante desse inferno austral em que vive Lula eis que surge, donde menos que se esperava que era de Brasilia, tal inusitada decisão! E, ai, a reação de Lula,  ocorre de maneira singular, subordinada a mesma falta de humildade que tem caracterizado as suas reações. Qual seja, dentro do mesmo princípio de que, ele, Lula,  estaria acima do bem e do mal e, portanto, imune ao julgamento e a avaliação dos aqui cá de baixo. Assim, descobriu, tardiamente, Lula que o Olimpo não é aqui e Zeus agora  deu farta demonstração que não o conhece e nem tem com ele intimidades maiores!

Ou seja! O que dominou o espirito de Lula é que ele, a partir do momento em que o acaso lhe conferiu o poder, agraciado com o manifesto apoio, admiração e aplauso popular, se sentiu um privilegiado habitante do Olimpo, ao lado de Zeus e outros deuses. Alguém há de achar  tal avaliação um exagero mas imagine quem, surgido do onde surgiu, de repente passa a ser a mais representativa figura  do sentimento popular do País, necessariamente faz crescer, além dos limites, a sua auto-estima.

E ai, para sentir que Deus é uma etapa relativamente simples nas vidas dos bens aquinhoados e protegidos, o humilde menino do interior nordestino, transforma-se na aposta da esquerda e do próprio sistema, como alternativa para a transição politico-institucional do País. De repente, Luis Inacio Lula da Silva, nascido no longínquo Caruaru, filho de Dona Lidu, inventado no Sindicato dos Trabalhadores de  São Bernardo do Campo,  sob os olhares complacentes e aprovadores de Golbery do Couto e Silva, estratego e homem forte do governo militar, começa a se transformar na bola da vez do sistema.

Lula ergueu-se como símbolo maior dos trabalhadores, dos sem vez e dos sem voz no Pais. De repente, embora tenha tentado representar  esse contraponto à sociedade elitista de então, Lula começa a representar, não mais uma ameaça ao “status quo”, mas a certeza de que as instituições, amadurecidas como estavam, já que teriam sido capazes de enfrentar, sem desestabilização, o “impeachment” de Collor e, portanto, um governo do PT não provocaria  maiores dissabores e nem geraria crises difíceis de serem digeridas pelo sistema.

A arrogância, a presunção e a prepotência sempre explicaram a “debacle” de muitos lideres políticos.  E, são muitos os exemplos recentes no Brasil, desde Collor, do ex-senador Luiz Estêvão, de José Dirceu, de José Roberto Arruda e, mais recentemente, de Eduardo Cunha. Todos não souberam administrar o êxito e, o próprio ego os consumiu. Não se inclui nesse rol ou nesse grupo, a já quase ex-presidente Dilma Roussef, por não representar  uma efetiva liderança politica, não ter qualquer carisma e, na verdade, não ter sequer seguidores mas, apenas aproveitadores de ocasião e de plantão.

.Quando se ouvia de Lula dizer que ” nunca na história desse pais houve alguém mais sério e respeitador das leis e das instituições como ele ou alguém mais honesto do que ele” aí a coisa começou a se complicar. De repente, ao faltar grandeza para administrar o merecido sucesso que alcançou, o que ocorreu é que ele se perdeu no caminho de volta. Quem o queria fora do poder foi a fundo averiguar o crescimento de seu patrimônio e dos seus e outros pecadilhos que vão muito além da Fiat Elba de Collor.

Agora é tarde e Inês é morta. Sérgio Moro tem três denúncias que podem transformá-lo em réu, de imediato. Mas, não o fará já pois não se pretende assumir no papel de executor da sentença definitiva do fim do caminho para Lula.

Não quer para si o papel de algoz de Lula e permitir que se gere uma comoção popular capaz de transformar Lula de réu em vítima!

Quer contribuir para criar uma nova cultura no País, capaz de fazer valer os valores da ética, da moral e da decência e fazer com que as pessoas humildes voltem a crer que a justiça, tão discriminatória e injusta com os menos aquinhoados, venha a ser mais democrática e que a impunidade não seja a marca maior desse País!

Diante desse quadro o que parece é que o grande sonho de Moro é alimentar o processo de revisão crítica do País, acabando com o mito petista e abrindo caminho para uma reforma política que dê mais representatividade e legitimidade a tudo que se faça para garantir uma nova era política no  País.

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