AS MUDANÇAS NECESSÁRIAS E POSSÍVEIS!

O legado do mensalão e da Operação Lava-Jato ainda não foi bem entendido e nem bem avaliado por aqueles que se dedicam ao exame das transformações da sociedade brasileira. Na verdade, a mudança de paradigmas ético-morais, fazendo com que comece a ser entendido que o “crime não compensa” e a impunidade não mais prosperará como dantes pois que, com tanta gente poderosa indo para a cadeia e tantos políticos perdendo o sono na perspectiva de que algo lhes possa ocorrer, o Brasil começou a viver um novo tempo.

Até mesmo o comportamento da sociedade como todo, começando a rejeitar a prática tão comum das pequenas contravenções ou dos pequenos crimes — com nota ou sem nota; com recibo ou sem recibo; com imposto ou sem imposto, etc — voltando a fazer prevalecer valores que são tão caros para todos os brasileiros, deu um novo alento de que uma nova ordem poderá vir a ser estabelecida!

As Olimpíadas representaram também  um marco inesquecível para todos os brasileiros e parece que deixará um legado de entusiasmo, de ânimo, de otimismo e de crença de que o país agora tem respeito lá fora e os brasileiros superaram o complexo de vira-lata. Mostraram que, quando os brasileiros querem, se faz, se constroi e se consegue operar até a integração institucional para enfrentar a questão da segurança pública do País, como ocorreu nas últimas Olimpíadas. Foi tudo organizado, limpo, disciplinado e capaz de mostrar que os brasileiros podem, quando desafiados e determinados a tanto, ser bons de festa e de trabalho.

É claro que tais eventos não definem um novo estilo de realizar e de fazer as coisas subordinado a uma nova ética de comportamento e de compromissos dos vários grupos sociais para com aqueles valores mais caros da democracia e dos anseios e sonhos dos brasileiros!

Mas dão a esperança de que os erros recentes não se repitam e que os ensinamentos da experiência também recente, embora traumática, tenham servido de lição.

Pela lógica capitalista, embora prevaleça o princípio de que  “quem tem uma cabra, vale uma cabra”, as coisas começam a mudar e essa redução sociológica da chamada lógica da sobrevivência, passa a não ser a razão de ser da vida e da convivência humana, pois que o ser, preservando e fazendo prevalecer valores éticos e morais, superarará essa mesquinha visão do ter a qualquer preço e a qualquer custo.

Na verdade, um novo tempo deverá começar com grandes problemas a enfrentar, com desafios a superar e com dificuldades a vencer relativas a convivência de partidos e de ambições pessoais com princípios e valores não muito éticos. Se houver humildade e habilidade por parte de Temer e dos seus auxiliares, bem como se a classe política entender que a sociedade será implacável com as suas tergiversações e as suas presumidas chantagens, então se pode nutrir esperanças de que a economia vai retomar a sua expansão e a sociedade vai insistir nas suas transformações estruturais.

Portanto, o PMDB que, lamentavelmente,  como sempre, busca colocar a esperteza acima da responsabilidade e da consciência, espera-se que não force ao PSDB e ao DEM que lutaram, de maneira contínua, consistente e enfrentando todas as pressões, a romper a coalização de sustentação do novo governo. Que os referidos partidos não se sintam usados pelo PMDB sob pena de por em risco todo o projeto por que tanto lutaram. A advertência é que não gere o alimento necessário, pela exacerbação de suas divergências, para uma oposição que se propõe impiedosa, sem compromisso com o país e apenas desejosa de vingar-se de haver sido defenestrada do poder.

A hora é de trabalho, com competência, diligência e urgência para que problemas, desafios enormes e questões gravíssimas possam ser enfrentadas e, convincentemente, encontrarem o respaldo e o apoio necessário do Congresso Nacional. É quase certo que o PT, reduzido a barulhentos líderes, porém sem maiores expressões e diante de um Lula acuado, envelhecido, adoentado e desesperado com a posibilidade de aceitação da denúncia da Polícia Federal por parte do Ministério Público Federal, não consiga mobilizar massas, recuperar a sua militância e fazer uma reconquista efetiva de espaço político. Sem o dízimo das centenas de milhares de filiados que estão deixando o poder, o partido não conseguirá passar pelo primeiro grande desafio que serão as eleições municipais.

Os brasileiros esperam que, os que ora estão ora a assumir o poder, não frustre as suas esperanças e não ponha a perder uma conquista tão lutada e tão suada, dentro de um quadro de tremendas dificuldades e agruras.

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